O plástico PLA é biodegradável, reciclável, biocompatível, compostável e bioabsorvível, mas apenas em condições ideais
O plástico PLA (também chamado de PDLA, PLLA), ou melhor dizendo, poliácido láctico, é um polímero sintético termoplástico que vem substituindo os plásticos convencionais em diversas aplicações. Para se ter uma ideia, PLA é um material que pode ser usado em várias embalagens alimentícias, como:
- sacolas plásticas de mercado;
- garrafas;
- canetas;
- vidros;
- tampas;
- talheres;
- frascos;
- copos;
- bandejas; pratos;
- filmes para a produção de tubetes;
- filamentos de impressão 3D e impressoras 3D;
- dispositivos médicos;
- tecidos não trançados.
Ele tem esse nome porque é formado por várias cadeias de repetição do ácido lático (composto orgânico de função mista: ácido carboxílico e álcool). Esse ácido é aquele que é produzido pelos mamíferos (incluindo nós, humanos) e também pode ser obtido diretamente pelas bactérias. Neste último caso, o processo é um pouquinho diferente.
No processo de produção do PLA, as bactérias produzem o ácido lático por meio do processo de fermentação de vegetais ricos em amido, como a beterraba, o milho e a mandioca, ou seja, é feito utilizando fontes renováveis.
Mas não podemos confundi-lo com o plástico de amido, conhecido como amido termoplástico. Isso porque no processo de produção do filamento de PLA o amido é usado simplesmente para se chegar ao ácido lático. Diferentemente do plástico de amido termoplástico, que tem o amido como matéria-prima principal.
Desses dois tipos polímeros biodegradáveis, o PLA é vantajoso por ser mais resistente, ter maior facilidade de impressão e se parecer mais com um plástico normal. Além disso, ele é um plástico 100% biodegradável (se dispuser de condições ideais).
Quando surgiu o plástico PLA?
Os pesquisadores Carothers, Dorough e Natta sintetizaram o PLA pela primeira vez em 1932. Inicialmente, não foi uma tarefa de sucesso, já que as propriedades mecânicas do material não eram consideradas satisfatórias.
Foi pensando nisso que a Du Pont sintetizou um novo PLA com melhores propriedades mecânicas e o patenteou. Porém, havia outra desvantagem: esse novo tipo reagia com a água. Então foi apenas em 1966, depois de Kulkar demonstrar que a degradação do material poderia acontecer in vitro e ser melhor observada nos laboratórios, que houve interesse real na sua aplicação, principalmente na área médica.
Ainda assim, o PLA com boas propriedades mecânicas apresenta duas características inconvenientes: a baixa resistência ao impacto e à alta temperatura. Para reduzir sua fragilidade, utilizam-se plastificantes orgânicos tais como glicerol e sorbitol. Mas também é possível a inserção de fibras naturais ou a produção de blendas (mistura mecânica de plásticos diferentes onde não existe reação química entre eles) para melhorar esses aspectos.
As normas estadunidenses ASTM 6400, 6868, 6866; a europeia EN 13432 e a brasileira ABNT NBr 15448 permitem que, após a mistura do PLA com outros plásticos para melhorar sua qualidade, até 10% da massa final do material seja não biodegradável.
Vantagens do PLA
O plástico PLA possui características muito vantajosas. Além de ser um plástico compostável, ele é biodegradável, reciclável mecânica e quimicamente, biocompatível e bioabsorvível.
Além disso, possui validade adequada para a maioria dos usos em embalagens descartáveis e é obtido de fontes renováveis (os vegetais), como a cana-de-açúcar.
Em comparação aos plásticos convencionais, tais como o poliestireno (PS) e polietileno (PE), que demoram de 500 a 1000 anos para se degradarem, o PLA ganha em disparada. Isso porque sua degradação leva de seis meses a dois anos para acontecer. E quando é descartado corretamente, transforma-se em substâncias inofensivas porque é facilmente degradado pela água.
Quando pequenas quantidades do PLA passam da embalagem para os alimentos e acabam indo parar no organismo, não trazem risco de danos à saúde. Isso acontece pois ele se converte em ácido lático, que é uma substância alimentar segura e naturalmente eliminada pelo corpo.
Por apresentar essas características, ele vem sendo muito utilizado em intervenções médicas, substituindo os implantes de metal. Os implantes de plástico PLA causam menos inflamações, evitam a sobrecarga de tensão no órgão fraturado e a necessidade de uma segunda cirurgia para a retirada do material.
Ele também é uma melhor alternativa para as sacolas plásticas tradicionais. Essas, por sua vez, são feitas de plástico oriundo de fontes não renováveis por meio da queima de combustíveis fósseis.
Desvantagens do PLA
É ótimo que o plástico PLA possui a possibilidade de ser biodegradado, mas nem sempre isso é possível. Para ocorrer a degradação adequada, é preciso que os descartes do plástico PLA sejam feitos corretamente. Isso implica que o material seja depositado em usinas de compostagem, onde há condições adequadas de luz, umidade, temperatura e quantidade correta de micro-organismos.
Infelizmente, a maior parte do resíduo brasileiro acaba indo parar em aterros e lixões, onde não há garantias de que o material se biodegrade 100%. E pior, normalmente as condições dos lixões e aterros fazem com que a degradação seja anaeróbia, ou seja, com baixa concentração de oxigênio. Isso faz com que haja liberação de gás metano, um dos gases mais problemáticos para o desequilíbrio do efeito estufa.
Outra inviabilidade é que o custo de produção dos produtos de PLA ainda é elevado.
E como já vimos, as normas brasileira, europeia e estadunidense permitem a mistura do PLA com outros plásticos não biodegradáveis para melhorar suas características e, ainda assim, se enquadrarem como biodegradáveis.
Além do mais, um estudo publicado pela Unicamp mostrou que, de todas formas de reciclagem (mecânica, química e compostagem), a compostagem é a que produz maiores impactos ambientais. A reciclagem química ficou em segundo lugar e a mecânica demonstrou ter menor impacto.
Como descarto meu plástico PLA?
Como os aterros e lixões brasileiros não são adequados para a compostagem, uma forma de reduzir os danos é enviar materiais feitos com plástico PLA para locais onde o metano produzido possa ser capturado e reutilizado, como uma usina de compostagem.