Poluição do ar é, em resumo, a introdução de qualquer substância que, devido à sua concentração, possa se tornar nociva à saúde e ao meio ambiente. Conhecida também como poluição atmosférica, refere-se à contaminação do ar por gases, líquidos e partículas sólidas em suspensão, material biológico e até mesmo energia.
Esse tipo de poluição se dá com as substâncias que são chamadas de poluentes atmosféricos e existem em forma de gases ou partículas provenientes de fontes naturais (vulcões e neblinas) ou fontes artificiais produzidas pelas atividades humanas. De acordo com um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2014, a poluição do ar causou a morte de mais de 7 milhões de pessoas no mundo em 2012, matando mais que AIDS e malária juntas.
Um estudo de 2022 indicou que a poluição do ar provocou a morte de 180.000 de pessoas em cidades tropicais, ao longo de 14 anos. Esse processo ocorreu principalmente em cidades que tiveram um desenvolvimento acelerado nesse período. Os pesquisadores identificaram uma elevação da quantidade de dióxido de nitrogênio e MP2.5 no ar. O MP2.5 é um material particulado fino, formado por materiais tóxicos e facilmente inalado pelas pessoas.
Pode parecer incrível, mas a poluição do ar já está presente desde a Roma Antiga, quando as pessoas queimavam madeira, por exemplo. Porém, a Revolução Industrial ampliou incrivelmente o impacto humano sobre a qualidade do ar, já que a intensidade da combustão de carvão aumentou significativamente no século XIX, principalmente na Grã-Bretanha. A queima de carvão mineral despejava toneladas de poluição atmosférica, causando danos à população, que sofria de doenças respiratórias, responsáveis por milhares de mortes na época.
Entre os episódios marcantes que foram consequência da poluição do ar, a situação da Inglaterra nos anos 1950 ganha destaque. Em 1952, devido à poluição particulada e compostos de enxofre liberados pelas indústrias na queima de carvão, além de péssimas condições climáticas que contribuíram para a não dispersão dessa poluição, cerca de quatro mil pessoas morreram em Londres por problemas respiratórios no período de uma semana.
Nos meses seguintes a esse evento, que foi conhecido como Big Smoke (Grande fumaça, em tradução livre), mais de oito mil pessoas morreram e cerca de outros 100 mil ficaram doentes.
Poluição atmosférica é um nome genérico que usamos para um vasto conjunto de substâncias. Os poluentes podem ser classificados em dois tipos: poluentes primários e poluentes secundários.
Poluentes primários são aqueles lançados diretamente na atmosfera, provenientes de fontes antrópicas e naturais. Já poluentes secundários são produtos de reações químicas e fotoquímicas, que ocorrem na atmosfera envolvendo os poluentes primários.
Um gás incolor, inodoro e tóxico. Produzido principalmente pela queima não completa de combustível. Ele causa interferência no transporte do oxigênio no nosso corpo, podendo causar asfixia.
É uma substância fundamental para os seres vivos. Os vegetais utilizam o dióxido de carbono para realizar sua fotossíntese, processo no qual eles usam a energia solar e o CO2 para produzir energia. O gás é produzido no processo de respiração celular, mas possui outras fontes, que são causa de boa parte da poluição do ar, como o processo de decomposição e a queima de combustíveis fósseis.
Esse gás é muito conhecido atualmente por ser um dos causadores do efeito estufa. Isso ocorre devido ao fato do CO2 absorver parte da radiação emitida pela superfície da Terra, retendo o calor, resultando em um aumento da temperatura.
Costumavam ser emitidos a partir de produtos como aparelhos de ar-condicionado, refrigeradores, sprays de aerossol, entre outros. Atualmente, esses compostos estão banidos em quase todo o mundo. Quando em contato com outros gases, os CFCs causam danos à camada de ozônio, sendo as grandes responsáveis pelo seu buraco, permitindo assim que os raios ultravioletas alcancem a superfície da Terra, causando problemas como câncer de pele.
O mais nocivo é o dióxido de enxofre (SO2), que é produzido em diversos processos industriais e por atividades vulcânicas. Na atmosfera, o dióxido de enxofre forma o ácido sulfuroso, causando a chuva ácida.
Em especial o dióxido de nitrogênio (NO2) é um grande fator de poluição do ar. Esses óxidos são gases altamente reativos, formados durante a combustão pela ação microbiológica ou por raios. Na atmosfera, o NOx reage com compostos orgânicos voláteis e monóxido de carbono, produzindo ozônio troposférico. É também oxidado em ácido nítrico, que contribui para a chuva ácida.
Esses elementos que integram a poluição do ar são químicos orgânicos emitidos por várias fontes, incluindo a queima de combustível fóssil, atividades industriais e emissões naturais da vegetação e de queimadas. Alguns COVs (ou VOCs, na sigla em inglês) de origem antropogênica, como o benzeno, são poluentes cancerígenos. O metano é um composto orgânico volátil que contribui para o efeito estufa e é cerca de 21 vezes mais potente que o monóxido de carbono.
Emitida principalmente pela agricultura devido ao uso de fertilizantes. Na atmosfera, a amônia é um tipo de poluição do ar que reage formando poluentes secundários.
São partículas finas de sólidos ou líquidos suspensos. Esse material ocorre naturalmente a partir de erupções vulcânicas, tempestades de areia, formação de nevoeiros e outros processos naturais. A ação humana produz MP em atividades industriais, mineração e combustão de combustíveis fósseis, entre outros.
Na atmosfera, esse material causa danos à saúde. Quanto menor a partícula, maiores os efeitos provocados. Alguns efeitos causados pelo material particulado são os problemas respiratórios e do coração.
O ozônio troposférico é fundamental para bloquear a radiação solar. Porém, esse ozônio que é formado na troposfera (mais perto da superfície da Terra), a partir de reações com outras substâncias poluentes, é uma forma de poluição do ar que causa diversos danos para a nossa saúde, como irritação e problemas respiratórios.
Existem várias atividades e fatores que são causas da poluição do ar. Essas fontes podem ser divididas em duas categorias:
A poluição do ar pode causar um enorme impacto em dois grandes âmbitos: saúde humana e meio ambiente. Entre os principais efeitos da poluição do ar, estão doenças respiratórias, problemas ambientais e redução da qualidade de vida.
Nesse último caso, os danos envolvendo o sistema reprodutivo podem incluir até infertilidade. Um estudo publicado na revista Environment International analisou mais de 18 mil casais na China e descobriu que aqueles expostos a níveis moderadamente mais altos de poluição tinham um risco de 20% maior de infertilidade.
Segundo os cientistas, as partículas de poluição são conhecidas por causar inflamação no corpo, o que pode prejudicar a produção de óvulos e espermatozoides. Outro estudo feito com 600 mulheres atendidas em uma clínica de infertilidade nos Estados Unidos descobriu que o aumento da exposição à poluição do ar estava associado a um menor número de óvulos em maturação nos ovários.
Outras pesquisas também já mostraram que o ar poluído pode provocar riscos à reprodução, incluindo nascimento prematuro e baixo peso ao nascer. Segundo cientistas, em relação ao aborto espontâneo, níveis comuns de dióxido de nitrogênio são tão ruins quanto fumar.
Uma equipe de estudiosos chineses descobriu que homens que vivem em áreas altamente poluídas podem apresentar baixa motilidade espermática. A partir de testes experimentais, os pesquisadores observaram que os homens expostos a partículas menores que 2,5 micrômetros tiveram, em média, uma diminuição de 3,6% na motilidade, quando comparados aos que não foram expostos.
Um outro estudo descobriu que mulheres que foram expostas a níveis mais elevados de poluição do ar tiveram um risco aumentado de alterações cerebrais ligadas à doença de Alzheimer ao longo de cinco anos.
Por fim, em um outro estudo, pesquisadores não conseguiram observar os benefícios da atividade física para a saúde cerebral quando o ambiente apresentou altos níveis de poluição do ar.
Os impactos ao meio ambiente dependem do tipo de poluição do ar e chegam na escala global. Entre os principais efeitos da poluição do ar sobre o meio ambiente se destacam:
Causa a acidificação da atmosfera. Nos corpos hídricos, ela proporciona a acidificação da água, causando a morte de peixes, e nos solos causa a modificação das suas propriedades físico-químicas. Nas florestas, as árvores são danificadas pela chuva ácida, assim como os prédios e as estruturas em centros urbanos que podem sofrer corrosão. Por esses motivos, diversos países começaram a adotar ações para reduzir os efeitos da precipitação ácida, como uma diminuição da quantidade de enxofre presente nos combustíveis.
O ozônio estratosférico forma uma camada que protege a vida na Terra da emissão de raios ultravioletas. Porém, com sua destruição devido aos químicos lançados na atmosfera pela humanidade, esses raios conseguem atravessar a camada, o que causa um aumento da quantidade de radiação UV, aumentando, nos humanos, o risco de desenvolver câncer de pele e outros problemas. Os raios ultravioleta também prejudicam a agricultura, porque algumas plantas, como a soja, são sensíveis a esse tipo de radiação.
Com a poluição do ar, a claridade e a visibilidade são diminuídas. Esse efeito interfere no processo de evaporação da água, porque as nuvens formadas absorvem o calor emitido pelo sol, fato que pode mascarar o aquecimento global.
O efeito estufa em si é um processo fundamental para a vida na Terra, pois faz com que o planeta se mantenha aquecido. Mas há teóricos que defendem que o aumento significativo das emissões de gases do efeito estufa, associado a outras ações também promovidas pela atividade humana, como o desmatamento de florestas, são determinantes no desequilíbrio do processo.
Isso resulta em maior retenção de energia e o aumento do efeito estufa, com o aquecimento da baixa atmosfera e aumento da temperatura média do planeta e possíveis distorções ambientais. O aquecimento global se tornou um dos maiores problemas da Terra, com efeitos que podem ser catastróficos.
Os vários tipos de poluição do ar acabam sendo depositados nos corpos hídricos por precipitação, causando uma mudança dos nutrientes presentes nesses sistemas. Algumas algas podem ser estimuladas na presença de poluentes como o nitrogênio, o que causa seu desenvolvimento e uma consequente diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido na água, levando à morte de peixes.
Assim como os humanos, os animais sofrem com problemas de saúde causados pela poluição do ar.
O Índice de Qualidade do Ar define o limite máximo para a concentração de certo poluente na atmosfera. Esse limite de concentração é um valor padronizado, que varia de acordo com a agência ou entidade que o define. Seu objetivo é informar a população sobre a qualidade do ar em uma determinada região em uma linguagem acessível. As medições são feitas em estações de monitoramento que medem a concentração dos poluentes, sobretudo a concentração de ozônio e partículas ao nível do solo.
Geralmente, ele é disponibilizado em tempo real na estação de monitoramento pelo órgão que cuida de sua medição na região. No Brasil, os padrões foram instituídos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e aprovados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), através da resolução Conama 03/90.
Um estudo mostrou que a quantidade de poluição que chega dentro de casa depende do tipo de poluição externa. Sendo assim, incêndios florestais, fogos de artifício e inversão térmica afetam o ar interno em diferentes graus. Por isso, pode-se concluir que o Índice de Qualidade do Ar externo depende de vários fatores e não é o mesmo que dentro de casa.
Tudo que consumimos ou fazemos deixa um rastro no planeta. Por isso, separamos algumas dicas para diminuir sua pegada quanto à poluição do ar:
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