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O peixe não sabe que a água existe, assim como muitos cidadãos urbanoides, excessivamente conformados aos moldes das cidades, não conseguem vislumbrar a possibilidade de contentamento em outros estilos de vida livres de arranha-céus e estradas, por exemplo.

É comum que as pessoas considerem a poluição térmica, visual, auditiva e do ar como elementos intrínsecos à vida moderna.

Entretanto, tratando-se de estradas, o principal problema está no conflito inerente entre seu papel de corredor de movimento e sua função como lugar. Ao priorizar o fluxo de veículos, como carros e caminhões, as estradas perdem sua capacidade de ser um espaço agradável e funcional para as pessoas.

O resultado é uma via que não atende nem aos motoristas nem aos pedestres e ciclistas. Em muitos casos, essas estradas até podem facilitar o trânsito, mas se tornam lugares hostis para quem deseja caminhar ou pedalar.

Nas estradas, o movimento de veículos é priorizado em detrimento das pessoas e do senso de lugar, resultando em um desequilíbrio na alocação de espaço.

A prevalência de estradas reflete uma visão ultrapassada do planejamento urbano, que considerava todas as vias como meros corredores para veículos.

A solução para esse problema passa por uma mudança na forma como o espaço urbano é utilizado. Muitos estados australianos começaram a implementar uma estrutura chamada “movimento e lugar”, que reconhece que as ruas não são apenas para veículos, mas também para pessoas e mercadorias.

Essa estrutura ajuda a identificar o papel das vias e onde elas falham, mas, para resolver o problema, é necessário mudar as prioridades.

É imperativo reduzir o espaço destinado aos veículos e redistribuí-lo para as pessoas e para o uso público.

Esse conceito é conhecido como “ruas completas”, que reimaginam a disposição das vias urbanas, dando mais espaço aos pedestres e ao transporte público. Essas reformas não apenas melhoram o fluxo geral de pessoas, mas também trazem benefícios econômicos para a região.


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