Somente no Brasil, todos os anos, mais de 80 milhões de pintinhos machos são arremessados violentamente, eletrocutados ou triturados vivos por máquinas pouco tempo após seu nascimento
De acordo com investigação realizada em 2021 pela ONG Animal Equality, somente no Brasil, todos os anos, mais de 80 milhões de pintinhos machos são arremessados violentamente, eletrocutados ou triturados vivos por máquinas pouco tempo após seu nascimento. Infelizmente, essa prática ocorre na indústria avícola de vários países, que pratica, todos os dias, a prensagem de bilhões de pintinhos vivos sem valor comercial para a produção de ovos.
Além de não botarem ovos, eles são geralmente considerados inadequados para o uso como carne de frango, pois crescem mais lentamente do que as fêmeas da mesma espécie. Portanto, a indústria de ovos utiliza métodos como o “sexagem” para identificar e separar os pintinhos machos dos pintinhos fêmeas.
Embora algumas empresas estejam trabalhando em alternativas para evitar esse tipo de prática, infelizmente, a morte de pintinhos machos é uma prática muito comum na indústria avícola atualmente.
Para Stutterheim, um empresário holandês, salvar pintinhos machos é uma meta desde 2011. Ele e Wouter Bruins, um colega estudante de biomedicina da Universidade de Leiden, na Holanda, abriram uma empresa chamada In Ovo, que tenta encontrar abordagens mais humanas para o setor avícola.
Um avanço veio em 2016, quando os dois conseguiram identificar um único biomarcador que permite a identificação rápida e em grande volume do sexo de um óvulo.
Com a ajuda do financiamento da União Europeia para o projeto InOvotive, que começou em 2020 e terminou no ano passado, Stutterheim e Bruins desenvolveram e ampliaram um sistema que evita o abate anual de milhões de pintos machos.
A solução de alta tecnologia oferecida pela In Ovo, com sede em Leiden, chama-se “Ella”, o nome da filha do engenheiro-chefe.
Bandejas com centenas de ovos passam por uma máquina que identifica o sexo dos pintinhos ainda não nascidos – em menos de um segundo.
“Fazemos um pequeno orifício nos ovos com uma pequena agulha, retiramos um pouco do fluido e analisamos com um método de triagem muito rápido”, disse Stutterheim à revista europeia Horizon Magazine.
Cada amostra é verificada quanto a um biomarcador natural, que mostra o sexo do embrião. Em seguida, os ovos recebem um selo e são separados. Não há necessidade de modificação genética.
Se for fêmea, o ovo fica na incubadora para ser mantido aquecido até o nascimento do filhote. Se for macho, o ovo não é incubado, economizando custos desnecessários, e pode ser reaproveitado para ser usado em rações, produtos farmacêuticos ou cosméticos.
Entretanto, essa tecnologia está longe de ser implementada no Brasil. Até lá, você pode ajudar a evitar o sofrimento desses animais sencientes reduzindo o consumo de ovos. Já pensou em aderir a uma dieta plant-based ou ao veganismo?