Pesquisadores descobrem inflamação no cérebro causada pelo consumo de glúten

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O glúten, que é encontrado em cereais como trigo, centeio e cevada, constitui um componente dietético muito presente na alimentação da maioria das nações ocidentais. Entretanto, um estudo demonstrou que ele tem efeitos nocivos, podendo gerar obesidade e inflamação no cérebro em uma área conhecida como hipotálamo. 

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O que é o glúten?

O glúten é um componente dietético presente em grãos como trigo, centeio e cevada, e compreende 75% das proteínas totais do trigo comum, chamado cientificamente de Triticum aestivum. Ele é composto por duas proteínas principais: a gliadina e a glutenina.

O glúten faz mal para pessoas não celíacas?

Vários distúrbios estão relacionados ao consumo de glúten, mesmo em pessoas não celíacas, incluindo: doença celíaca, sensibilidade não celíaca ao glúten, dermatite herpetiforme, ataxia ao glúten e alergia ao trigo. Aproximadamente 5% da população global pode ser afetada de forma negativa pelo consumo de glúten.

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Embora esses distúrbios sejam detectados quase exclusivamente em populações de ascendência europeia, a crescente popularidade de alimentos à base de trigo, influenciada por uma economia baseada em monoculturas, tem aumentado os casos de efeitos nocivos associados ao consumo de glúten. Esse cenário se agravou ao longo dos últimos mil anos, com a seleção de variedades com alto teor de glúten

Os cientistas acreditam que os efeitos nocivos do aumento da ingestão de glúten estão associados principalmente ao fato de que ele contém alto teor de prolina e glutamina, proteínas altamente resistentes à digestão que podem se acumular no intestino delgado. Essas proteínas interagem com o sistema imunológico, alteram a composição da microbiota  e aumentam a permeabilidade intestinal.

Efeitos do glúten no cérebro

Em uma pesquisa, cientistas se aprofundaram nos efeitos nocivos do glúten no hipotálamo, uma região do cérebro responsável por funções vitais, como o equilíbrio espacial.

O estudo concentrou-se nas semelhanças entre o glúten e uma típica dieta de estilo ocidental, rica em ácidos graxos saturados de cadeia longa e açúcar. Tais dietas têm sido associadas à insensibilidade central à insulina e a um estado de inflamação sistêmica e central de baixo grau.

A inflamação central tem sido identificada como um fator de risco no desenvolvimento de doenças metabólicas.

Embora haja algumas indicações de possíveis efeitos adversos do glúten em pessoas tolerantes a ele, evidências sólidas que sustentem essa hipótese são escassas.

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Este desafio reside na complexidade de estudar com precisão os efeitos do glúten na saúde metabólica em seres humanos, pois o efeito nocebo pode comprometer estudos duplo-cego controlados por placebo. A diferença de textura entre produtos com e sem glúten também torna fácil para os participantes identificarem qual grupo estão, potencialmente influenciando seus resultados.

Por conta dessas complexidades, os pesquisadores decidiram conduzir seu estudo em camundongos. Este enfoque permitiu uma análise imparcial, uma vez que os camundongos não possuem preconceitos em relação aos efeitos do glúten, como algumas pessoas no estudo humano poderiam ter.

O estudo concentrou-se em camundongos machos, que compartilham com os humanos a capacidade de discriminação alimentar. A questão-chave era se uma dieta padrão com baixo teor de gordura, enriquecida com 4,5% de glúten, ou uma dieta rica em gordura, enriquecida com a mesma quantidade de glúten (equivalente ao consumo médio diário humano), afetaria o peso corporal, marcadores metabólicos e inflamação sistêmica e central dos camundongos em comparação com aqueles alimentados com a dieta com baixo teor de gordura, naturalmente livre de glúten.

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Os resultados revelaram que o glúten, quando adicionado à dieta rica em gordura, levou a um aumento no peso corporal, embora não tenha afetado a ingestão de calorias ou o gasto de energia, nem quando adicionado à dieta com baixo teor de gordura. A proteína C-reativa, um marcador de inflamação no plasma sanguíneo, aumentou significativamente em camundongos alimentados com a dieta com baixo teor de gordura enriquecida com glúten.

De forma notável, a adição de glúten tanto à dieta com baixo teor de gordura quanto à dieta rica em gordura resultou em um aumento acentuado nos marcadores de inflamação do cérebro.

Essas descobertas fornecem informações valiosas sobre como o glúten pode afetar a saúde metabólica e destacam a importância de pesquisas adicionais para entender completamente os efeitos do glúten no corpo humano.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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