Por Jornal da USP | Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2018 a produção mundial de arroz em casca foi de cerca de 782 milhões de toneladas. Contudo, esse valor vem diminuindo nos últimos anos e especialistas preveem a maior escassez de arroz mundial em 20 anos. Segundo a professora Giovana Ribas, do Departamento de Produção Vegetal do curso de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, em Piracicaba, esse déficit representa a redução de 350 mil hectares da terra para a produção do produto.
A produção de arroz está tendo a sua carga mundial reduzida, e com isso o mercado global deve registrar um déficit de 8,7 milhões de toneladas do produto. Segundo a professora Giovana, esses problemas estão associados à questão climática; dessa forma, em países que apresentam uma grande produção dessa agricultura, como a China e o Paquistão, inundações estão impossibilitando a sua elaboração. “Esse fator, associado a questões políticas que estamos enfrentando, como a guerra na Ucrânia, limita a produção de arroz a nível mundial”, explica a especialista. Além disso, Giovana comenta que os fertilizantes estão ficando mais caros, fator que, juntamente com as questões associadas ao clima, também afetam o Brasil. É importante lembrar que nenhum desses problemas apresenta uma perspectiva de mudança rápida.
A professora comenta que, pensando nesses cenários, é importante destacar que o arroz apresenta uma baixa rentabilidade em alguns locais, ou seja, a margem de lucro não é grande para os produtores. Com isso, agricultores acabam substituindo o arroz por diferentes tipos de culturas, como a soja e o milho. A professora comenta que, enquanto em 2015 a safra prevista para o arroz era de 1,2 milhões de hectares, a expectativa para este ano é de que ela caia para 850 mil hectares, apresentando uma significativa redução de 350 mil hectares nessa produção. Outro dado importante sobre o arroz é o fato de não ser uma commodity. Dessa forma, não é possível fixar o seu preço, fator que faz com ele dependa das diferente variações de oferta e demanda.
O El Niño é um dos fatores climáticos que são capazes de influenciar a produtividade desse produto. Em território nacional, por exemplo, esse fenômeno aumenta o número de chuvas e diminui a disponibilidade de radiação solar. Esses agentes conseguem modificar a produção de arroz e podem afetar a quantidade disponibilizada para a população, contribuindo para que a oferta e a demanda sejam apresentadas globalmente desequilibradas.
A professora comenta ainda sobre a possibilidade de o Brasil ocupar o espaço de alguns países para exportação: “Cerca de 80% do arroz produzido no Brasil fica no País, contudo, como as exportações de países como China e Paquistão estão diminuindo, o Brasil apresenta uma oportunidade de lucrar com esses nichos”, explica a professora. É interessante notar que cada país consome um certo tipo de arroz, sendo interessante exportamos para países da América Latina.
Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
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