A priprioca é uma espécie nativa da Amazônia paraense, conhecida por seu odor único
A priprioca é uma planta originária da região da Amazônia brasileira, popularmente comercializada no estado do Pará. De nome científico Cyperus articulatus L., ela é considerada uma espécie de capim alto. As suas pequenas flores brancas e tubérculos exalam um perfume marcante e amadeirado. Muito usada na produção de cosméticos, a planta também faz parte da preparação de medicamentos e pratos culinários.
Para o que serve a priprioca?
No Pará, região nativa da espécie, a priprioca costuma ser encontrada em vendas de ervas — principalmente na feira do Ver-O-Peso. Os usos são os mais diversos, desde banhos até a preparação de simpatias para atrair amor. Na culinária, a planta ganhou fama graças ao cozinheiro Alex Atala, que dedicou seus estudos para entender melhor o sabor da espécie.
Como planta medicinal, a priprioca é usada para tratar edemas, reumatismo e estresse. As principais propriedades encontradas nela são as antifúngicas, antimicrobianas, anti-inflamatórias, afrodisíacas, hidratantes e aromáticas. Por esse mesmo motivo a espécie é popular na produção de cosméticos, como perfumes e cremes. Além de ser comumente encontrada como óleo essencial.
Outro uso da priprioca que faz bastante sucesso é o artesanato. As raízes e os rizomas da planta são duráveis e, devido às propriedades antifúngicas, os produtos são mais resistentes ao mofo. O aroma marcante dos produtos dessa espécie fazem com que ela seja chamada de “cheiro do Pará” por quem trabalha com os derivados.
Qual a história da priprioca?
A exploração da priprioca data de mais de 200 anos atrás, segundo o “Livro da Visitação do Santo Ofício da Inquisição”, de 1763. Na época a planta medicinal era uma ferramenta importante para o trabalho de benzedeiras e curandeiras da região norte. Com o avanço dos biocosméticos, por volta do fim do século XX, o produto passou a ter uma produção de larga escala. Logo se tornou matéria prima de muitos perfumes, cremes e shampoos encontrados no mercado.
Porém, a história da priprioca não começa aí, na verdade, ela tem suas origens em uma lenda contada pelo povo indígena Aruaca. Segundo o conto, Piripiri era um guerreiro bonito e forte, que tinha um odor irresistível e misterioso. Esse cheiro deixava todas as indígenas apaixonadas pelo homem.
Entretanto, ele nunca era cativado por nenhuma delas. Isso porque sempre que tentavam chegar perto de Piripiri, ele sumia em fumaça. Um dia, orientadas pelo pajé de sua nação, as indígenas amarraram o guerreiro pelos próprios cabelos. O objetivo era não deixá-lo fugir.
A ação foi em vão e na manhã seguinte ele desapareceu para sempre. Porém, havia deixado para trás uma planta, que exalava o mesmo cheiro que o homem.
Graças a esse odor característico, os indígenas chamaram a planta de Piripirioca, que no português significa “a casa de Piripiri”. Com o passar dos anos a palavra foi se contraindo devido ao vocabulário popular, e se tornou priprioca. No entanto, a espécie ainda pode ser encontrada pelo nome original.
A priprioca tem importante papel na economia das populações tradicionais de Santo Antônio do Tauá e Acará (PA), e no distrito de Belém, Ilha de Cotijuba (PA).