Segundo o professor Pedro Soler Coltro, “a grande característica do queloide é que ele ultrapassa os limites da incisão original”
Por Simone Lemos em Jornal da USP – Em geral um machucado superficial ou cirurgia cicatriza normalmente, ficando só com uma mancha ou um risquinho na pele, mas há casos em que uma produção acima do normal de colágeno faz com que o que seria discreto se torne uma cicatriz alterada, com relevo e coloração mais escura. Essa alteração se chama queloide e, apesar de não ficar bonita, é benigna e não traz riscos à saúde. Sua principal característica é que ele ultrapassa os limites da incisão original e fica mais grosso, elevado e duro.
O professor Pedro Soler Coltro, do Departamento de Cirurgia e Anatomia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, explica que diversos fatores podem ocasionar a cicatrização alterada. “Existem predisposições raciais e genéticas. Pessoas de pele negra e amarela têm mais suscetibilidade genética e não há explicação científica para isso.” O fato de nunca ter formado queloide na pele não quer dizer que nunca vá surgir. Ombro, lóbulo da orelha e tórax são os locais onde ele costuma aparecer.
Coltro explica que o queloide tem um potencial de recidiva com grande chance de voltar e, por esse motivo, sempre que alguém vai realizar um procedimento de correção, isso é ressaltado. Não existe prevenção para o problema, mas há múltiplas opções de tratamento e o professor gosta muito de utilizar a terapia tripla. Ele explica que “ela se caracteriza pela cirurgia, para retirada do queloide, a outra é a aplicação de corticoide no local da lesão e a última é a betaterapia, realizada em torno 24 horas após a cirurgia. Essa é uma radioterapia mais superficial e menos intensa, onde se busca modular as células da cicatrização que fazem o depósito excessivo do colágeno”.