Preservar áreas naturais em zonas de cultivo aumenta polinização e rendimento de lavouras, aponta estudo

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A preservação de fragmentos de vegetação nativa em áreas agrícolas pode elevar em até 20% a produtividade de cultivos como canola e fava, segundo estudo realizado na Península de Yorke, no sul da Austrália. Pesquisadores da Universidade da Austrália do Sul (UniSA) constataram que plantas localizadas a até 200 metros de habitats naturais produzem mais sementes devido à ação de polinizadores como abelhas e outros insetos. Os resultados desafiam práticas tradicionais de desmatamento para expansão de lavouras, indicando que a conservação ambiental é aliada da agricultura sustentável.

Polinizadores dependem de habitats preservados
A pesquisa, publicada na revista Agriculture, Ecosystems & Environment, analisou o impacto de faixas vegetais às margens de estradas e fragmentos isolados de flora nativa na polinização de canola e fava. Em regiões onde mais de 87% da vegetação original foi suprimida para agricultura, esses remanescentes são refúgios para insetos essenciais à reprodução das plantas. Lavouras próximas a esses habitats registraram aumento de 12% na produtividade de fava e 20% em canola, comparadas às áreas centrais dos campos.

Fragmentos vegetais são estratégicos para a biodiversidade
Bianca Amato, autora principal do estudo, destaca que mesmo pequenas porções de vegetação residual têm papel fundamental. “A vegetação à beira de estradas, muitas vezes subestimada, é vital para manter polinizadores e garantir colheitas robustas”, explica. A degradação desses espaços, comum em práticas agrícolas intensivas, reduz a diversidade de espécies e compromete a resiliência dos ecossistemas.

Incentivos para restaurar áreas naturais
Diante dos resultados, cientistas defendem políticas públicas que estimulem agricultores a recuperar e proteger habitats naturais. A medida não só ampliaria a produtividade, mas também frearia a perda de biodiversidade, já que 40% das espécies de polinizadores globais estão ameaçadas. A restauração de faixas vegetais entre cultivos e estradas surge como solução viável para conciliar produção agropecuária e conservação.

Desmatamento pode comprometer lucratividade
O estudo alerta para os riscos econômicos da supressão indiscriminada de vegetação. A prática, ainda comum em várias regiões agrícolas, reduz a presença de polinizadores e, consequentemente, o potencial produtivo das lavouras. “A vegetação nativa não é um obstáculo, mas um recurso estratégico”, reforça Sophie Petit, ecologista da UniSA. A longo prazo, a integração entre habitats naturais e áreas cultivadas emerge como caminho para segurança alimentar e equilíbrio ecológico.

Mais detalhes sobre a pesquisa podem ser encontrados no artigo científico disponível em: DOI: 10.1016/j.agee.2025.109481.

Equipe eCycle

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