Fora de sua área natural, as plantas podem representar uma grande ameaça à biodiversidade, caracterizando-se como espécies exóticas
Plantas exóticas são plantas que foram deslocadas para fora de sua área de distribuição natural. De modo geral, as plantas apresentam uma grande importância para os seres vivos, sendo responsáveis por fornecer produtos utilizados na alimentação e na ornamentação, por exemplo. Entretanto, fora de sua área natural, as plantas podem representar uma grande ameaça à biodiversidade, caracterizando-se como espécies exóticas.
O que são espécies exóticas?
Espécies exóticas são “espécies que ocorrem em uma área fora de seu limite natural historicamente conhecido, como resultado da dispersão acidental ou intencional através de atividades humanas”, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Quando essas espécies oferecem ameaças às espécies nativas ou aos seres humanos, elas passam a ser chamadas de espécies exóticas invasoras.
A adaptação às condições do local no qual se inseriu, a ausência de predadores e a degradação são os principais fatores que levam uma espécie exótica a se tornar invasora, competindo com as espécies nativas por recursos e causando um grande impacto à comunidade biológica local. A invasão de animais e plantas exóticos é considerada a segunda maior ameaça às espécies nativas, resultando em declínios populacionais e até extinção de espécies.
Um estudo publicado na Global Change Biology aponta que o número de espécies exóticas pode sofrer um aumento de 36% em todo o mundo até 2050.
Introdução das espécies exóticas
As maneiras pelas quais as espécies exóticas chegam e se instalam em novos locais podem ser diversas, como resultado da dispersão acidental ou intencional através de atividades humanas. Sabe-se que habitats alterados pela ação humana e de climas quentes são mais propensos à instalação dessas espécies do que habitats conservados, por exemplo.
Exemplos de plantas exóticas
Existem várias espécies de plantas exóticas no País. Entre elas, estão mamona, braquiária, capim-gordura, limoeiro, café, dente-de-leão, eucalipto, pinheiros, lírio-do-brejo, bambu, dendezeiro, leucena e espinho-de-jerusalém.
Mudanças climáticas e espécies exóticas
Cientistas sugerem que as mudanças climáticas, ao intensificarem estressores como secas e incêndios florestais, tornam um ecossistema mais vulnerável a plantas exóticas. Estas, por sua vez, podem alterar o meio ambiente de forma a amplificar os impactos das mudanças climáticas.
Para comprovar essa hipótese, um estudo de campo de longo prazo conduzido pelo laboratório de Luke Flory, professor de ecologia do departamento de agronomia da UF/IFAS, expôs pinheiros de folhas longas a três cenários: seca, colonização por uma planta exótica e uma combinação desses dois fatores.
Para testar como os diferentes cenários influenciaram a sobrevivência das árvores, os cientistas adicionaram outro estressor: o fogo. Mas antes de acender o primeiro incêndio, a equipe esperou quase seis anos para que as árvores crescessem em cada cenário.
Quando a fumaça se dissipou, os pesquisadores descobriram que as árvores que sofreram tanto a seca quanto a colonização por uma planta exótica eram menos propensas a sobreviver após o incêndio.
Os pesquisadores notaram que a redução na disponibilidade de água diminuiu o potencial de crescimento das árvores, e a planta exótica piorou o cenário. Por ser tolerante à seca, ela forneceu combustível extra para o fogo e aumentou a altura das chamas.
Árvores mais baixas e chamas mais altas e mais quentes significavam que aqueles pinheiros de folhas longas não tinham muita chance. Em lotes onde os pinheiros foram capazes de crescer mais alto ou não foram cercados pela planta exótica, as árvores se saíram muito melhor e quase todas as árvores sobreviveram.
Impactos das espécies exóticas
Um ecossistema passa pelo processo de contaminação biológica quando sofre danos causados por espécies exóticas. Estas espécies se estabelecem, disseminam-se e provocam alterações ou desequilíbrios, gerando impactos ambientais negativos, não permitindo a recuperação natural.
Os problemas mais frequentes causados por essas espécies envolvem a interferência no desenvolvimento das espécies nativas, podendo ocasionar extinções locais ou regionais, descaracterização e homogeneização de ecossistemas, alterações nos ciclos ecológicos, mudanças no regime de incêndios naturais e rebaixamento do lençol freático.
As espécies exóticas também causam impactos econômicos. Na agricultura, por exemplo, estima-se que 30% a 40% da redução na produtividade mundial está associada à interferência de plantas invasoras e daninhas, além de aumentar os custos de produção e colheita.
Prevenção das espécies exóticas
A melhor maneira de prevenção é impedir a introdução da espécie. Como em muitos casos esse é um procedimento inviável, especialmente nos casos de introdução acidental, outros meios de se controlar podem ser aplicados. Em primeiro lugar, a detecção de espécies que possuem grande potencial de se tornar exóticas invasoras é essencial.
Com isso, as espécies podem ser analisadas e ter sua dispersão controlada. Alguns fatores que ajudam nessa detecção são: quanto maior a população inicial da espécie em questão e quanto maior a tolerância a diferentes tipos de clima, maior a chance de se tornar invasora.
Em segundo lugar, no caso de espécie invasora já instalada, sua erradicação é recomendável, porém, isso nem sempre é possível. É necessário estudar o custo-benefício desse processo, pois muitas vezes eles são caros e precisam de muito tempo, ou que podem causar ainda mais danos ao ambiente. No caso de impossibilidade de erradicação, o controle sobre a espécie é a única solução a ser aplicada.