Poeira do Saara viaja e fertiliza Amazônia

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O deserto do Saara é a maior fonte de poeira do solo global e tem um papel fundamental no equilíbrio dos nutrientes que circulam em nosso planeta. Semelhante ao que acontece com os organismos, a própria Terra tem seus mecanismos de homeostase, que garantem o funcionamento correto de todos os ambientes. Assim como as chuvas da Amazônia ajudam a irrigar regiões do sul e sudeste brasileiro, fenômeno chamado de rios voadores, a região também recebe ajuda da poeira do Saara, que traz nutrientes como o fósforo.

Um estudo observou que a presença da poeira do Saara na floresta amazônica é particularmente alta na estação chuvosa, entre janeiro e maio, sendo em sua maior parte composta por material particulado grosso oriundos do norte da África, tanto do Saara quanto do Sahel (região de fronteira entre o deserto e a savana).

O deslocamento da poeira do Saara foi registrado em vídeo pela Nasa. As imagens mostram que, apesar dos mais de 2,5 mil quilômetros de distância, o deserto do Saara e a floresta amazônica estão mais ligados do que parece. A agência espacial dos EUA coletou dados entre 2007 e 2013 que mostram a relação entre o deserto, que ocupa um terço do território africano, e a maior floresta tropical do mundo.

A análise da Nasa mostra que cerca de 182 milhões de toneladas de poeira atravessam o oceano Atlântico todos os anos, saindo do Saara para o continente americano. É a primeira vez que a Nasa consegue quantificar quanta poeira faz essa viagem.

A região amazônica recebe em média 22 mil toneladas de fósforo, que funciona como um fertilizante e é fundamental para o crescimento das plantas, compensando as perdas desse nutriente durante as chuvas e inundações. Do total, 27,7 milhões de toneladas caem na floresta, trazendo diversos nutrientes, como o já citado fósforo.

Chuvas

O estudo também mostra que a quantidade de poeira transportada depende das chuvas que ocorrem no Sahel, região ao sul do Saara. Quando as chuvas aumentam, a quantidade de poeira transportada no ano seguinte para a floresta é menor.

A descoberta faz parte de uma pesquisa que visa compreender o papel da poeira e outros agentes no meio ambiente e no clima local e global.

Veja a viagem que a poeira do Saara faz em direção ao continente americano:

Equipe eCycle

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