Pesquisadores apontam que calor pode elevar em 32% a mortalidade de pessoas abaixo dos 35 anos

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O aumento das temperaturas globais devido à crise climática está configurando um cenário alarmante: jovens com menos de 35 anos podem se tornar o grupo mais afetado por mortes relacionadas ao calor extremo. Um estudo recente destaca que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem em alta, as mortes nessa faixa etária podem subir 32% até o final do século.

Dados coletados no México, país conhecido por altas temperaturas de “bulbo úmido” — índice que combina calor e umidade —, indicam que, entre 2000 e 2019, 75% das mortes por calor ocorreram entre pessoas com menos de 35 anos. O mesmo levantamento sugere que, enquanto as mortes relacionadas ao frio afetam principalmente indivíduos acima de 50 anos, o agravamento do calor pode inverter essa dinâmica em escala global, incluindo regiões como Europa e Estados Unidos.

Entre os fatores que explicam a vulnerabilidade dos jovens estão questões fisiológicas e ocupacionais. Crianças pequenas, por exemplo, têm dificuldades em regular a temperatura corporal devido à incapacidade de suar de forma eficiente, enquanto trabalhadores do campo e da construção civil ficam expostos a altas temperaturas por longas horas. A população jovem, além de ser numericamente maior em países como o México, muitas vezes enfrenta essas condições sem as devidas proteções.

A situação é agravada pela falta de políticas consistentes para mitigar os riscos. Embora avanços tenham sido registrados nos Estados Unidos, com a criação de normas federais para proteger trabalhadores de calor extremo, especialistas temem retrocessos em políticas climáticas sob novas lideranças governamentais.

Outro ponto preocupante levantado por pesquisadores é a possível subestimação do impacto das mudanças climáticas nos jovens. Estudos anteriores frequentemente destacaram os idosos como o grupo mais vulnerável, desviando recursos e atenção das populações mais jovens, que enfrentam uma combinação de exposição ao calor em atividades cotidianas e falta de aclimatação suficiente em alguns casos.

Propostas para mitigar o impacto incluem medidas como pausas obrigatórias no trabalho em ambientes quentes, reprogramação de eventos esportivos e melhorias no planejamento urbano para reduzir o impacto de ilhas de calor. A pesquisa reforça que a adaptação climática será um fator determinante para a saúde pública nas próximas décadas.

À medida que a crise climática avança, a redistribuição de recursos e esforços para proteger tanto jovens quanto idosos se torna essencial. Este estudo lança luz sobre a necessidade urgente de adotar ações locais e globais que reduzam as emissões e protejam as gerações mais jovens de um futuro onde o calor extremo é cada vez mais mortal.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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