Podemos viver juntos? Projeto da USP promove formação on-line sobre direitos humanos

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Por  Gustavo Roberto da Silva, do Jornal da USP | A formação on-line e gratuita Diversidades e Inclusão Social em Direitos Humanos é uma iniciativa inédita, coordenada por sete unidades da USP. O curso possui cinco eixos temáticos e já dispõe de 85 vídeos no Youtube, acessíveis a qualquer interessado. Resultado do projeto Inclusão Social e Diversidade: Direitos Humanos e Relações de Gênero, Raça e Orientação Sexual como Fundamentos da Igualdade, a formação visa a proporcionar espaços de aprendizado e debates sobre processos de inclusão e diversidade.

Criado em 2021, o projeto foi um dos selecionados pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP, no edital Inclusão Social e Diversidade na USP e em Municípios de seus Campi. O edital da PRCEU selecionou projetos relacionados à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, que propõe 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS). A formação em Direitos Humanos contempla sete deles. 

O projeto aposta na educação para fazer frente ao alarmante crescimento do preconceito a grupos em posições minoritárias. A variedade de temas é estratégica: a ideia é alcançar uma maior diversidade de grupos afligidos pela discriminação e pelo conservadorismo contemporâneo.

“Tratar dessa realidade é afrontar as condicionantes psicológicas, políticas, sociais, culturais, geopolíticas, interseccionais e estruturais que afetam a dignidade humana. Para fazer frente a algumas das múltiplas facetas das problemáticas contemporâneas no que diz respeito às lutas em defesa dos direitos humanos, optamos por destacar as referentes à igualdade de gênero, diversidade sexual, racial e processos migratórios e de refúgio”, informam os organizadores do projeto, que foi proposto pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, com colaboração do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Comunicação e Cultura; Centro Cultural Maria Antonia; Escola de Comunicações e Artes; Faculdade de Direito; Instituto de Estudos Brasileiros e Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – todos da USP.

“Nós abrimos as inscrições em janeiro deste ano e, para nossa surpresa, tivemos 16 mil inscritos em menos de uma semana. Foi uma coisa impressionante”, conta o professor Dennis de Oliveira, que é vice-coordenador do projeto. Ele e o coordenador, Alessandro Soares, ministraram a aula inaugural questionando: “Podemos viver juntos?”. A pergunta, segundo eles, teve o objetivo de gerar incômodo e de fazer pensar para os debates que virão.

As inscrições para o recebimento de certificados já se encerraram, mas a formação on-line conta com transmissões ao vivo que, posteriormente, se tornam videoaulas no Youtube. “Tem muita gente que não se inscreveu e está assistindo às aulas pelo Youtube, onde já possuímos mais de nove mil seguidores”, acrescenta Oliveira. Além das aulas abertas no Youtube, o projeto também possui material complementar acessível na plataforma moodle.

Diversidade em formação

O curso é dividido em cinco módulos, começando por um central e integrativo sobre direitos humanos, abordando questões que se relacionam entre todos os outros. O restante dos módulos trata de questões referentes a violências e desigualdades de gênero, raça e etnia, diversidade sexual e imigrantes e refugiados. Ao fim da primeira etapa, os interessados podem se inscrever em qualquer um dos outros quatro módulos de acordo com suas preferências.

Junto de orientandos, Oliveira é o responsável pelo módulo Raça e Etnia. “Nós discutimos a história do movimento negro, políticas afirmativas, temática da mulher negra, violência de gênero, temática indígena. Tivemos inclusive uma aula extra com o ambientalista Ailton Krenak”, conta.

Confira a videoaula do Módulo 1 – Direitos Humanos, com o pensador indígena Ailton Krenak no player abaixo:

Ativistas, líderes e professores participaram de aulas no projeto, que conta com cidadãos africanos, haitianos e europeus, em menor proporção, no seu corpo discente. Entre eles, já figuraram personalidades como Krenak, o professor e babalorixá Sidnei de Xangô e o político chileno de origem mapuche Adolfo Nonato Millabur Ñancuil. As parcerias também buscam refletir a diversidade, desde pessoas agregadas a movimentos sociais, até pessoas que trabalham em estruturas de direitos humanos de órgãos públicos, departamentos de compliance de empresas privadas e ONGs.

Assista aos vídeos mais recentes de cada módulo abaixo:

Módulo 2 – Gênero

Módulo 3 – Raça e Etnia

Módulo 4 – Diversidade Sexual

Módulo 5 – Imigrantes e Refugiados

“A nossa ideia, a partir dessa experiência, é fazer uma avaliação e montar um núcleo de fato, que escute, que reflita sobre diversidade. Que veja projetos e outras ações de extensão e pesquisa que podem ser feitas pela Universidade de forma que a gente impacte esse debate nas mais diversas áreas”, completa o professor Dennis de Oliveira.

Com número recorde de inscritos, cerca de 15 mil, o perfil das pessoas interessadas na transformação social e nos direitos humanos é majoritariamente feminino e negro. De acordo com a organização do curso, 59% dos inscritos são pretos e pardos, 37% são brancos e com 1% de amarelos (orientais), 1% de indígenas e 1% que não souberam ou não quiseram se identificar. Das 15 mil pessoas inscritas, 78% são mulheres cis, 16% homens cis, 1% mulheres trans, 1% não binário e 3% preferiram não se identificar.

Acompanhe o projeto:

https://sites.usp.br/dhd
https://www.facebook.com/Diversidades.Ods
https://www.instagram.com/direitoshumanos.ods

Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Equipe eCycle

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