Usando energia solar, vaso transforma dejetos em biocarvão, que pode ser usado como combustível e aumentar fertilidade do solo
A maioria das pessoas não pensa em reciclar o que vai privada abaixo, mas Karl Linden, professor de engenharia ambiental da Universidade de Colorado (EUA), faz parte da minoria que pensa que as nossas fezes e urina merecem uma “segunda chance”.
Usando espelhos e cabos de fibra ótica (veja foto acima), Linden está desenvolvendo um vaso sanitário movido a energia solar que transforma os nossos dejetos em biochar, também chamado de biocarvão.
Biocarvão é o nome dado à biomassa carbonizada. “Ele pode ser usado para cozinhar ou você pode colocá-lo no solo para que ele retenha mais nutrientes. Há muitos benefícios para a agricultura”, disse o professor ao site ABC News. Além de aumentar o rendimento do solo, a produção de biocarvão sequestra CO2 da atmosfera. Em outras palavras, ele retém o dióxido de carbono que seria liberado pela decomposição natural de biomassa, sendo um dos gases causadores do efeito estufa.
Essa ideia pode até soar engraçada, mas também é nobre: o intuito de Linden é atender países em desenvolvimento, principalmente aqueles que sofrem com falta de água e saneamento básico. Assim, os dejetos passam a ser manejados com mais segurança, evitando muitas doenças por falta de saneamento.
E como funciona?
O vaso sanitário de Linden é composto por oito espelhos que focam a luz do sol em um quadrado de um centímetro de largura. A luz focada passa por cabos de fibra óptica para aquecer uma câmara de reação em até 300°C. O calor esteriliza o excremento e o seca, dando origem ao biocarvão.
Apesar de todo o processo depender da energia solar, não significa que o vaso possa ser somente utilizado à noite. Ele tem dois compartimentos que podem ser trocados: enquanto um enche, o outro recebe a luz solar. Quatro horas debaixo da luz são necessárias para tratar os resíduos.
O vaso sanitário que recicla excrementos ainda sai caro, mas Linden já está estudando uma versão futura com maior capacidade de uso, e que seja mais viável economicamente.