Políticas públicas e pesquisas científicas podem levar o Brasil a se tornar referência em energia limpa

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Por Jornal da USP | O G20, grupo formado por países que representam as 20 economias mais importantes do mundo, apresenta, como objetivo principal, alinhar políticas econômicas a fim de fortalecer a economia mundial. O grupo se encontra anualmente para discutir diferentes temáticas e, neste ano, a reunião será realizada na Índia. Uma questão que tem sido levantada por cientistas para ser debatida durante a cúpula é a da transição energética e da busca por energias renováveis no território nacional. 

Durante a reunião preparatória para o G20, realizada pelo grupo Science20 (S20), membros da Academia Brasileira de Ciências alinharam a posição nacional sobre energia limpa e divulgaram um documento que apoia iniciativas para acelerar a transição energética rumo a um futuro sustentável. Segundo o professor Julio Meneghini, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP e do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), a temática é relevante, pois apresenta um impacto para a nossa geração e para as futuras também.

Transição energética

O principal ponto para transição energética parece ser a intrínseca necessidade de discuti-la. “Quando falamos da crise climática, falamos de algo que tem impacto não apenas para nossa geração, mas para as gerações futuras. E aí está a questão de chamá-la de ‘grande pandemia do século 21’. Não existe uma solução única para a questão climática, que está diretamente relacionada com a questão energética, é necessário ter uma ação conjunta entre diferentes países”, diz o professor

Atualmente, o debate acerca da transição energética vai além da discussão laboratorial. Para Meneghini, são necessárias ações que tratem desde a parte científica, ou seja, descobrir soluções e procurar inovações, até a percepção pública — a população desses países deve entender que estamos passando por uma emergência climática.

Uma proposta para solucionar a questão é a criação de um Fundo Global para o Desenvolvimento de Tecnologias de Energia Limpas, que deve receber cerca de US$ 1 trilhão, juntamente com a criação de linhas no Banco Mundial para desenvolvimento de projetos de energia alternativa. A formação de uma aliança global pelo hidrogênio verde é também um tópico levantado pelo especialista. 

O papel nacional

Além disso, nota-se que o Brasil tem um papel fundamental como exemplo para o restante do mundo quando discutimos as questões  climáticas. “A questão solar e a eólica são as mais evidentes. O Nordeste e o Sul do País têm excelentes condições para geração de energia eólica e o mar também apresenta um potencial enorme junto  à energia solar. Poucas pessoas sabem que o Brasil também pode produzir hidrogênio verde por meio do etanol”, exemplifica Meneghini. 

É importante reforçar que o Brasil está em fase de receber investimentos para alavancar iniciativas que, de fato, venham a produzir essa energia limpa. Contudo, segundo o professor, ela não basta ser unicamente limpa: “A energia também deve ser justa do ponto de vista social, deve possuir um valor que possa ser competitivo, ou seja, é preciso ser justa do ponto de vista econômico”. O especialista também reforça a importância dos investimentos direcionados a pesquisas e ao alavancamento de novas tecnologias que busquem mitigar as consequências de emissões de gases do efeito estufa. 

Para acesso a mais informações sobre o grupo Science20 confira o link: https://s20india.org/


Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Carolina Hisatomi

Graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e protetora de abelhas nas horas vagas.

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