Produtos químicos persistentes tornam a água da chuva do mundo todo imprópria para beber

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Uma análise realizada pela Universidade de Estocolmo concluiu que a água da chuva tornou-se imprópria para o consumo. De acordo com os especialistas envolvidos, essa mudança ocorreu pelo aumento da presença de produtos químicos persistentes (PFAs) no planeta. 

Com propriedades antiaderentes e repelentes de manchas, essas substâncias são encontradas em uma infinidade de utensílios domésticos e outros produtos, incluindo embalagens de alimentos, cosméticos e eletrônicos. Entre suas outras características, entretanto, está a durabilidade. Os PFAs, como indicados pela sua nomenclatura, são persistentes e não se decompõem no meio ambiente. 

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Novos estudos e percepções sobre o impacto dos PFAs fizeram com que os níveis seguros recomendados para exposição a esses químicos diminuíssem. Baseando-se nas informações sobre a toxicidade das substâncias, houve um declínio, principalmente, nos níveis seguros recomendados na ingestão da água contaminada. 

Em 2022, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) sugeriu que a contaminação da água pelo PFA ácido perfluorooctanóico, mesmo quase equivalente à zero, ainda pode resultar em efeitos negativos na saúde. Entretanto, a análise disponibilizada pela Universidade de Estocolmo indicou que o volume de ácido perfluorooctanóico na água da chuva ao redor do planeta já excedeu os níveis seguros recomendados por especialistas. O estudo conta com amostras da água de locais como a Antártica e o planalto tibetano.

Desse modo, foi possível concluir que a água da chuva é imprópria para beber. 

Mesmo que no mundo industrial o consumo de água da chuva não seja comum, muitas pessoas ainda acreditam que ela seja segura para ingestão. Por outro lado, a água da chuva também é responsável pelo abastecimento de muitas fontes de água potável.

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Em frente ao estudo, especialistas notaram que o uso e produção dos quatro principais PFAS analisados já decaiu. Entretanto, devido à sua persistência no meio ambiente, eles consideram o dano causado pelas substâncias “praticamente irreversível”. 

Embora ainda não existam muitos estudos que confirmem os efeitos de todos os PFAs na saúde humana, é de se esperar que a descoberta da Universidade de Estocolmo seja apenas a primeira indicação de um problema maior. Para que os danos causados pela exposição a essas substâncias sejam menores, especialistas recomendam que seja implementada uma interrupção total no seu uso e produção.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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