O termo pré-sal é usado no Brasil para se referir ao reservatório de petróleo encontrado na costa brasileira. Trata-se de uma ocorrência de hidrocarbonetos em águas ultra-profundas da Bacia de Santos. Sua descoberta foi anunciada no final de 2007 e aumentou a chance de tornar o Brasil um dos maiores produtores de petróleo e gás do mundo.
Segundo a Petrobras, as rochas do pré-sal funcionam como imensos reservatórios de gás e petróleo situados sob uma extensa camada de sal, que se estende na região costa-afora entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, numa faixa com cerca de 800 km de comprimento por 200 km de largura. Nessa faixa, a lâmina d’água varia de 1.500 a 3.000 metros de profundidade, e os reservatórios estão localizados sob uma pilha de rochas com 3.000 a 4.000 metros de espessura, situada abaixo do fundo marinho.
A área de abrangência dos reservatórios do pré-sal distribui-se pelas bacias sedimentares de Santos e Campos, situadas na margem continental brasileira, como pode ser visualizado na imagem a seguir:
A qualidade do petróleo encontrado, caracterizado como leve (de melhor qualidade do que o petróleo pesado), torna viável a diminuição das importações do produto, embora exija desenvolvimento tecnológico apropriado.
O petróleo e o gás são, quimicamente falando, hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados apenas por hidrogênio (H) e carbono (C).
O metano (CH4) é o hidrocarboneto de estrutura mais simples. O petróleo, por outro lado, é formado por uma mistura complexa de hidrocarbonetos que podem apresentar moléculas em forma de cadeias, anéis ou outras estruturas. Essa mistura varia conforme a origem do petróleo, mas é predominantemente formada por parafinas normais, cíclicas e ramificadas, resinas, asfaltenos e aromáticos.
O pré-sal se originou com o acúmulo de hidrocarbonetos formados a partir da matéria orgânica encontrada nas chamadas rochas geradoras. Esse acúmulo ocorreu com a migração desses hidrocarbonetos para rochas reservatórios (que permitem a circulação e armazenamento de petróleo e gás) e rochas selantes (que impedem o escape do petróleo e do gás quando recobrem as rochas reservatórios).
Com o afastamento do continente africano do Brasil, que se deu pelo movimento de placas tectônicas, formou-se um rifte. Um rifte é um tipo de bacia sedimentar delimitada por falhas profundas. Esse processo, chamado de rifteamento, pode evoluir para a ruptura continental e formar um oceano. E foi esse o caso da margem continental brasileira, na qual a formação dos reservatórios do pré-sal está diretamente relacionada aos movimentos tectônicos, que promoveram a ruptura do paleocontinente Gondwana, causando a separação dos continentes sul-americano e africano – processo que culminou com a abertura do Oceano Atlântico Sul.
A formação das bacias de Santos e Campos teve início no período Cretáceo, há mais de 130 milhões de anos. A evolução dessas bacias tem sido relacionada a quatro estágios: pré-rifte (ou do continente), rifte (ou do lago), proto-oceânico (ou do golfo) e drifte (ou do oceano).
O estágio pré-rifte, ou do continente, se deu com a deposição de sedimentos vindos de correntes de água, ventos e rios, e, em tese, ocorreu em uma grande depressão na porção leste-nordeste do Brasil e oeste-sudoeste da África.
No estágio rifte, ocorreu vulcanismo há aproximadamente 133 milhões de anos, sobretudo na região das atuais bacias de Santos e Campos.
O estágio pós-rifte se caracteriza pela entrada de um mar ao sul, controlado por um alto topográfico constituído por rochas basálticas. O cenário daquela época era o de um golfo estreito e alongado, muito semelhante ao do atual Mar Vermelho, situado entre o nordeste da África e a Península Arábica.
O contínuo afundamento do assoalho da bacia, o clima quente, a salinidade da água e as altas taxas de evaporação permitiram a formação do pacote de sal, que serviu como selante, exercendo o efeito de soterramento e sobrecarga, completando o quadro do sistema petrolífero do pré-sal.
No estágio drifte, teve início a separação entre os continentes sul-americano e africano e a formação do Oceano Atlântico Sul. Esse estágio teve início há cerca de 112-111 milhões de anos e perdura até hoje.
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