Um estudo publicado na Nature Sustainability investigou como diminuir os impactos ambientais dentro da luta contra a erradicação da pobreza. De acordo com os dados levantados, pesquisadores concluíram que diversas mudanças estruturais devem ser feitas, principalmente dentro da população mais rica do planeta.
Outras mudanças sugeridas pela pesquisa incluem a gestão sustentável de outros recursos, como água, energia, infraestrutura e alimentos.
O objetivo do estudo é reduzir os possíveis efeitos ambientais negativos dentro dessa transição, que foram evidenciados dentro dos dados coletados. A pesquisa evidenciou, por exemplo, que se a erradicação da pobreza fosse atingida em 2018, as emissões de gases de efeito estufa aumentariam de 15% a 26%. Similarmente, o uso do solo e da água também seria aumentaria em 2% a 5%.
Entretanto, nenhum desses impactos é tão relevante quanto os efeitos ambientais derivados do 5% mais rico da população.
Um outro estudo, também publicado na Nature Sustainability, evidenciou esses impactos. De acordo com o que foi levantado, 10% da população é responsável por 50% das emissões de gases do efeito estufa, enquanto 50% mais pobres da população mundial representam apenas 12% das emissões globais.
Os dados da segunda pesquisa indicam os valores de 2019. Porém, esse padrão se repete desde 1990, em que os ricos possuem uma maior responsabilidade dentro da destruição do planeta.
Por isso, o foco de ações na diminuição de impactos ambientais dentro da erradicação de pobreza e em geral, deve ocorrer principalmente na população mais rica.
Crelis Rammelt, professor assistente de geografia ambiental e estudos de desenvolvimento na Universidade de Amsterdã e líder da pesquisa mais recente enfatiza isso:
“Nossa pesquisa é importante porque muitas pessoas assumem que atender às necessidades dos mais pobres é possível sem grandes redistribuições e transformações na sociedade. (…) No entanto, é importante enquadrar esses potenciais impactos no contexto de desigualdades mais amplas no uso de recursos e impactos ambientais hoje. São os ricos que se apropriam da maior parte dos recursos da Terra, não os pobres.”
Chukwumerije Okereke, co-autor da pesquisa e professor da Universidade Federal Alex Ekwueme, também reforça que a ênfase dessas mudanças deve ocorrer na promoção de meios sustentáveis para acabar com a desigualdade social, e não na responsabilização de países mais pobres sobre seus atos na luta contra a erradicação da pobreza.
Entre as soluções sugeridas na pesquisa, dentro do que pode ser feito na redução dos impactos da população rica, pesquisadores reforçam uma possível implementação de impostos sobre o alto consumo ou a promoção de tecnologias sustentáveis.
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