Relatório publicado pela Rede de Ação de Pesticidas do Reino Unido indica que comércio com o Brasil pode financiar a indústrias de pesticidas proibidos na Grã Bretanha. Desde a aprovação do projeto de lei que flexibiliza o uso de agrotóxicos, conhecido como “pacote de veneno”, a exportação e o uso dessas substâncias podem ser facilitados em solo nacional.
Mesmo antes da aprovação da PL 6.299/2002, a indústria agrícola brasileira já era autorizada a usar o dobro de pesticidas que são autorizados pelo governo britânico. Com o conjunto de fatores relacionados às exportações do Reino Unido e à aprovação da PL, o dano causado por essas substâncias químicas pode ser abismal.
De acordo com o Greenpeace, o Reino Unido é responsável pela exportação de sete agroquímicos proibidos pela regulamentação britânica. Entre elas estão substâncias como o herbicida Paraquat (que foi proibido aqui no Brasil em 2017, mas tem risco de ser liberado novamente), inseticidas com imidacloprido, um neonicotinoide que foi proibido por conta de seus efeitos prejudiciais nas abelhas, e o fungicida Propiconazol, que é prejudicial para bebês ainda dentro no útero.
Só o Paraquat já foi a causa da morte de milhares de pessoas ao redor do mundo por envenenamento agudo.
O efeito dos neonicotinoides, por exemplo, afeta muito mais que a saúde humana. Os neonicotinoides são os inseticidas sistêmicos mais utilizados em plantações ao redor do mundo, geralmente aplicados como uma cobertura para as sementes. Seus efeitos adversos já foram comprovados na vida e fertilidade de diversos insetos polinizadores.
Enquanto o Reino Unido já oferece leis contra a importação de alimentos gerados a partir do desmatamento da Amazônia, a regulamentação não diz nada sobre o uso de agrotóxicos.
Porém, uma declaração do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido indica que a exportação e importação de produtos derivados do uso de agrotóxicos é regulamentada de acordo com os seus impactos no meio ambiente e na saúde humana e animal.
O ciclo de uso de agrotóxicos, pesticidas e outras substâncias químicas afeta diretamente o meio ambiente, impactando a vida dos insetos e, consequentemente, a própria produtividade das plantações.
A facilitação de seu uso beneficia apenas a indústria agrícola, prometendo resultados rápidos e impulsionando o cultivo de alimentos. Porém, o seu resultado na saúde humana é catastrófico, podendo causar intoxicações agudas ou crônicas em trabalhadores rurais, que podem resultar na morte de milhares de pessoas.
A possível troca com a Grã Bretanha pode incentivar ainda mais o uso de agrotóxicos na indústria brasileira. Em conjunto com a flexibilização oferecida pela PL 6.299/2002, esse incentivo pode ser responsável pela degradação do ecossistema brasileiro.
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