A poluição nuclear é considerada a forma mais perigosa de poluição
A poluição nuclear, ou radioativa, é considerada a forma mais perigosa de poluição, porém para entendermos o que esse tipo de poluição pode nos provocar, veremos inicialmente o que são radiações.
Radiações são partículas ou ondas eletromagnéticas que contêm energia variável e que se propagam a uma determinada velocidade. Elas podem ser geradas por fontes naturais ou artificiais. Em contato com seres humanos ou com o meio ambiente, as radiações causam prejuízos à fauna, flora e à saúde.
Ainda não existem formas efetivas para descontaminar uma área afetada por poluição nuclear – quando o local é contaminado, ele costuma ser isolado. Além disso, os elementos radioativos têm uma durabilidade bem longa – o plutônio, por exemplo, apresenta como tempo de meia vida cerca de 24,3 mil anos.
Causas da poluição nuclear
As usinas nucleares e o lixo radioativo gerado por elas são a principal causa da poluição nuclear. No entanto, ela também pode ser gerada por meio de outras fontes, como:
- Raios cósmicos;
- Testes nucleares;
- Acidentes nucleares;
- Minerais radioativos presentes na natureza;
- Aplicações médicas: raios X e raios gama usados em tratamentos e exames médicos.
Vale ressaltar que a exposição a qualquer tipo de radiação de forma não controlada pode causar graves danos à saúde e ao meio ambiente.
Energia nuclear
Energia nuclear é a energia produzida em usinas termonucleares. O princípio de funcionamento de uma usina termonuclear diz respeito à utilização de calor para gerar eletricidade. O calor é proveniente da divisão do núcleo de átomos de urânio em duas partes, processo chamado de fissão nuclear.
Por ser uma fonte de energia altamente concentrada e de elevado rendimento, diversos países utilizam a energia nuclear como opção energética. As usinas nucleares já respondem por 16% da energia elétrica produzida no mundo.
Mais de 90% das usinas nucleares estão concentradas nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e na Rússia. Em alguns países como Suécia, Finlândia e Bélgica, a energia nuclear já representa mais de 40% do total de eletricidade produzida. A Coreia do Sul, China, Índia, Argentina e México também possuem usinas nucleares. O Brasil, por sua vez, possui duas usinas nucleares no litoral do estado do Rio de Janeiro, em Angra dos Reis, (Angra 1 e Angra 2).
Entretanto, a utilização da energia nuclear apresenta imensos riscos para a vida no planeta. Além de seu uso para fins não pacíficos, como a produção de bomba atômica, os resíduos gerados pela produção dessa energia representam um grande perigo para a humanidade.
Também existe o risco de acidentes nucleares e o problema do descarte do lixo nuclear (resíduos compostos de elementos radioativos, gerados nos processos de produção de energia). Além disso, a exposição aos resíduos de alta radioatividade pode causar danos irreversíveis à saúde, como câncer, leucemia e deformidades genéticas. Para saber mais sobre a energia nuclear, acesse a matéria “Energia nuclear pode ser sustentável?”.
Acidentes nucleares
O maior desastre nuclear da história ocorreu em Chernobyl, na região da Ucrânia, em 26 de abril de 1986, quando um reator da usina apresentou problemas técnicos, liberando uma nuvem radioativa com 70 toneladas de urânio e 900 de grafite na atmosfera. O acidente é responsável pela morte de mais de 2,4 milhões de pessoas nas proximidades e atingiu o nível 7, o mais grave da Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES).
Após a explosão do reator, vários trabalhadores foram enviados ao local para combater as chamas. Sem equipamento adequado, eles morreram em combate e ficaram conhecidos como “liquidadores”. A solução foi construir uma estrutura de concreto, aço e chumbo, para cobrir a área da explosão.
No entanto, a construção foi feita com urgência e apresenta fissuras, tanto que o local até hoje é nocivo pela radiação. Para se ter uma ideia da magnitude do acidente, o volume de partículas radioativas em Chernobyl foi 400 vezes maior do que o emitido pela bomba atômica de Hiroshima, lançada no Japão.
Outro acidente nuclear relevante aconteceu em Goiânia, em 1987, quando dois catadores de papel encontraram um aparelho de radioterapia e o levaram para um ferro velho. Após desmontarem o aparelho, os homens encontraram uma cápsula de chumbo com cloreto de césio em seu interior.
A coloração brilhante do cloreto de césio no escuro impressionou Devair Ferreira, o dono do ferro velho, que levou o “pó branco” consigo e distribuiu o material para familiares e vizinhos. O contato com o césio causou náuseas, vômitos e diarreias. Ao todo, onze pessoas morreram e mais de 600 foram contaminadas. A exposição à radiação atingiu 100 mil pessoas.
O ferro velho onde abriram a cápsula foi demolido, o comércio fechou e muitas pessoas se mudaram. As autoridades sanitárias construíram um depósito em Abadia de Goiânia, cidade próxima, para armazenar as mais de 13 mil toneladas de lixo atômico resultantes do processo de descontaminação da região.
Consequências da poluição nuclear
Como dito anteriormente, a exposição a qualquer tipo de radiação de forma não controlada pode causar graves danos à saúde e ao meio ambiente.
No meio ambiente, a radiação provoca prejuízos a fauna e a flora, podendo ocasionar a morte de diversos organismos. Em nosso corpo, a radiação causa a formação de radicais livres, moléculas instáveis que podem reagir com outras partes da célula, provocando seu rompimento, quebra de cromossomos ou alteração do material químico que formam os genes.
Todos esses problemas variam conforme a dose de radiação recebida pelo indivíduo. Quantidades muito altas de radiação causam lesões no sistema nervoso e em outros órgãos, levando a pessoa a óbito em poucos dias. Doses intermediárias de radiação atrapalham a renovação das células que se dividem constantemente, como as do tubo digestório, do sangue e da pele, provocando problemas como leucemia, tumores, hemorragias, diarreias, vômitos e infecções. A exposição a doses menores de radiação pode estimular uma redução no número de leucócitos.
Prevenção, controle e segurança
Diversas medidas de segurança e prevenção são adotadas a fim de diminuir os efeitos negativos da poluição radioativa e prevenir acidentes como o de Chernobyl. Existem inúmeras normas internacionais e órgãos reguladores com a responsabilidade de garantir a segurança na operação de reatores nucleares para a geração de energia. O treinamento correto dos profissionais que atuam na usina, a segurança do local, a contenção do material radioativo e procedimentos de emergência são fundamentais em cada instalação.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) promove o uso pacífico para a energia nuclear e desencoraja o seu uso militar, atuando juntamente com a ONU. A destinação do lixo atômico é outra questão fundamental para a utilização dessa fonte de energia. Sua disposição final deve se dar em instalações para armazenamento de longo prazo ou definitivo, devido ao grande tempo necessário para que o material radioativo se torne inofensivo.