A poluição do setor elétrico, ou poluição elétrica, é causada durante a geração, distribuição e consumo da energia elétrica, em todo o planeta. A necessidade do uso da eletricidade pelo ser humano é incontestável, mas a maneira como ela é gerada, distribuída e consumida deve ser repensada.
Durante a COP 28, a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que ocorreu de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, o debate central ficou por conta da transição energética.
Transição energética é um processo de mudança na matriz energética dos países. O objetivo é que as matrizes deixem de usar fontes de combustíveis fósseis, alternando para fontes limpas, de energia renovável.
A matriz energética brasileira é composta por cerca de 38% de fontes renováveis. Já a matriz elétrica – composta por todas as fontes de energia disponíveis para gerar eletricidade – é formada por quase 83% de fontes renováveis, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
No entanto, essa realidade não se reflete no resto do mundo: onde a geração de energia elétrica, por meio de fontes renováveis, não atinge 30%. Em termos de matriz energética, o valor é ainda mais baixo, cerca de 15%.
Conforme define a EPE, a matriz energética compreende todas as fontes que produzem diferentes formas de energia, utilizadas para suprir as necessidades energéticas de um país. Por exemplo, o petróleo é uma fonte utilizada para produzir combustível para os meios de transporte convencionais. Já o gás natural é utilizado nas residências, para cozinhar ou aquecer a água, e assim por diante.
Já a matriz elétrica representa todas as fontes de energia que são utilizadas exclusivamente para gerar eletricidade. A matriz elétrica faz parte da matriz energética de cada país.
Os impactos causados são muitos, considerando ainda que a matriz elétrica mundial tem pouco mais de 70% de sua composição a base de combustíveis fósseis.
A poluição elétrica, ou poluição do setor elétrico, causada durante a geração, distribuição e consumo da eletricidade, está diretamente relacionada à poluição do ar, poluição da água, poluição do solo – com o descarte de resíduos sólidos – e com o aquecimento global e as mudanças climáticas, além dos impactos sociais, por consequência. Os dados são da European Environment Agency (EEA).
Além disso, vale observar como o consumo de energia elétrica pode retratar a desigualdade social, no Brasil e no mundo. A eletricidade pode ser considerada como um insumo básico, um bem fundamental, de grande importância nos tempos atuais.
Ainda assim, um relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com outras organizações, destacou que em pleno século 21, existem 733 milhões de pessoas no mundo inteiro que não têm acesso à eletricidade. E ainda, quase 78% dessas pessoas estão no continente africano.
No Brasil, uma pesquisa da EPE mostrou que o consumo de energia elétrica residencial da classe mais rica é quase 6 vezes maior do que a classe de menor renda. Além disso, algumas cidades no interior do nordeste brasileiro ainda não têm acesso a eletricidade, pois não há ligação de linhas de transmissão com o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Já que a geração de energia elétrica é uma das grandes responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, contribuindo diretamente para o aquecimento global, a transição energética se faz absolutamente necessária.
A mudança das fontes de energia não renováveis para fontes de energia limpa e sustentáveis, como as de energia solar ou energia eólica, por exemplo, é urgente.
O aumento da eficiência energética – o uso mais eficiente da energia elétrica, evitando desperdícios e perdas – também tem um papel valioso na busca pela redução da poluição elétrica, conforme aponta a EPE.
Entre outros fatores, substituir o uso de lâmpada incandescente por lâmpada de LED (a venda de lâmpadas incandescentes está oficialmente proibida no País desde 2016), bem como o uso de eletrodomésticos que consumam menos energia (e a pesquisa sobre sua eficiência na hora de comprar algo novo), além do consumo consciente, são exemplos bem simples e fáceis de como fazer um uso mais inteligente da energia elétrica.
Mas em uma escala macro, algumas tecnologias também buscam pelo equilíbrio ecológico. Os veículos elétricos, por exemplo, são um exemplo da busca por um futuro mais sustentável. Mas isso não significa que essa busca esteja perto de acabar.
O primeiro carro elétrico foi criado ainda no século 19 e desde então a tecnologia inicial abriu o caminho para o contínuo desenvolvimento desse e de outros tipos de veículos elétricos. Mas foi só a partir dos anos 80, quando questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável do planeta começaram a tomar força, é que se iniciou também a busca por evolução nesse setor.
Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, a ABVE, em outubro de 2022 existiam, no Brasil, cerca de 114 modelos de carros elétricos, enquanto que na Europa a oferta já se aproximava de 200 modelos. No Brasil, nenhum deles é vendido por menos de 120 mil reais.
Os carros elétricos não emitem gases de efeito estufa ao serem utilizados, o que é uma enorme vantagem. No entanto, utilizam energia elétrica para carregar suas baterias, por meio de tomadas próprias ou adaptadores. Essa recarga pode ser feita em casa, na própria garagem, contanto que a estrutura seja construída respeitando a norma NBR5410, ou ainda em estações de recarga, que basicamente funcionam como os postos de combustíveis.
O tempo de recarga varia de acordo com o modelo do carro e a estação onde será realizada. Dependendo da combinação, o carro pode demorar de uma a oito horas para uma carga completa, segundo dados da Enel, concessionária que atua com geração e distribuição de energia elétrica em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA) mais de 10 milhões de carros elétricos foram vendidos em 2022. A previsão é de que sejam vendidos cerca de 230 milhões de carros elétricos até 2030.
Dados da Enel mostram que “abastecer” veículos elétricos sai mais barato do que carros comuns, que utilizam combustíveis à base de petróleo ou etanol. A empresa afirma que, para um carro elétrico, com cerca de 12 reais é possível rodar por 100 km, enquanto que um carro a gasolina, por exemplo, pagaria algo em torno de 50 reais pelos mesmos 100 km.
Levando em consideração que carros elétricos não emitem poluentes, como os carros convencionais a combustão, se estabelece uma relação positiva com o meio ambiente. Por outro lado, quando se analisa a matriz elétrica mundial, encontramos uma barreira a ser superada.
Um estudo, realizado pelo Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT), analisou os níveis de emissão de carbono relacionados ao processo de carga das baterias de carros elétricos.
Considerando a energia elétrica gerada por fontes de energia não renováveis, como o carvão, tendo em conta países como China ou Índia, o estudo constatou que as emissões de carbono associadas a veículos elétricos são significativamente menores do que as emissões de veículos convencionais.
Portanto, a poluição de carros elétricos existe, mas ainda assim é menor do que dos carros que utilizam gasolina ou diesel, por exemplo.
O ICCT considera ainda que, se tudo sair como o esperado, com o decorrer do tempo e a tendência global de substituição de fontes de energia fósseis por fontes renováveis, o cenário futuro será positivo.
E apesar dos elevadíssimos preços, isso irá garantir ao menos, carros elétricos livres de emissões.
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