A poluição, em todas as suas formas, mata cerca de nove milhões de pessoas por ano, mais do que violência e guerras, fome, tabaco, desastres naturais, tuberculose, malária e aids, de acordo com estudo de pesquisadores dos Estados Unidos.
Nas estatísticas das mortes prematuras do ano de 2015, em todo o mundo, uma em cada seis pode ser atribuída a doenças por exposição tóxica, de acordo com estudo lançado em 19 de outubro e publicado pela revista científica The Lancet.
Dentre os tipos de poluição, a campeã foi a do ar, responsável por 6,5 milhões de mortes; a poluição da água vem logo atrás, com 1,8 milhão de mortes.
O número de nove milhões de mortes devido à poluição ambiental de diversos tipos é considerada conservadora pelos autores do estudo. Mesmo assim, trata-se de um número 1,5 maior que o de vítimas do tabagismo e três vezes maior que o de pessoas mortas por malária, tuberculose e aids juntas. Os mortos em guerras ou devido a outras formas de violência é 15 vezes menor que o de atingidos pela poluição.
Os países em desenvolvimento de baixa ou média renda são os que mais sofrem – 92% das mortes relacionadas à poluição ocorrem neles.
No Brasil, a poluição matou 101.739 pessoas em 2015, o que equivale a 7,49% do total de mortes no país durante o período. A poluição do ar foi a maior responsável pelos óbitos (70.685).
O Brasil ficou na 148ª posição do ranking de países com maior proporção de mortes relacionadas à poluição, atrás de outras nações da América do Sul, como Uruguai, Chile e Equador. Foram analisados 188 países.
O estudo foi ousado: é a primeira tentativa de reunir dados sobre doenças e mortes causadas por diversas formas de poluição em conjunto.
“Há muitos estudos sobre a poluição, mas o tema nunca foi alvo dos recursos ou nível de atenção de algo como a aids ou as alterações climáticas”, diz o epidemiologista Philip Landrigan, diretor do departamento de saúde global da Faculdade de Medicina Mount Sinai, Nova Iorque, e principal autor do relatório. “A poluição é um enorme problema que as pessoas não estão vendo porque estão olhando para as suas componentes espalhadas.”
O relatório estima um prejuízo de 4,6 trilhões de dólares anuais – ou 6,2% da economia global – relacionado à poluição e às mortes causadas por ela.
“O que as pessoas não percebem é que a poluição prejudica as economias. As pessoas doentes ou mortas não podem contribuir para a economia. Precisam de cuidados”, diz Richard Fuller, um dos autores do estudo e chefe da organização Pure Earth, que se dedica à despoluição no mundo em desenvolvimento. “Ministros das Finanças ainda seguem o mito de que, se não deixar a indústria poluir, não haverá desenvolvimento. Isso não é verdade.”
De acordo com o estudo, o fardo financeiro atinge mais fortemente os países mais pobres. Os Estados de menor renda gastam em média 8,3% de seu Produto Interno Bruto (PIB) para combater os danos causados pela poluição, enquanto os países desenvolvidos desembolsam 4,5%.
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