Poda inadequada e concreto em raízes são as principais causas de queda de árvores em São Paulo, aponta análise

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A queda de árvores em áreas urbanas não é apenas um problema ambiental, mas uma questão de segurança pública. Em São Paulo, onde mais de 2 mil árvores caem a cada ano, os danos vão desde interrupções no trânsito e quedas de energia até riscos à vida de pedestres e motoristas. Um estudo recente analisou 456 casos de quedas no centro da cidade entre 2016 e 2018, revelando padrões preocupantes e apontando soluções para reduzir os riscos.

A pesquisa identificou que 46% dos incidentes foram causados por queda de galhos, 33% por falhas nas raízes e 21% por troncos quebrados. Entre os principais fatores estão o estado de degradação da madeira, o sufocamento do colo das raízes pelo asfalto e podas mal executadas. Árvores como Ligustrum lucidum, Tipuana tipu e espécies do gênero Ficus foram as que mais apresentaram problemas, muitas vezes devido ao envelhecimento e à falta de manutenção adequada.

Um dos achados mais relevantes foi a relação entre a compactação do solo e a queda de árvores. Quando o colo da raiz é asfixiado por pavimentação excessiva ou raízes estranguladas, a estabilidade da árvore fica comprometida. Além disso, podas inadequadas enfraquecem a estrutura das árvores, aumentando a probabilidade de quedas durante tempestades ou ventos fortes, comuns na capital paulista.

O estudo propõe ações urgentes para melhorar a gestão arbórea na cidade. A primeira delas é a avaliação sistemática do estado fitossanitário das árvores, com atenção especial à degradação interna da madeira. Outra medida essencial é a revisão das técnicas de poda, evitando cortes radicais que prejudiquem a saúde das plantas. Por fim, é fundamental garantir espaço adequado para o desenvolvimento das raízes, evitando asfixia por concreto ou solo compactado.

A falta de políticas eficientes nessa área pode custar caro. Além dos prejuízos materiais, a queda de árvores reduz a cobertura vegetal, diminuindo serviços ecossistêmicos como a purificação do ar e o controle da temperatura urbana. A pesquisa reforça a necessidade de uma gestão integrada, envolvendo poder público, empresas e universidades, para garantir que a arborização urbana seja sinônimo de qualidade de vida, e não de risco.

Enquanto São Paulo não adotar medidas concretas, os problemas persistirão. A cidade, que já sofre com ilhas de calor e alagamentos, não pode se dar ao luxo de negligenciar suas árvores. O estudo serve como alerta e, ao mesmo tempo, como um guia para transformar a realidade da maior metrópole do país.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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