O Produto Interno Bruto (PIB) é uma medida amplamente utilizada em todo o mundo. Ele resume em um único número o valor de todos os bens e serviços comprados e vendidos em um país durante um período específico, mas não leva em conta as contribuições que a natureza oferece para a atividade econômica e o bem-estar humano. Um novo estudo, realizado por uma equipe internacional e publicado recentemente, chama isso de “omissão crítica” e sugere uma nova medida capaz de integrar esses serviços prestados pela natureza: o “Produto Ecossistêmico Bruto” (GEP, na sigla em inglês).
Essa nova abordagem é demonstrada em ação por meio de um estudo de caso na China, onde o governo está trabalhando para desenvolver e implementar o GEP como um complemento comparável ao PIB. “Para alcançar o desenvolvimento sustentável, precisamos ir além de medidas econômicas convencionais como o PIB”, explica o professor Ian Bateman, do Departamento de Economia da Universidade de Exeter Business School, do Instituto de Terras, Meio Ambiente, Economia e Política (LEEP) e do Instituto de Sistemas Globais.
A economia global, medida convencionalmente pelo PIB, mais que dobrou entre 1990 e 2015, segundo a pesquisa. “No entanto, ao mesmo tempo, nossos estoques de ‘ativos do ecossistema’ – como florestas, campos, pântanos, solos férteis e biodiversidade – estão sob crescente pressão”, afirma Bateman. Esses coisas são valiosas de várias maneiras – inclusive para o bem-estar humano.
No estudo, esses benefícios que a natureza nos trazem foram examinados e medidos de uma maneira que governos e empresas possam entender. “O GEP pode fornecer aos tomadores de decisão evidências claras e convincentes de quanto o mundo natural valeria se fosse convertido em dinheiro”, diz Bateman.
O estudo se concentra na província chinesa de Qinghai, que contém as fontes dos rios Mekong, Yangtze e Amarelo. A conclusão é de que o GEP era realmente maior que o PIB no ano 2000. Mesmo após o rápido crescimento da economia da região na primeira década e meia deste século, o GEP ainda tinha cerca de três quartos do tamanho do PIB em 2015.
Sem surpresa, cerca de dois terços do GEP de Qinghai foram provenientes de “serviços ecossistêmicos” relacionados à água (benefícios para os seres humanos do mundo natural). “Mostramos que o GEP pode ser calculado de maneira clara e transparente, semelhante à usada para o PIB”, disse o professor Bateman.
“A China já está usando o GEP na tomada de decisões de várias maneiras, o que é um passo na direção certa.” Segundo o professor, o GEP pode ser usado em toda a China e em todo o mundo, para orientar os investimentos em conservação e restauração de ecossistemas.
“Ao definir os dados e métodos de maneira clara e transparente, esperamos fornecer um modelo útil para explicar o valor da natureza nos países do mundo – um que possa ser aprimorado ao longo do tempo à medida que melhorem os dados e métodos”, diz.
Os serviços ecossistêmicos podem ser classificados em serviços materiais (a contribuição da natureza para o fornecimento de alimentos, abastecimento de água, etc.), serviços de regulamentação (a contribuição da natureza para o sequestro de carbono, mitigação de inundações, retenção de solo, prevenção de tempestades de areia, etc.) e serviços materiais (a contribuição da natureza para o ecoturismo, a experiência da natureza em saúde mental e outros).
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