Um grupo de pesquisadores da University of California, em Davis, nos Estados Unidos, desenvolveu técnicas para obter oligossacarídeos (grupo da família dos carboidratos) semelhantes aos do leite materno a partir do soro de leite permeado – produto obtido por meio da remoção parcial da proteína do soro de leite – para acrescentá-los a suplementos alimentares, buscando restaurar o equilíbrio microbiano no trato digestivo de pessoas com sistemas imunológicos comprometidos. Pacientes com HIV ou submetidos à quimioterapia deverão ter aumento de imunidade. Idosos e bebês que não puderam receber o leite materno também devem se beneficiar.
O leite materno humano é muito importante para a saúde dos bebês, pois ele possui propriedades anti-infecciosas que protegem as crianças desde os primeiros dias de vida. Favorece a saúde intestinal, encurta o período da doença quando ela ocorre e diminui o risco de desidratação, sustentando assim a imunidade.
Segundo a pesquisadora líder do grupo, a descoberta desses oligossacarídeos no soro de leite permeado abre novas possibilidades de aplicação dessas moléculas, que são bem próximas das características estruturais e funcionais dos oligossacarídeos do leite humano, com o intuito de diminuir os desequilíbrios microbianos no intestino de crianças e adultos.
São 200 milhões de toneladas de soro de leite produzidos por ano no mundo todo, sendo três milhões no Brasil. A partir de 100 litros de leite, obtemos dez quilos de queijo e 90 litros de soro de leite, que é formado a partir do processo de fabricação do queijo, e deste é possível obter o soro de leite permeado. O problema é o descarte tanto do soro de leite quanto do permeado, pois são substâncias poluentes que não podem ser liberadas na água e em sistemas de esgoto.
A partir desses resíduos da indústria de laticínios, produtos conhecidos popularmente como whey protein são comercializados e obtidos por meio da recuperação das proteínas por processos de ultrafiltração concentrados ou por proteínas de soro de leite isoladas.
Além disso, os pesquisadores da universidade estão trabalhando em outros estudos, como em formas de fazer com que que as indústrias consigam extrair grandes quantidades de oligossacarídeos do soro de leite permeado. Também são realizados estudos in vitro e em modelos animais e humanos para avaliar os efeitos prebiótico e de imunomodulação da molécula. Por fim, testa-se como as bactérias do intestino absorvem o carboidrato.
Os resultados do estudo podem ajudar no desenvolvimento de substâncias que melhoram a imunidade de crianças não alimentadas com leite materno.
Fonte: Agência Fapesp
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