Pesquisa desvendando a neurotoxicidade dos PFAS aponta caminhos para soluções seguras
Substâncias alquílicas perfluoradas e polifluoradas, conhecidas como PFAS, destacam-se pela resistência ambiental e pela capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, acumulando-se no cérebro humano. Pesquisadores identificaram 11 genes diretamente afetados por esses compostos químicos, uma descoberta que ilumina os mecanismos de sua neurotoxicidade e abre caminho para futuros marcadores de monitoramento.
Esses “químicos eternos” persistem no solo, na água e até no corpo humano, apresentando riscos sérios para a saúde. Entre os compostos testados, o ácido perfluorooctanoico (PFOA), anteriormente utilizado em panelas antiaderentes, mostrou-se o mais impactante, alterando a expressão de quase 600 genes relacionados à função neural e ao crescimento sináptico. A pesquisa demonstrou que, apesar das características químicas compartilhadas entre os PFAS, suas estruturas moleculares distintas geram efeitos biológicos diversos.
As alterações na expressão genética observadas incluem a redução do gene essencial para a sobrevivência neuronal e o aumento de outro associado à morte celular. Essas mudanças revelam um padrão que pode servir como referência para avaliar os danos causados pela exposição a esses compostos. Além disso, foram identificados mais de 700 genes cujas expressões variam conforme o tipo de PFAS, reforçando a necessidade de uma análise individualizada de cada composto.
Os impactos se estendem para além do cérebro. Vias biológicas cruciais, como as relacionadas ao estresse oxidativo e ao metabolismo de aminoácidos, também sofrem alterações, comprometendo funções essenciais do organismo. Essa variabilidade levanta a urgência de diferenciar os PFAS mais prejudiciais e buscar substitutos menos danosos.
Embora a ciência avance, a substituição completa dos PFAS ainda é um desafio. Usados amplamente em aplicações industriais e no cotidiano, como em embalagens alimentares e no combate a incêndios, esses compostos ainda não possuem alternativas completamente seguras e eficazes. Estudos como este são fundamentais para compreender melhor os efeitos e priorizar a eliminação dos compostos mais nocivos.
O futuro da pesquisa deve focar em alternativas viáveis e no desenvolvimento de substitutos que minimizem os riscos à saúde e ao meio ambiente. Enquanto isso, a identificação dos genes afetados pelos PFAS marca um passo decisivo na busca por soluções que equilibrem segurança, eficácia e sustentabilidade.