De acordo com uma recente pesquisa, a prática de atividade física pela mãe, antes e durante a gestação, e pelo pai, antes da cópula, pode resultar em filhos com menor chance de desenvolver obesidade na vida adulta. O estudo foi feito com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e realizado com camundongos.
“Os resultados indicam que a prole de pais e de mães submetidos ao treinamento engorda menos que a de pais e mães sedentários quando alimentada com dieta rica em gordura. Parece haver uma conjunção de fatores que faz com que a ingestão alimentar seja menor e o gasto calórico, maior”, contou o professor coordenador do estudo em entrevista à Agência Fapesp.
Primeiro, foram realizados experimentos avaliando os impactos de atividade física materna nos descendentes – as fêmeas foram submetidas a nadar uma hora por dia, cinco dias da semana, por quatro semanas, com uma carga equivalente a 3% de seu peso corporal amarrada à cauda. Após isso, foram colocadas para cruzar e o treinamento continuou na mesma intensidade durante toda a gestação.
Observando-as ao final, os cientistas perceberam que as que haviam sido submetidas ao treinamento apresentavam peso corporal semelhante ao grupo das fêmeas sedentárias, mas com a diferença de 20% no percentual de gordura, resultando em um peso corporal 7% menor dos filhotes ao nascer, ficando abaixo do peso considerado normal.
Analisando-se as placentas, foi observada uma queda na expressão de um gene relacionado com o metabolismo energético – responsável pela produção do hormônio leptina (inibidor do apetite) – , e no gene do fator de crescimento placentário – proteína importante na formação de novos vasos sanguíneos – nas mães treinadas.
Os resultados mostram que os filhotes receberam uma quantidade menor de nutrientes, explicando o menor peso. Isso porque, muito provavelmente, o organismo das mães desviou energia que seria para os bebês, para a prática dos exercícios. Outros fatores estão sendo analisados, como o número e o tamanho dos vasos, para avaliar quanto o exercício afetou a placenta.
Chegando à idade adulta, o peso e o tamanho da prole dos dois grupos já estavam equivalentes; então, por 16 semanas, foram alimentadas com uma dieta rica em gordura (hiperlipídica). Ao final, os filhotes das mães sedentárias estavam cerca de 60% mais pesados, enquanto os filhos das mães treinadas não sofreram alteração no peso, além de terem apresentado gasto calórico 5% maior.
Após os experimentos maternos, o grupo de pesquisadores começou os experimentos paternos, buscando saber se a prática de exercícios físicos pelos pais também afetaria o metabolismo da prole, e surpreendentemente os resultados obtidos foram muito semelhantes.
Assim como nas fêmeas, os machos foram submetidos a um treinamento específico (natação) por quatro semanas e em seguida, colocados pra cruzar. Os filhotes nascidos, embora gerados por mães sedentárias, apresentavam também menor peso e tamanho em relação aos camundongos do grupo controle (sem o treinamento) e ao atingirem a idade adulta e serem alimentados pela dieta hiperlipídica, não engordaram.
Os pesquisadores agora visam novos estudos, como comparar o esperma dos machos treinados e não treinados e ver se há diferença na quantidade e na mobilidade dos espermatozoides e também avaliar os netos de pais e mães treinados para verificar se a resistência à obesidade observada nos filhos é transmitida para a segunda geração.
O coordenador do estudo ressaltou que ainda é preciso aprofundar as análises para confirmar se a prática de atividade física pelos pais é capaz de induzir uma programação fetal protetora e benéfica na prole. Também afirmou que é cedo para transpor os resultados observados em camundongos para humanos.
Fonte: Agência Fapesp
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