Por Rodrigo Tammaro em Jornal da USP – A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou a primeira vacina contra a malária da história. A instituição ainda recomendou a aplicação do imunizante nas regiões com altas taxas de infecção, principalmente no continente africano.
Foram mais de três décadas de pesquisa para que a vacina RTS,S – também chamada de Mosquirix – fosse aprovada. Segundo Cláudio Farias Marinho, professor do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, a complexidade dos protozoários dificulta o desenvolvimento de imunizantes.
“Esses parasitas têm mecanismos de escape do nosso sistema imunológico e fazer uma vacina com sucesso é uma tarefa árdua”, afirma Marinho, ao comparar a rapidez com que os imunizantes contra o coronavírus foram desenvolvidos.
A malária é uma doença infecciosa causada por alguns protozoários do gênero Plasmodium e transmitida para os humanos através da picada de um mosquito contaminado. Entre os sintomas, estão febre, dores e fadiga. Em 2019, foram 229 milhões de casos e mais de 400 mil mortes, a maioria crianças.
A vacina age contra um tipo específico de protozoário, o Plasmodium falciparum, e será aplicada justamente nas crianças. Ao todo, são quatro doses, a primeira aos cinco meses, e a última aos 18 meses de vida. No Brasil, onde outra espécie de plasmódio é mais comum, ela não deve ser utilizada.
Segundo o professor, a Mosquirix tem eficácia entre 26% e 50%, um índice considerado baixo. Entretanto, Marinho ressalta que a vacina será muito importante para conter a mortalidade infantil.
“É muito importante quando você compara o número de óbitos anuais”, afirma, “então, é um passo gigantesco dos cientistas e certamente nos próximos anos nós vamos salvar muitas crianças utilizando essa vacina no continente africano”.
O professor também ressalta o envolvimento do Brasil nessa descoberta. Ele cita Ruth Nussenzweig, professora da USP que, em 1967, demonstrou pela primeira vez a possibilidade de gerar imunidade protetora para a malária. “Toda a comunidade científica sempre lembra esse fato”, comenta Marinho.
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