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Por Karina Yamamoto, Cobertura Colaborativa da Semana Chico Mendes em WFF Brasil – Duas performances ao mesmo tempo: no palco, a atriz Lucélia Santos protagonizava a peça Vozes da Floresta e, a poucos metros dali, o grafiteiro Tino Txai (Clementino Almeida), natural de Xapuri desenhava o rosto do ambientalista Chico Mendes (1944- 1988) no muro que dá acesso ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

O grafitaço que estava marcado para a manhã desta segunda-feira (20) começou antes da hora marcada, na noite do dia anterior. Convocados pela performance de Tino, o grafitaço começou no domingo à noite por um grupo formado pelos artivistas Mundano (@mundano_sp) e Quinho (@quinhoqnh), que vieram somar à Semana Chico Mendes por meio do projeto Cinzas da Floresta(@cinzasdafloresta), e pelos grafiteiros de Xapuri Tino (@tino_txai_arts) e José Francisco (@jotaf2s).

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A preparação da parede se deu ali mesmo, com um mutirão coletivo para raspagem e pintura da base. O retrato de Chico Mendes que disparou a ação foi coberto e o grafitaço começava ali mesmo, já perto da meia noite. Da esquerda para direita, no muro de entrada do sindicato, Mundano puxou a fila com referências à seringa e uma de suas personagens icônicas, uma jovem que pede por justiça climática. Na sequência Quinho retratou um seringueiro e uma jovem indígena, numa referência aos povos da floresta que conservam o meio ambiente e nos ensinam a conviver com o que a natureza nos traz de maneira harmoniosa. Tino representou a beleza das matas, com uma onça-pintada, e, em seguida o jovem artista Jota trouxe o rosto de uma indígena e uma cena do seringal. Arrematando o muro e dando boas vindas a quem entra na sede de luta dos seringueiros de Xapuri, Chico Mendes e seu inesquecível sorriso. O painel ficou completo por volta das 2 horas da manhã, ao som de playlist variada e sob a audiência de uma plateia empolgada.

“Cresci dentro dessa história dos empates e da luta pela reserva, estou sempre nesse movimento da luta pelo ambiente nas minhas pinturas”, conta Tino, que nasceu em um seringal da região. “A onça que fiz, com as cores psicodélicas, era para representar a força da natureza, das mulheres e da juventude.”

Era apenas o começo.

Já de manhãzinha, a TRZ Crew, que veio de Rio Branco para o evento, já estavam preparando os muros da Pousada dos Chapurys, na R. Sadala Koury, rua bem próxima à Praça São Sebastião, coração da cidade. JR TRZ, líder do grupo, conta que o trabalho deles traz os elementos naturais, com forte presença dos povos originários e dos pretos como parte da sua narrativa visual. “Estamos aqui mais um ano somando com a Semana Chico Mendes”, afirma. “É uma luta para o resto da vida manter a floresta em pé. Viemos com nossa arte para dialogar com isso, seja [para mostrar] o belo da floresta, seja [para mostrar] a destruição.

A grafiteira Nati (@natidepoesia) estampou uma preta de cabelo verde no painel que se formou em toda quadra: “Esse paredão inteiro é com a temática socioambiental, porque a gente busca trazer trazer as pautas da justiça climática para dentro do nosso trampo para levar a mensagem de que queremos a floresta em pé.” Ao lado da preta de cabelo verde, um camaleão rosa da Brenda Rios. Vizinhas de pintura e parceiras na crew de Rio Branco.

Artivismo

O grafitaço da Semana Chico Mendes foi uma colaboração entre o Comitê Chico Mendes, a TRZ Crew e o projeto Cinzas da Floresta, que veio representado pelo seu idealizador, o artivista Mundano (@mundano_sp), e pelo grafiteiro Quinho (@quinhoqnh).

“Está sendo um grande privilégio. Acho que para a gente que está no campo socioambiental é uma honra [conhecer a raiz da história de Chico Mendes e estar na Semana]”, afirma Mundano. “E a gente teve aqui a oportunidade de fazer contato com artistas locais e fazer uma oficina com as cinzas da floresta.”

No domingo de manhã, foi realizada uma oficina com tintas de cinzas da floresta, como parte da programação para o grafitaço. Além dos artistas, participaram ativistas que estavam participando da Semana Chico Mendes. Além de aprender a preparar a tinta, o grupo foi convidado a produzir imagens e mensagens em defesa do meio ambiente –da “floresta em pé e não da floresta em pó”, como repetia Mundano durante o encontro.

O projeto Cinzas da Floresta busca denunciar, por meio da arte, as queimadas que estão batendo sucessivos recordes desde 2019. As tintas são feitas com cinzas das queimadas de quatro biomas: Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica – a matéria prima foi coletada entre junho e julho de 2021, em uma expedição que percorreu as cidades de Poconé (bioma Pantanal, Mato Grosso), Colíder (bioma Amazônia, Mato Grosso divisa com Pará), São Jorge na Chapada dos Veadeiros (bioma Cerrado), Alto Paraíso de Goiás (bioma Cerrado) e Amparo (São Paulo, bioma Mata Atlântica). Foram três semanas conhecendo brigadistas, coletando carvão e cinzas, histórias e inspirações da natureza. O projeto é uma realização da Parede Viva e Cinedelia em parceria com WWF-Brasil, Greenpeace, Be the Earth e Bem Te Vi Diversidade.

“Eu vim para cá mesmo num fim de ano cheio de coisas para finalizar, porque eu sempre quero estar em campo. Estou muito inspirado”, finalizou Mundano.

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Semana Chico Mendes

Promovido anualmente desde a morte do ambientalista, o evento é organizado pelo Comitê Chico Mendes.  Em 2021, a atividade traz como eixo do debate central a “Crise Climática: Vozes das Florestas em Defesa dos Territórios”, com o intuito de reunir lideranças em Xapuri para, a partir das discussões e estratégias adotadas, elencar, alinhar e estruturar ações em defesa dos territórios, das vidas e do Planeta.

O assassinato de Chico Mendes, em 22 de dezembro de 1988, não conseguiu apagar o legado do maior ambientalista brasileiro. Mais de 30 anos depois, o líder seringueiro é nome de escolas, parques, prêmios, de um instituto e é reconhecido internacionalmente pela sua luta em defesa do meio ambiente no Brasil.  

Chico Mendes tornou-se uma figura tão lembrada porque denunciou o avanço do desmatamento e os conflitos fundiários na Amazônia, além de se posicionar como uma voz importante entre os seringueiros da região.

O líder foi homenageado como nome de uma Reserva Extrativista (Resex), criada em 1990 no município de Xapuri (AC), e de uma autarquia federal, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é responsável pela gestão das unidades de conservação da natureza do Brasil.

Em 2004, Chico Mendes foi reconhecido como Herói da Pátria e, em 2013, foi declarado Patrono Nacional do Meio Ambiente. Seu legado, no entanto, vai além das homenagens.

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