Projeção de cientista britânico indica que a floresta amazônica pode ter só mais 245 anos de vida

Compartilhar

Segundo estudo do geólogo Mark Mullingan a floresta Amazônica pode estar extinta no ano 2260

A floresta amazônica foi formada ao longo de 50 milhões de anos. Ela é um dos tesouros da biosfera e um dos maiores patrimônios do Brasil. Sua rica biodiversidade e o possível impacto climático decorrente de seu desaparecimento nos fazem refletir acerca do desmatamento acelerado que acomete a região. De acordo com uma pesquisa realizada pelo geógrafo inglês Mark Mulligan, do King’s College de Londres, a projeção é de que, se a devastação continuar no ritmo atual, a floresta teria pouco mais de dois séculos de vida: 245 anos, mais precisamente.

São muitos os exemplos de fotos de “antes e depois” de paraísos da natureza que já não existem mais. Você já parou para pensar que no futuro a floresta amazônica pode ser mais uma dessas memórias registradas em fotos e vídeos? Ao observarmos o exemplo da mata atlântica, que, segundo a organização SOS Mata Atlântica possui apenas 8,5% de sua extensão original, podemos reconhecer o poder do ser humano em devastar a natureza em busca do progresso econômico.

No caso da Amazônia, conseguimos destacar o avanço da fronteira agropecuária, a extração ilegal de madeira e o impacto de obras de infraestrutura como os maiores causadores de devastação. Mas esses fatores são de conhecimento público, o que não temos noção é da real dimensão do impacto.

A exploração ilegal de madeira tem como principal consequência a degradação progressiva, que é o primeiro passo para o desmatamento. Boa parte dos estudos que analisam o desmatamento da Amazônia não leva em consideração que grande parte da floresta ainda em pé não está intacta.

Além disso, 40% das emissões de carbono referentes ao desmatamento são oriundas dessa degradação, que não consta nos cálculos oficiais publicados pelo governo brasileiro. Isso ocorre pois o desmatamento é visível em imagens de satélite, mas uma relevante parcela das áreas degradadas são camufladas pela floresta em pé. O índice Prodes, utilizado pelo governo brasileiro para o estabelecimento de políticas públicas, é um deles. Ele apresenta, em quilômetros quadrados, as extensões anuais perdidas de floresta desde 1988 – ao contrário da projeção realizada pelo geógrafo Mark Mulligan, que calculou uma média de desmatamento anual da região com base no conjunto de dados do Global Forest Change (2000-2012).

O pesquisador inglês trabalha na América Latina desde os anos 90 e é um dos criadores da ferramenta que permitiu a elaboração da análise, chamada Co$ting Nature (algo como “Valorando a Natureza”) e permite um mapeamento de serviços ecossistêmicos sob uma perspectiva mais profunda.

A plataforma compila e interpreta dados gerados por diferentes cientistas do mundo todo nos últimos anos. Através de técnicas analíticas de modelagem espacial e sistemas de informação geográfica, o programa leva em conta contextos biofísicos e sócio-econômicos, pressão antrópica e futuras ameaças. Desse modo, permite analisar não somente as extensões deflorestadas, bem como os diversos níveis da degradação florestal.

Fonte do Gráfico: Co$ting nature

As pressões e ameaças que o programa leva em conta para calcular a projeção incluem a ocorrência de incêndios, a intensidade de monoculturas agrícolas, de pecuária extensiva, áreas protegidas nas quais a fiscalização é ineficiente, a urbanização e a densidade da infraestrutura próxima. Além de proximidade com áreas de desmatamento recente, mudança climática projetada, etc. Esses fatores nos permitem pensar na saúde do ecossistema e as consequências que a devastação trará em médio e longo prazo.

Uma das consequências mais imediatas é uma alteração nos níveis de sequestro e armazenamento de carbono, bem como a oferta de água e o controle da erosão. Esses serviços ecossistêmicos são afetados ao longo do processo de desmatamento e causam preocupação.

De acordo com relatório da COP17, em Durban, o Brasil é o sexto país com maiores emissões de carbono. Boa parte dessa estatística tem origem nas queimadas realizadas para mudança no solo e no desmatamento ilegal ocorridos na região norte do país.

O solo, raízes e os troncos das árvores são grandes estoques de carbono. Quando a floresta é degradada e desmatada, não só deixa de estocar, mas também emite o gás carbônico acumulado durante milênios. Esses estoques são essenciais para o controle do aquecimento global causados pelo ser humano. Cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono emitidos anualmente são provenientes do desmatamento.

A absorção de carbono pelas plantas faz parte do ciclo natural da terra. Ela garante que o clima se mantenha equilibrado e permite a proliferação das várias formas de vida. Obviamente, uma floresta intacta armazena mais dióxido de carbono do que uma degradada.

A mensagem que Mark Mullingan deixa com sua pesquisa é de que para assegurar um futuro mais sustentável, as estratégias de desenvolvimento precisam ser adequadas. Bem como necessitam ser resolvidas as questões sobre propriedade e conflitos de uso da terra, o controle de desmatamentos e queimadas e a expansão não planejada da pecuária e da agricultura.

A necessidade de encontrar o equilíbrio entre o consumo consciente, o cultivo de alimentos de alta qualidade nutritiva sem esquecer da proteção da natureza é emergente. A terra nos fornece muitas potencialidades, mas precisamos saber aproveitar de forma consciente para garantir uma qualidade de vida não só a curto prazo, como também a longo prazo.

Fontes: Co$ting Nature e Greenpeace

Veja também:
Novo acordo internacional quer reverter danos causados pelo desmatamento
O que é o uso da terra e como suas mudanças afetam nossas vidas?
Para os que ainda negam o aquecimento global
As consequências do desenvolvimento da agricultura para o meio ambiente

eCycle

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais