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Pesquisadores analisaram quatro diferentes tipos de aditivos encontrados no plástico e concluíram que esses compostos podem afetar a taxa de reprodução de uma espécie essencial para a cadeia alimentar
Uma pesquisa descobriu que alguns aditivos encontrados no plástico podem interromper ou parar os hábitos reprodutivos de um anfípode essencial para a cadeia alimentar. Até então, a maioria das pesquisas envolvendo o impacto do plástico em espécies marinhas focava, principalmente, em espécies vertebradas e partículas de plástico visíveis.
Frente a isso, pesquisadores da Universidade de Portsmouth, da Inglaterra, analisaram os efeitos de quatro aditivos químicos na espécie Echinogammarus marinus, uma criatura semelhante a um camarão encontrada nas costas da Noruega ao sul de Portugal.
“Essas criaturas são comumente encontradas nas costas europeias, onde constituem uma quantidade substancial da dieta de peixes e pássaros. Se forem comprometidos, isso terá um efeito em toda a cadeia alimentar.”, disse Alex Ford, autor correspondente do estudo.
As descobertas foram reveladas através da análise do emparelhamento pré-copulatório da espécie — a formação de pares para a reprodução. Essa é uma estratégia comum para a análise da medida quantitativa do impacto de vários compostos no acasalamento, registrando o tempo necessário para a ruptura e reforma dos pares.
Os quatro aditivos analisados incluem substâncias comumente encontradas no dia a dia humano, incluindo dois plastificantes, n-butil benzeno sulfonamida (NBBS) e fosfato de trifenila (TPP), e dois ftalatos, 2-etilhexil ftalato (DEHP) e dibutilftalato (DBP). Enquanto o DEHP e o DBP são encontrados em suprimentos médicos, embalagens de alimentos e brinquedos, o TPP é usado principalmente como retardador de chama.
O NBBS, por sua vez, é comum em produtos de nylon, dispositivos médicos e utensílios de cozinha.
“Escolhemos estes quatro aditivos porque a suspeita de perigo que representam para a saúde humana está bem documentada. Dois dos produtos químicos que investigamos (DHP e DEHP) são regulamentados e não podem ser utilizados em produtos na Europa. Os outros dois produtos químicos não têm restrições atuais e são encontrados em muitos produtos domésticos. Queríamos testar os efeitos que esses produtos químicos tinham no comportamento de acasalamento aquático”, disse Bidemi Green-Ojo, autor principal do estudo.
Foram analisados 480 pares da espécie nos quatro aditivos, em seis concentrações diferentes — incluindo dois controles. Assim, foi concluído que a exposição a todos os aditivos químicos prolongou os tempos de contato e reparo entre os pares, além de reduzir até 60% na contagem de espermatozoides dos animais expostos a níveis elevados dos produtos químicos.
“Este comportamento de acasalamento malsucedido tem sérias repercussões, não apenas para as espécies testadas, mas potencialmente para a população como um todo. Esses animais formam pares para se reproduzir. Uma vez expostos a um produto químico, eles se separavam do parceiro e demoravam muito mais tempo – em alguns casos, dias – para se recomporem, e às vezes não se recuperavam”, disse Ford.
“Devemos compreender mais sobre estes produtos químicos e como eles afetam o comportamento. Muitos tipos de comportamento – como alimentação, modo de luta ou fuga e reprodução – são essenciais na vida de um animal, e qualquer comportamento anormal pode reduzir as chances de sobrevivência”, completou Green-Ojo.
