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Em vez de boiarem na superfície do mar, polímeros afundam e alteram o ciclo de carbono e o efeito estufa, segundo Alexander Turrav

Por Jornal da USP

O uso e o descarte indiscriminado de plástico estão em debate há anos e as consequências da má utilização desse material para o planeta preocupa agentes internacionais. Ao contrário do que se pensava sobre o plástico se concentrar na superfície do oceano em forma de lixo, cientistas descobriram que boa parte do polímero está afundando e gerando impactos climáticos, como o agravamento do aquecimento global.  

O professor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, Alexander Turra, revela que microplásticos estão se aglutinando na “neve marinha” – condição normal do oceano gerada por partículas de microalgas, bactérias e fitoplânctons que afundam devagar no mar – e se tornando mais densas que a água, com a ajuda de microrganismos.  

“Essas partículas [da neve marinha] correspondem à matéria orgânica. Então muitos organismos acabam se alimentando diretamente das partículas ou, como as bactérias, transformam e remineralizam essa matéria orgânica em nutrientes que podem ser utilizados pelas algas para fazer a fotossíntese”, informa Turra.

Uma cadeia de efeitos

Segundo o professor, quando os microplásticos afundam com a “neve marinha”, a coluna d’água fica empobrecida de materiais orgânicos e a fotossíntese é comprometida. Consequentemente, há uma redução na captura de CO2, gás relacionado ao efeito estufa.

“Se você para de consumir gás carbônico, o oceano acaba perdendo um pouco do seu papel em controlar o efeito estufa e com isso a gente tem um aumento da temperatura do planeta”, informa Turra sobre os resultados desse processo.   

Com o aumento da temperatura do planeta, incêndios, períodos de seca, perda de espécies terrestres e marinhas, tempestades severas e aumento da fome são alguns dos impactos que podem ocorrer. “A gente precisa racionalizar o uso desse material para que a gente possa então utilizar o que ele traz de melhor sem necessariamente gerar malefícios para o ambiente”, afirma o professor.

Este texto foi originalmente publicado porJornal da USP de acordo com alicença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original.


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