Poluição plástica no oceano prejudica aves marinhas

Compartilhar

Uma nova pesquisa publicada no jornal Nature comprovou que a poluição plástica no oceano oferece um grande risco às aves marinhas. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram informações de mais de 7 mil aves de 77 espécies de petreis — aves procelariformes da família Procellariidae.

A análise foi feita com informações coletadas entre 1995 e 2020 e essa é a primeira vez que dados de rastreamento de tantas espécies de aves marinhas foram combinados em mapas da distribuição de plástico nos oceanos.

Os pesquisadores sobrepuseram dados de localização global, obtidos de dispositivos de rastreamento anexados às aves, em mapas pré-existentes de distribuição de plástico marinho. Isso possibilitou a identificação do padrão migratório dos pássaros e outras áreas em que podem encontrar plástico. 

Estudo mostra que 90% das aves marinhas ingerem plástico dos oceanos

Cada espécie analisada recebeu uma “pontuação de risco de exposição” indicando seu risco de encontrar plástico durante seu tempo no oceano. Diversas espécies já ameaçadas, incluindo algumas da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, tiveram uma pontuação alta. 

De acordo com a pesquisa, aves oceânicas são mais propensas a encontrar o plástico quando se alimentam perto de fontes próximas a populações humanas densas, áreas de pesca e rotas de navegação, ou em giros no meio do oceano onde o lixo se acumula. 

A escolha dos petreis para a análise foi feita por conta da ampla distribuição da espécie em todo o oceano. Desse modo, foram consideradas as “espécies sentinelas” do estudo, possibilitando uma melhor compreensão sobre os riscos da poluição plástica no ambiente marinho.

Foi possível observar que os petreis são algumas das aves mais sensíveis ao resíduo plástico. Enquanto grande parte dos pássaros é capaz de regurgitar itens indigeríveis, os petreis, por conta de sua morfologia, podem reter o plástico por longos períodos.

“Quando os petreis comem plástico, ele pode ficar preso em seus estômagos e alimentar seus filhotes. Isso deixa menos espaço para comida e pode causar lesões internas ou liberar toxinas”, disse Lizzie Pearmain, e co-autora correspondente do estudo.

Além disso, o time de cientistas pode concluir que juntos, o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro respondem por mais da metade do risco global de exposição de petreis ao plástico.

Giro do Pacífico Norte: poluição plástica do tamanho de um país

As espécies marinhas sofrem em consequência da poluição plástica em conjunto com outras ameaças, como a pesca e as mudanças climáticas. No entanto, a falta de conhecimento sobre os fatores que afetam o encontro dessas espécies com o plástico resultou na curiosidade dos pesquisadores. 

Com o crescente aumento da produção de plástico, é importante identificar espécies em risco para que medidas de conservação e proteção desses animais sejam realizadas. 

“Este estudo é um grande avanço na compreensão da situação, e nossos resultados irão alimentar o trabalho de conservação para tentar lidar com as ameaças às aves no mar”, disse o professor Andrea Manica, co-autor do estudo e professor do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais