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O mundo ultrapassou a marca crítica de 1,5 ° C de aquecimento, conforme revelado por uma técnica de medição que estende sua análise por três séculos.

Enquanto os Acordos Climáticos de Paris de 2015 fixaram o limite em 1,5 ° C, um novo estudo publicado na revista Nature, liderado pelo geoquímico de recifes de corais, Malcolm McCulloch, da Universidade da Austrália Ocidental, destaca a necessidade de reconsiderar as estimativas atuais.

“Temos agora um olhar alternativo sobre o aquecimento global”, afirma McCulloch. “Parece que as temperaturas foram subestimadas em aproximadamente meio grau.”

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que utiliza registros pré-industriais a partir de 1850-1900, pode estar subestimando a situação.

McCulloch e sua equipe propõem uma abordagem inovadora ao usar esponjas marinhas, especificamente Ceratoporella Nicholsoni, como proxies confiáveis para as temperaturas do mar desde o século XVIII.

As análises da proporção de estrôncio para cálcio nos esqueletos de carbonato de cálcio dessas esponjas revelam uma trajetória de aquecimento desde meados da década de 1860.

Este período coincide com a linha de base pré-industrial, desafiando as suposições atuais. Ao coletar amostras nas águas protegidas do Caribe, onde as esponjas crescem em condições relativamente estáveis, a pesquisa destaca a estabilidade das temperaturas da água na camada mista do oceano, contrastando com outras regiões oceânicas.

A descoberta sugere que as temperaturas globais já haviam subido 0,5 °C a mais do que estimado pelo IPCC, com o planeta ultrapassando 1,5 ° C por volta de 2010-2012, rumando em direção a superar os 2 ° C nos próximos anos.

Outros indicadores, como núcleos de gelo e anéis de árvores, corroboram a tendência de aquecimento desde a década de 1860. No entanto, a oceanógrafa química e biogeoquímica marinha Kate Hendry destaca a necessidade de cautela ao interpretar esses proxies geoquímicos.

“A busca por dados pré-instrumentais é um desafio crucial na pesquisa climática”, observa Hendry. “Se queremos atingir as metas climáticas, precisamos ter certeza da base em que estamos construindo nossas análises.”

Embora a precisão dos dados de temperatura derivados das esponjas tenha sido confirmada comparando-os com registros de temperatura média global de 1964 a 2012, Hendry ressalta a importância de compreender se a termometria da esponja permanece constante ao longo de sua vida útil.

Construir uma imagem global do aquecimento, segundo Hendry, demandará dados abrangentes de todo o planeta e uma variedade de fontes. A complexidade do desafio exige a montagem de diferentes peças do quebra-cabeça para uma reconstrução robusta das mudanças de temperatura.


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