Piaçava é uma fibra natural extraída de algumas espécies de palmeiras. Ela é usada na fabricação de artesanato, vassouras, entre outros produtos e fortalece o comércio local em alguns lugares no Brasil.
Seu uso começou com os indígenas, sendo citado na carta de Pero Vaz de Caminha que descreve casas cobertas de palha, que provavelmente era piaçava. A piaçava segue sendo utilizada em alguns lugares, mas a Bahia é o local principal, sendo responsável por 95% do total da produção nacional das fibras.
Tendo em vista que as fibras naturais têm ganhado cada vez mais notoriedade por serem biodegradáveis e mostrarem-se matérias-primas mais sustentáveis, estudiosos chamam atenção para a piaçava que poderia ser mais utilizada no Brasil e trazer benefícios do ponto de vista ecológico e econômico.
No Brasil, o nome piaçava é mais comumente associado às fibras da palmeira Leopoldinia piassaba, no entanto, também pode se referir a outras palmeiras existentes no país: Attalea funifera, Attalea x voksii, Leopoldinia major, Aphandra natalia e Barcella odora.
Em outros lugares, como no oeste africano, a piaçava é obtida a partir de espécies Raphias. Em Madagascar, há a originária palmeira Dypsis fibrosa, que também permite a coleta de fibras naturais.
A piaçava pode ter nomes diferentes de acordo com a idade. Até os três anos, ela é chamada de Patioba. Dos três aos 12, quando começa a produzir fibras e frutos, é chamada de bananeira. Dos 12 aos 15, é chamada de coqueiro jovem e, a partir dos 15, coqueiro velho.
As fibras de piaçava originam-se da base das folhas da palmeira e são coletadas manualmente. Nesse processo, elas são desembaraçadas, arrumadas, cortadas e depois amarradas juntas.
As fibras são utilizadas na produção de artesanatos, vassouras duras, escovas, cordas e cabos. As fibras são biodegradáveis, o que torna todos esses materiais mais sustentáveis. Além disso, há outros pontos positivos no uso da piaçava, os cabos originados das fibras, por exemplo, são resistentes à água salgada e podem ser bons para propósitos marinhos.
A piaçava é uma espécie nativa do litoral da Bahia e também está relacionada ao bioma Mata Atlântica, tendo alto valor ecológico para esses ecossistemas. Devido às suas folhas e sua posição vertical, as espécies de piaçava protegem, alimentam e hospedam diversos animais, tais como artrópodes, roedores, aves e répteis. Suas copas absorvem radiação solar e impedem que o solo e o ar se aqueçam muito.
São nessas palmeiras que alguns pássaros, como o bem-te-vi, papa-capim e canário-da-terra, fazem seus ninhos. E mesmo depois de mortas, as piaçavas podem abrigar uma série de seres vivos, como os insetos e os répteis. As palmeiras de piaçava também estão ligadas a espécies de plantas epífitas, como samambaias e orquídeas.
Os frutos da piaçava possuem uma camada interna com alto poder calorífico e podem servir como matéria-prima para carvão. Se fossem utilizados para o funcionamento de caldeiras de usinas, por exemplo, poderiam diminuir a pressão sobre madeiras nativas utilizadas para o carvão vegetal e, consequentemente, reduzir a degradação ambiental.
A piaçava é adaptada a se desenvolver facilmente tanto em solos com baixa fertilidade quanto em solos alagáveis. Elas poderiam ser plantadas, por exemplo, em solos brasileiros que são impróprios para a plantação de outras espécies e para a agricultura, permitindo que muitos pequenos produtores tenham alternativa de fonte de renda.
Plantações de palmeiras de piaçava poderiam ajudar a diminuir significativamente a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera e, dessa forma, ajudar na mitigação das mudanças climáticas. Enquanto a planta cresce, ela demanda bastante CO2 – vale considerar que cada hectare de floresta é capaz de absorver cerca de 150 toneladas de carbono.
Além de todos esses fatores, a piaçava é bastante importante por ser utilizada para a produção e comercialização de artesanatos, vassouras e outros produtos. Ela fortalece o comércio local à medida que gera renda aos produtores, sem a necessidade de destruição da vegetação natural.
Em resumo, explorar o uso da piaçava e aderir aos produtos que utilizam suas fibras podem ajudar tanto o meio ambiente quanto a sociedade, além de colaborar para que o comércio enfrente a concorrência de produtos feitos com fibras sintéticas.
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