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É preciso encontrar alternativas sustentáveis para os impactos ambientais causados pelas pistas de gelo

Pista de gelo, como o próprio nome diz, é uma pista coberta de gelo, que funciona como palco de espetáculos musicais, atividades recreativas e principalmente esportivas.

Vários esportes, entre modalidades dos Jogos Olímpicos de Inverno, são praticados sobre o gelo.  O bobsled, por exemplo, é uma corrida de trenó, disputada por equipes.

Nessa lista, também há o curling, esporte coletivo que compreende o lançamento de pedras, sobre uma pista de gelo, que devem parar sobre um alvo. Há também o hockey no gelo, esporte tradicional, principalmente no Canadá e EUA, formado por dois times com seis jogadores cada, que devem acertar um disco de borracha no gol adversário, com o auxílio de tacos.

Além dos esportes coletivos, também existem esportes radicais individuais, como o luge e o skeleton. No luge, o atleta desce a pista de gelo deitado de costas em um trenó. Já no skeleton, o atleta, deitado no trenó, desce de cabeça. 

Outro esporte individual é a patinação de velocidade, uma das práticas mais antigas do mundo. Antigamente, humanos faziam sapatos com ossos de animais para atravessar rios e lagos congelados no norte da Europa. Agora, a patinação é considerada um esporte.

Outro esporte popular é a patinação artística, que mistura esporte com arte. Os atletas dançam e fazem acrobacias, enquanto deslizam na pista de gelo.

Onde e quando surgiu a patinação no gelo?

A patinação no gelo começou há muito tempo, por volta de 3000 a.C. As pessoas que viviam no norte da Europa – nas regiões que hoje vão da Alemanha à Escandinávia – começaram a criar ferramentas para andar sobre os lagos congelados e encurtar as distâncias percorridas. 

Os patins eram feitos de ossos de animais, como cavalos e gado, mas mudavam conforme a região e os animais disponíveis.

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A primeira pista de gelo artificial da história

Ao longo dos séculos, o ser humano foi aprimorando os patins de gelo e a arte de patinar ao ar livre. Inclusive, um time de cientistas reconstruiu protótipos de patins utilizados desde o ano 1800 d.C. até os dias de hoje.

No entanto, a prática ficava reservada para os meses de inverno até então, pela necessidade de manter a água congelada. 

No século XIX, segundo dados históricos, a criação de pistas de gelo artificiais, que causou frenesi pela Europa, Estados Unidos e Canadá, permitiu que as pessoas se divertissem no gelo em pleno verão. 

A primeira pista de gelo criada artificialmente foi a Glaciarium, inaugurada em 1876, em Londres. Ao longo das décadas, inúmeras pistas de gelo foram construídas ao redor do mundo, o que possibilitou a criação de esportes e também transformou o entretenimento e as opções de lazer.

Existe pista de gelo no Brasil?

No Brasil, um país tropical, a patinação no gelo também chegou por volta de 1870, trazida como novidade da Europa, pelos filhos de família ricas que para lá iam, a fim de completarem seus estudos.

Naquela época, a atividade era vista como mais uma forma de reforçar o status social do público que frequentava os rinques de patinação. Além disso, também era importante manter uma postura “elegante”, para manter o equilíbrio sobre os patins.

A patinação no gelo se popularizou e se espalhou pelo País, com pistas de gelo fixas e itinerantes. Com o foco de desenvolver esportes no gelo, a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) criou um projeto, a Arena Ice Brasil, que oferece aulas de patinação, hockey e curling. A Arena Ice Brasil é um complexo esportivo, com pista de patinação no gelo em São Paulo.

Algumas cidades turísticas também entram na lista, no Rio Grande do Sul há a pista de gelo em Gramado, e para o interior de São Paulo, há uma pista de gelo em São Roque.

O impacto causado pelas pistas de gelo no meio ambiente

Estudos acerca dos impactos ambientais gerados pela criação de pistas de gelo artificial vem de longa data, principalmente em países onde a prática de patinação no gelo ou esportes relacionados é mais comum, culturalmente falando.

Um estudo liderado pela Universidade de Beijing, na China, aponta para o fato de que o consumo de energia elétrica das pistas de gelo é extremamente alto, podendo chegar a 3.5 bilhões de kWh por ano, no Canadá, por exemplo.

O processo de construção de uma pista de patinação no gelo engloba 3 partes principais: a produção de gelo (que pode ter muitas camadas para formar a pista), a manutenção do gelo e o recapeamento da superfície da pista (para tirar arranhões e sulcos gerados pelos patins). 

O estudo ainda mostra que 43% da energia elétrica consumida corresponde à refrigeração das pistas. 

O processo de produção do gelo pode levar dias para ser concluído e leva enormes quantidades de água.

Segundo dados de especialistas, para uma pista de hockey no gelo, por exemplo, são usados de 45 a 57 mil litros de água para formar a superfície.

Além disso, fluidos refrigerantes são utilizados, com a finalidade de absorver o calor da pista de gelo, transformando-o em vapor. Quando o vapor esfria, ele retorna ao estado líquido e ao sistema de refrigeração da pista.

Segundo o EESI (Environmental and Energy Study Institute) os refrigerantes mais comuns, utilizados nos sistemas de rinques de patinação, contém hidrocarbonetos (HFCs), que tem um Potencial de Aquecimento Global (GWP, da sigla em inglês) muito maior do que o dióxido de carbono (CO2) por exemplo, contribuindo de forma substancial para o aquecimento global.

Além disso, a amônia – um produto tóxico, inflamável e explosivo – é outro fluido refrigerante amplamente utilizado em rinques de gelo, pois é altamente eficiente no processo de refrigeração.

Alternativas sustentáveis

O EESI cita uma alternativa, tanto para o uso da água, quanto para a aplicação de fluidos refrigerantes nocivos: o gelo sintético.

A maior pista de patinação do mundo está localizada na Cidade do México, e é conhecida como “Eco-Rinque”, pois é feita com gelo sintético e funciona a céu aberto, com temperaturas de até 30 °C.

Segundo especialistas, a superfície do gelo sintético é composta por painéis de polietileno de alta densidade e que são auto-lubrificantes. Além disso, o material é reciclável e não necessita de produtos químicos para sua manutenção. No entanto, muitos atletas afirmam que o gelo sintético é inadequado para competições profissionais, por gerar mais atrito do que o gelo real.

De todo modo, em 2021 o Comitê Olímpico Internacional (IOC) se comprometeu a reduzir suas emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa em 50%, até 2030, como parte de seu compromisso para o combate das mudanças climáticas.

Aquecimento global e os esportes de inverno

Alternativas devem ser buscadas, uma vez que as mudanças climáticas, geradas pelo aquecimento global, também impactam diretamente nos esportes.

pista de gelo
Foto de RoboMichalec por Pixabay

Em 2022, nas Olimpíadas de Inverno de Beijing, na China, a neve utilizada foi 100% artificial. Isso aconteceu porque não havia neve natural suficiente para a prática dos esportes. 

Segundo um artigo publicado pela Georgia State University, para criar toda a neve artificial utilizada durante os jogos, foram consumidos 49 milhões de galões de água (tratadas quimicamente), 130 geradores de neve artificial acionados por ventiladores e 300 canhões de neve, responsáveis por criar 1.2 milhão de metros cúbicos de neve.

O processo todo é caro, além de consumir muita energia e causar danos em áreas com escassez de água.

Um relatório desenvolvido pela Sport Ecology Group destaca que, ao longo do tempo, o uso de neve artificial será cada vez mais necessário durante competições esportivas de inverno, à medida que o planeta Terra aquece e a neve natural se torna menos abundante, reduzindo o número de locais adequados, em termos de clima, que possam sediar os jogos.

Uma coisa é certa: eventos esportivos tem grande visibilidade, são espetáculos de muita importância e os comitês devem, sem restrições, diminuir a geração de impacto ambiental causado pelos esportes, provocar o debate e ir em busca de soluções sustentáveis para combater o aquecimento global. Caso contrário, haverá severas consequências também para o esporte.


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