Nos dias de hoje, com a conscientização a respeito da reciclagem tomando cada vez mais corpo na sociedade, falar nos benefícios e impacto do plástico no meio ambiente é complicado, mas eles de fato existem. Em termos de embalagens, o plástico é imbatível, embora os plásticos de uso único sejam os mais facilmente evitáveis. Mas a indústria do plástico não trouxe só lixo oceânico e poluição, há também algumas coisas boas.
Por incrível que pareça, o plástico trouxe uma certa economia ao meio ambiente. Um exemplo é a indústria automobilística. Os carros antigos contavam com muitos equipamentos metálicos, pesadíssimos.
Com o alastramento do material plástico produzido, eles chegaram ao mercado de autopeças para compor os novos automóveis. Resultado: os carros ficaram mais leves e o custo com combustível diminuiu sensivelmente, amenizando as emissões de gases de efeito estufa.
Em outras situações também é possível constatar algum benefício ambiental. Exemplos: o isolamento térmico de determinados materiais reduz o consumo de energia; em aterros sanitários, lonas plásticas são usadas para impermeabilizar os lençóis freáticos, evitando sua contaminação; filmes plásticos proporcionam melhores rendimentos em certos tipos de culturas agrícolas; a instalação de coleta de água alimentada por tubos plásticos em locais de difícil acesso só se dá devido a essa tecnologia. Há outros usos benéficos do plástico, mas essa indústria, infelizmente, ainda traz muitos problemas.
Para se produzir toneladas de plástico, é necessário que haja petróleo (a matéria-prima do material) e todo o processo de refinamento. Por mais que o plástico seja oriundo de uma parcela pequena do óleo negro (apenas 5%), para extraí-lo e refiná-lo, é necessário fazer todo o processo, que envolve práticas que poluem excessivamente o meio ambiente.
Os impactos das refinarias vão desde as consequências dos estudos sísmicos realizados na etapa de exploração até o consumo de grandes quantidades de água e de energia, geração de absurdas quantias de despejo líquido, liberação de diversos gases nocivos na atmosfera, produção de milhões de toneladas de resíduos sólidos de difícil tratamento e que demoram anos para se decompor, além dos frequentes vazamentos de petróleo em ambiente marinho.
Depois do refinamento e da fabricação dos milhares de produtos plásticos, eles vão parar nas prateleiras e, em sua maioria, acabam sendo rapidamente descartados (principalmente em se tratando de embalagens). No meio ambiente, os problemas são bem graves.
O plástico é difícil de ser compactado e gera um grande volume de lixo. Portanto, ele ocupa um grande espaço no meio ambiente, o que dificulta a decomposição de outros materiais orgânicos. A durabilidade e resistência são um problema quando se trata de plástico descartado.
Como é à prova de fungos e bactérias, sua degradação é extremamente lenta, podendo demorar mais de 100 anos. Além disso, o plástico nos oceanos se fragmenta em pequenas partículas plásticas, os chamados microplásticos, que acabam participando da cadeia alimentar.
Quando descartado de forma incorreta, o lixo plástico pode causar entupimentos de valas e bueiros, que geram enchentes e desabrigam pessoas, principalmente os moradores de periferias. A poluição visual também é outro malefício causado pelos resíduos plásticos. Isso sem contar os impactos ambientais dos materiais plásticos na vida marinha.
Pesquisas demonstram que o plástico, no ambiente marinho, sofre ações do meio (sol, altas temperaturas, diferentes níveis de oxigênio, energia das ondas e presença de fatores abrasivos, como areia, cascalho ou rocha), fragmenta-se e passa a ter aparência de alimento para muitos dos animais marinhos, causando a morte deles e interferindo no ciclo reprodutivo de muitas espécies.
“Os principais rios ao redor do mundo carregam aproximadamente 1,15 milhão a 2,41 milhões de toneladas de plástico para o mar todos os anos. Isso é equivalente a até 100 mil caminhões de lixo”, diz Louisa Casson, do Greenpeace do Reino Unido.
A poluição do oceano por plástico é o resultado de um sistema profundamente mal estruturado, em que a fabricação de um produto não biodegradável pode continuar sendo feita sem controle. De fato, dados da Organização das Nações Unidas indicam que o mundo produz 430 milhões de toneladas de plástico por ano.
Encontrar uma solução exige chegar à origem do problema. É necessário que os governos levem isso em conta. São necessárias campanhas contínuas sobre consumo que eduquem as pessoas a respeito do impacto do plástico descartável nos oceanos. É preciso evitar produtos com embalagens desnecessárias, cobrar para que empresas mudem suas posturas e apostar na reutilização.
Lojas e mercados devem receber incentivos governamentais para oferecerem opções de reabastecimento sem novos pacotes, e por aí vai. Existem ideias e é importante que elas sejam colocadas em prática antes que os mares sejam cada vez mais engolidos por plásticos.
E o que nós podemos fazer? A reciclagem se torna a principal ferramenta para evitar esses impactos, além dos outros “erres” da regra: reutilização e redução.
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