Plantago: espécies e propriedades benéficas

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Plantago é um gênero da família Plantaginaceae (ordem Lamiales) que contém cerca de 265 espécies anuais e perenes distribuídas por todo o mundo. A maioria das plantas do gênero são pequenas com folhas elípticas e espigas com flores. Por muito tempo, essas plantas são utilizadas por suas propriedades benéficas na medicina tradicional. 

Em geral, os benefícios das plantas do gênero Plantago se dão devido ao conteúdo de polissacarídeos presente em suas sementes. Estes que, além de serem terapêuticos, também podem ser usados para administração de medicamentos e remoção de toxinas.

Porém, novos desenvolvimentos apontam que alguns compostos de espécies de Plantago também podem ser usados na produção de alimentos. De fato, o psyllium, também conhecido como Plantago ovata, pode substituir o glúten — criando uma alternativa para pessoas com intolerância à substância. 

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Usos 

Embora algumas espécies sejam consideradas ervas-daninhas, as plantas têm sido usadas como ervas medicinais há séculos. Algumas espécies de Plantago são listadas como ervas seguras nas farmacopeias de diversos países, enquanto outras são usadas como alimentos e ração animal.

A P. ovata, por exemplo, é comumente utilizada dentro da medicina ayurvédica pois possui uma grande concentração de fibra solúvel. Assim, mantendo eficácia biológica em humanos, com propriedades farmacológicas e nutricionais relevantes. Com outros medicamentos, é indicada para tratar constipação e obstrução intestinal, diarreia, hemorroidas e irritações cutâneas.

Porém, a espécie de Plantago mais utilizada é a P. major, considerada uma das ervas medicinais mais usadas no mundo. As folhas da planta são conhecidas por promover a cicatrização de feridas, com médicos gregos no primeiro século A.D. descrevendo o seu uso. 

Ao longo do tempo, outras pesquisas mostraram que ela ainda é usada em muitos países para:

  • Tratar infecções de pele e outras doenças infecciosas;
  • Tratar distúrbios digestivos e respiratórios;
  • Melhorar a circulação e a reprodução;
  • Alívio da dor e da febre;
  • Prevenir o câncer.

Além disso, acredita-se que os componentes aéreos da espécie Plantago lanceolata possuam propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias, antibacterianas, diuréticas e antiasmáticas.

Benefícios das plantas do gênero Plantago

O papel das espécies na medicina tradicional inspirou muitas avaliações farmacológicas de extratos e compostos isolados por suas potenciais atividades antioxidantes, anti-inflamatórias e cicatrizantes. 

A análise fitoquímica das espécies de Plantago, por exemplo, revelou a presença de compostos como:

  • Glicosídeos fenilpropanóides;
  • Iridoides, triterpenos;
  • Flavonoides;
  • Ácidoss fenólicos.

Ao todo, três espécies principais foram mais exploradas pela comunidade científica, sendo elas as espécies P. major, P. lanceolata e P. asiatica

No entanto, existem muitas outras espécies no gênero, muitas das quais não foram caracterizadas em detalhes. Isso sugere a possibilidade da exploração de novas fontes de compostos para aplicações nas indústrias farmacêutica, cosmética e de alimentos funcionais — como o caso da P. ovata

Psyllium

Psyllium é uma fibra solúvel extraída da casca da semente da planta Plantago ovata, nativa da Ásia, África e região Mediterrânea. Também chamada de ispaghula e muito conhecida por seus efeitos laxativos e alta quantidade de fibras, ela possui diversos benefícios, como ajudar a equilibrar os níveis de colesterol ruim e os níveis de açúcar no sangue.

Esse composto é vendido livremente em farmácias como um tipo de laxante. Porém, algumas pesquisas sugerem que tomar psyllium pode beneficiar muitas partes do corpo humano, incluindo o coração e o pâncreas.

Ele funciona como laxante absorvendo água no intestino, tornando os movimentos intestinais mais consistentes, frequentes e fáceis de passar. Ele pode ser usado para ajudar a aliviar a constipação e prevenir complicações gastrointestinais, como hemorroidas e fissuras anais.

Além disso, ele pode ser um aliado de quem possui síndrome do intestino irritável (SII) e doença de Crohn, principalmente por ser um prebiótico, ou seja, um alimento que ajuda a manter a saúde das colônias de microrganismos benéficos do intestino. Saiba mais sobre o psyllium da matéria: 

Psyllium: para que serve e como usar a seu favor

Contraindicações e reações adversas

Assim como qualquer suplemento, o psyllium pode ter efeitos colaterais potenciais. Os efeitos colaterais mais incluem gases e inchaço, porém, também podem causar dor abdominal, náusea ou vômito, além de: 

  • Cólicas;
  • Diarreia;
  • Fezes soltas;
  • Evacuações mais frequentes.

Em casos raros, o composto pode levar a reações alérgicas, que devem ser tratadas através do acompanhamento médico profissional. Caso apresente os seguintes sintomas, procure auxílio médico:

  • Dificuldades respiratórias;
  • Inchaço, especialmente ao redor do rosto e garganta;
  • Erupções cutâneas e coceira;
  • Descoloração da língua e da pele, como ficar azul, pálido ou cinza;
  • Tontura, vertigem ou desmaio.

Plantago como substituto do glúten 

Devido ao interesse em espécies de Plantago dentro da comunidade científica, cada vez mais novos usos das plantas são descobertos. De fato, sementes de duas espécies nativas foram identificadas como produtoras de mucilagem, um substituto natural do glúten, em pães. 

A pesquisa, publicada no Food Hydrocolloids, foi conduzida por uma equipe liderada pelo Dr. James Cowley, da Universidade de Adelaide. Cowley descobriu que as diferenças no conteúdo de mucilagem e na química de cada espécie de Plantago afetam sua adequação para uso como ingrediente alimentar.

“As diferenças na mucilagem levaram a impactos muito diferentes quando adicionadas a pães sem glúten”, explicou Cowley.

“A adição de farinha de Plantago deixou as massas mais elásticas, tornando-as mais resistentes ao colapso durante a fermentação, o que produziu pães com melhor aparência e textura.

“Acreditamos que isso se deve às diferentes químicas da mucilagem, pois a quantidade por si só não explica os efeitos. Por exemplo, duas espécies nativas, P. cunninghamii e P. turrifera, produziram pães de qualidade semelhante ou melhor que a P. ovata comercial, apesar de terem um teor de mucilagem muito menor.”

O Dr. Cowley estuda sementes de Plantago há mais de uma década e diz que o desejo está aumentando entre celíacos e não celíacos que evitam glúten por melhores produtos de pão sem glúten que não tenham listas de ingredientes tão longas.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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