Nova pesquisa revela que as pessoas tendem a confiar mais em algoritmos do que em outros seres humanos. Mas nem sempre a inteligência artificial é tão confiável assim
Apesar da crescente preocupação com a intrusão de algoritmos na nossa vida diária, parece que estamos mais dispostos a confiar neles do que em outras pessoas – especialmente diante de uma tarefa que julgamos “desafiadora”. Essa é a conclusão de uma nova pesquisa desenvolvida por cientistas de dados da Universidade da Georgia, nos Estados Unidos, e publicada na revista científica Scientific Reports.
Os algoritmos interferem em várias decisões do nosso cotidiano: desde a escolha da próxima música a ser tocada em uma playlist até o tamanho daquela calça jeans que estamos “namorando” em uma loja virtual. E, segundo o estudo, nós tendemos a confiar mais nos conselhos deles para tomar decisões do que no nosso círculo de amigos ou familiares.
Para a pesquisa, a equipe pediu a voluntários que contassem o número de pessoas em uma fotografia, fornecendo, por um lado, sugestões geradas por um grupo de pessoas, e por outro sugestões geradas por um algoritmo.
À medida que o número de pessoas na fotografia aumentava, a contagem se tornava mais difícil. Diante do desafio, as pessoas se mostraram mais dispostas a seguir a sugestão gerada por um algoritmo, em vez de continuar calculando por conta própria ou de acatar a opinião do grupo.
Para tarefas mais complexas, que exigem precisão, parece natural que acreditemos mais na confiabilidade de sistemas de inteligência artificial, que são baseados em dados e números, do que na percepção de nossos semelhantes, que é passível de falhas. No entanto, nem sempre esse julgamento corresponde à realidade.
O reconhecimento facial e os algoritmos de contratação têm sido examinados nos últimos anos, porque seu uso revelou preconceitos culturais na forma como foram construídos, o que pode causar imprecisões ao comparar rostos a identidades ou rastrear candidatos qualificados a empregos, segundo os pesquisadores.
Esses preconceitos podem não aparecer em tarefas mais simples, como contar pessoas em uma fotografia. No entanto, sua presença em outros algoritmos supostamente confiáveis torna muito importante entender por que as pessoas confiam em algoritmos ao tomar decisões.
Este estudo faz parte de um programa de pesquisa maior que analisa a colaboração homem-máquina, financiado por uma doação de 300 mil dólares do Escritório de Pesquisa do Exército dos EUA.
O objetivo final é investigar grupos de humanos e máquinas que tomam decisões e entender como o nível de confiança entre eles interfere em seu comportamento. A equipe atualmente estuda a confiança das pessoas ao fazerem julgamentos criativos e morais, como redigir textos descritivos e definir a fiança de prisioneiros.