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Plástico compostável: o que é e exemplos

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Plástico compostável é aquele capaz de sofrer decomposição biológica a partir de um processo adequado de compostagem. De modo geral, um plástico compostável se decompõe em água, dióxido de carbono e biomassa, e, diferentemente de um plástico biodegradável, produz adubo, pois se desintegra junto a materiais orgânicos em uma usina de compostagem ou em uma composteira doméstica

Entretanto, apenas uma pequena parcela desses plásticos é apta à compostagem doméstica; por isso, quando o rótulo de diz “compostável” normalmente significa compostagem industrial. Ou seja, aquele copo de café que você comprou com o logotipo de biodegradável não vai se decompor muito rápido na pilha de materiais orgânicos da sua casa, mas certamente vai se decompor dentro do equipamento industrial apropriado.

O que é compostagem?

Compostagem é o processo biológico de valorização da matéria orgânica, seja ela de origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal, e pode ser considerada como um tipo de reciclagem do lixo orgânico. Trata-se de um processo natural em que os micro-organismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação da matéria orgânica, transformando-a em húmus, um material extremamente rico em nutrientes, com alto potencial de uso como fertilizante natural.

A prática no ambiente doméstico ainda faz bem para a saúde. De acordo com um estudo, o contato com uma bactéria presente no húmus funciona como um antidepressivo, diminui alergias, dor e náusea.

Exemplos de plásticos compostáveis

Imagem de Merakist no Unsplash

Bioplástico de polibutileno tereftalato adipato (PBAT)

O polibutileno tereftalato adipato, também chamado de “poliburato”, é um dos tipos de bioplásticos produzidos a partir de petróleo, mas que é biodegradável e compostável. Suas propriedades permitem que o poliburato substitua o polietileno de baixa densidade, um plástico produzido a partir do petróleo que não é biodegradável.

O bioplástico de poliburato pode ser utilizado, principalmente, na produção de sacolas. Mas possui a desvantagem de demandar uma fonte não-renovável.

Bioplástico de poliácido láctico (PLA)

O poliácido lático (PLA) é um bioplástico produzido a partir de bactérias. No processo, elas produzem o ácido lático por meio do processo de fermentação de vegetais ricos em amido, como a beterraba, o milho e a mandioca (entre outros).

Os bioplásticos de PLA podem ser utilizados em embalagens alimentícias, embalagens cosméticas, sacolas plásticas de mercado, garrafas, canetas, vidros, tampas, talheres, frascos, copos, bandejas, pratos, filmes para a produção de tubetes, filamentos de impressão 3D, dispositivos médicos, tecidos não-trançados, entre outros.

O PLA é biodegradável, reciclável mecânica e quimicamente, biocompatível e bioabsorvível. Em comparação aos plásticos convencionais de petróleo, tais como o poliestireno (PS) e polietileno (PE), que demoram de 500 a 1000 anos para se degradarem, o PLA ganha em disparada, pois sua degradação leva de seis meses a dois anos para acontecer. E quando é descartado corretamente transforma-se em substâncias inofensivas, porque é facilmente degradado pela água.

A desvantagem é que o PLA é um plástico de produção encarecida e sua compostagem só ocorre em condições ideais. Outro problema é que as normas americanas e brasileiras permitem a mistura de PLA a outros tipos de plásticos não biodegradáveis, o que, apesar de melhorar suas qualidades em termos de uso, prejudica sua qualidade em termos ambientais.

Experimentos

Para testar como os diferentes tipos de sacolas plásticas se saem em ambientes distintos, Imogen Napper, da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, coletou sacolas com várias indicações de biodegradabilidade e colocou em três ambientes naturais diferentes durante um período de três anos: enterradas no solo, na água do mar, e penduradas ao ar livre.

A pesquisadora testou sacolas rotuladas como biodegradáveis, compostáveis e oxibiodegradáveis, assim como sacolas convencionais de polietileno de alta densidade (HDPE). No experimento de Napper, a sacola rotulada como “compostável” desapareceu totalmente dentro de três meses quando foi deixada na água do mar. No solo, permaneceu intacta por dois anos, mas se desintegrou quando os estudiosos encheram ela de compras.

O restante das sacolas – incluindo a rotulada como “biodegradável” – ainda estava presente tanto no solo quanto na água do mar após três anos.

Depois de nove meses ao ar livre, todas as sacolas haviam se desintegrado ou estavam começando a se desfazer – sobretudo, se decompondo em microplásticos.

Isso ocorre porque a luz solar ajuda a degradar o plástico por meio de um processo conhecido como foto-oxidação, no qual o plástico se torna desgastado e quebradiço, e acaba se fragmentando, em vez de decompor seus compostos orgânicos.

“Na verdade, isso não significa que estão se decompondo em carbono e hidrogênio, quer dizer apenas que estão se tornando pedaços menores”, explica Napper.

Mas, de acordo com ela, o fato de que precisam ser compostadas industrialmente não vem explicado adequadamente nas sacolas. E isso faz com que os consumidores fiquem tentando adivinhar as propriedades dessas sacolas e, mais importante, o que devem fazer com elas após o uso.

“As pessoas precisam estar cientes de que colocar para reciclagem, tentar fazer a compostagem ou jogar na lixeira de resíduos em geral não necessariamente levará aos resultados que estão sendo anunciados”, diz Napper.

Se essas sacolas compostáveis forem colocadas junto de materiais recicláveis, elas poderão contaminá-los, inviabilizando sua reciclagem. Por isso, sem um sistema de destinação de sacolas compostáveis para usinas adequadas, o problema ambiental não está resolvido, pelo contrário, haverá microplástico no meio ambiente e contaminação de materiais recicláveis. 

Importância da compostagem

Se não forem compostados, os plásticos vão parar em aterros sanitários (quando não escapam para o meio ambiente) e se decompor com a matéria orgânica e os demais tipos de resíduos, sem receber tratamento específico. A decomposição da matéria orgânica existente na massa de resíduos descartados no aterro sanitário produz uma quantidade significativa de chorume e biogás, rico em metano (CH4).

O principal efeito negativo do metano para o meio ambiente é a sua contribuição para o desequilíbrio do efeito estufa, colaborando para o aquecimento global. Ao ser inalado em grandes quantidades, o gás também pode causar asfixia e perda de consciência, parada cardíaca e, em casos extremos, danos no sistema nervoso central.

A compostagem gera muitas vantagens para o meio ambiente e para a saúde pública, seja ela aplicada no meio urbano ou rural. A principal delas é que, no processo de decomposição, ocorre a formação de água, chorume não tóxico e biomassa (húmus). Entretanto, é preciso de um sistema adequado para que ela seja efetiva em grande escala. 

Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

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