As atividades industriais oferecem insumos e produtos importantes para o cotidiano das pessoas, desde a produção de alimentos e fármacos, até a produção de produtos para o consumo próprio. Entretanto, essas atividades contribuem para a poluição ambiental e provocam efeitos negativos na saúde humana. Entenda quais das substâncias poluentes provêm de atividades industriais:
A produção de fibras têxteis e peças de roupas oferece diversos danos ao meio ambiente. Desde o uso de corantes, até o cultivo de algodão ou a produção de fibras sintéticas. As substâncias poluentes que provêm de atividades industriais relacionadas à indústria têxtil são as tintas e corantes, o microplástico liberado por fibras de poliéster e o uso de agrotóxicos no cultivo de fibras de algodão.
O tingimento dos tecidos é uma das etapas que demanda um alto gasto de energia e água e emite efluentes. Os corantes são aplicados em abundância nas fibras, e, mais tarde, são liberados no meio ambiente após a lavagem da peça. Essa prática resulta em contaminação hídrica, afetando ecossistemas aquáticos.
De acordo com um estudo, o esgoto produzido pela indústria têxtil é o mais poluente de setores industriais. Isso porque esses efluentes têm grandes quantidades de corantes, que são compostos por substâncias tóxicas para o meio ambiente. A presença dos corantes no ambiente aquático provoca a morte de peixes, prejudica a fotossíntese e favorece a eutrofização.
As fibras de poliéster são fibras sintéticas, produzidas a partir do plástico. Ao longo da sua vida útil, quando a peça é colocada na máquina de lavar, libera pequenas partículas de plástico. Assim, essas partículas se mantêm na água, contaminando corpos hídricos.
O microplástico pode se manter no ar e no solo, contribuindo para a poluição ambiental. Além disso, o seu tamanho microscópico facilita a ingestão e inalação do material por pessoas e animais. Outro problema da fibra de poliéster é o alto gasto de energia e a emissão de poluentes durante a sua fabricação, como o monóxido de carbono.
Por último, os agrotóxicos, utilizados no cultivo de algodão, são responsáveis pela contaminação da água e do solo, além de gerar danos na saúde humana, como câncer. Para cada 1 kg de algodão cultivado, são utilizados aproximadamente 18 g de agrotóxicos.
A atividade agropecuária é uma atividade que gera diversos impactos ambientais, como o desmatamento e a contaminação do solo e da água. Os poluentes mais abundantes emitidos durante a a atividade agropecuária são os agrotóxicos, os antibióticos e o microplástico oriundo da plasticultura.
O Brasil é o país que mais consome agrotóxicos. Uma série de agrotóxicos proibidos em outras partes do mundo, como a União Europeia, são permitidos e comercializados no Brasil. Pesquisadores realizaram um estudo com 425 ingredientes ativos presentes na composição de agrotóxicos, no Brasil.
O estudo visava comparar a restrição do uso desses ingredientes ativos em países da União Europeia e países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A conclusão foi que cerca de 53% dos ingredientes estudados tinham alguma restrição de uso nos países membros da OCDE e da União Europeia.
Os agrotóxicos são utilizados para eliminar pragas e parasitas das plantações, além de contribuir para o desenvolvimento vegetal. Apesar disso, eles oferecem riscos à saúde ambiental e humana, como a perda de biodiversidade e o surgimento de doenças carcinogênicas.
O glifosato é o agrotóxico mais utilizado no mundo, inclusive pela indústria têxtil, para o cultivo de algodão. No meio ambiente, ele pode provocar a morte de espécies aquáticas, contaminando o solo e a água.
Para a saúde humana, esse inseticida provoca danos como infertilidade, doenças carcinogênicas, Alzheimer, Parkinson, microcefalia, depressão, autismo, diabetes, obesidade e doenças gastrointestinais.
Os antibióticos são utilizados no setor pecuário, atuando como promotores de crescimento animal. Além disso, são usados para tornar os animais mais aptos à reprodução e reduzir a mortalidade.
Essas substâncias são ingeridas pelo animal e liberadas em sua excreção e em resto de alimentos. Dessa forma, os antibióticos são lançados no meio ambiente, prejudicando o desempenho de micro-organismos no ambiente, o que afeta negativamente a decomposição da matéria orgânica.
Além disso, antibióticos favorecem o desenvolvimento de patógenos, parasitas e superbactérias. As superbactérias são aquelas que desenvolvem uma resistência ao antibiótico e, dessa forma, podem provocar doenças e infecções a partir do consumo da carne.
Plasticultura é o nome dado ao uso do plástico na produção agrícola. Ela aumenta a produtividade por meio do uso de cisternas e cobertura de mudas e fornece matéria-prima para a confecção de equipamentos de proteção individual (EPIs) para o trabalhador.
A plasticultura utiliza canteiros cobertos com plástico, irrigados a partir de gotejamento, visando o aumento da produtividade. Essa técnica oferece várias vantagens para a produção agrícola, como a aceleração do crescimento vegetal. Entretanto, por ser baseada no consumo de plástico, a plasticultura aumenta a quantidade de lixo gerado.
Esse plástico, por sua vez, pode se tornar microplástico, contaminando o meio ambiente e as pessoas. Os impactos disso são o aumento de doenças como o câncer e a redução de populações de animais.
A atividade mineradora gera grandes impactos ambientais no local a ser minerado. O desmatamento e a liberação de metais pesados no ar e na água provocam a perda de biodiversidade do ambiente.
Para coletar os materiais de interesse econômico, é realizada a prática de perfuração e explosão da rocha escolhida. Esse processo contribui para a formação de materiais particulados, que permanecem dispersos na atmosfera. Esses materiais particulados são os maiores poluentes da atividade mineradora, e são compostos pelo material da rocha.
Outro poluente da mineração é o cianeto, uma substância tóxica usada para a extração de um minério ou rocha. Ele é utilizado para dissolver o minério no interior da rocha. Dessa forma, o minério é coletado líquido, e apresenta em sua composição o cianeto. Em seguida, o mineral passa por um processo de retirada do cianeto.
Durante todo esse processo de extração do mineral e retirada do cianeto, essa substância é liberada no meio ambiente, prejudicando o equilíbrio ecossistêmico. O efeito do cianeto no meio ambiente é a infertilidade do solo e do ambiente aquático, prejudicando a reprodução das espécies. Em seres humanos, o cianeto pode provocar problemas gastrointestinais e de tireoide, dor de cabeça, fraqueza nos músculos e dificuldade na fala.
A indústria farmacêutica é responsável pela produção de medicamentos utilizados por humanos e animais. Esses medicamentos são importantes para o tratamento de doenças e a redução de sintomas.
Entretanto, os medicamentos contêm substâncias nocivas para o meio ambiente, provocando danos em ecossistemas e pessoas. A contaminação por medicamentos ocorre, principalmente, na atividade agropecuária a partir das excreções dos animais. Mas também ocorre pela urina e fezes humanas e descarte incorreto.
Essas excreções podem ser liberadas no esgoto, em corpos hídricos ou no solo. No caso do esgoto, estudos indicam que o tratamento de esgoto não retira completamente essas substâncias da água. Portanto, mesmo a água tratada contém uma quantidade de substâncias provenientes de medicamentos.
Dessa forma, as substâncias permanecem nos ecossistemas, fazendo parte do grupo de poluentes emergentes – aqueles presentes no cotidiano e encontrados no meio ambiente. Ademais, a degradação de medicamentos é difícil e demorada, fazendo com que eles permaneçam por mais tempo no ambiente.
Além dos antibióticos, utilizados no setor pecuário e no tratamento para humanos, medicamentos como os anti-inflamatórios, quimioterápicos e anticoncepcionais também oferecem danos ambientais. Os medicamentos mais consumidos no mundo, os anti-inflamatórios, podem provocar problemas hematológicos e renais em espécies aquáticas, quando presente em corpos d’água.
Os quimioterápicos, utilizados na quimioterapia, podem provocar irritações na pele de humanos, náusea, cefaleia e tontura. Além disso, são abortivos e mutagênicos, o que pode gerar o surgimento de outros tumores no corpo humano.
Por último, os anticoncepcionais podem gerar o desenvolvimento de ovário policístico em mulheres e câncer, como o câncer de mama, próstata e testicular. Outro dano na saúde humana é a redução da fertilidade.
No meio ambiente, os anticoncepcionais provocam a feminilização de espécies aquáticas e alteram a sua função reprodutiva. Por serem medicamentos que contêm hormônios sexuais femininos, geram alterações no sistema reprodutor.
As embalagens utilizadas para a comercialização de medicamentos também contribuem para a poluição ambiental. Embalagens primárias, ou seja, embalagens que entram em contato direto com o medicamento, estão contaminadas com substâncias nocivas. Por isso, se descartadas no meio ambiente, podem contaminar o solo e a água.
Para realizar o descarte de medicamentos vencidos e suas embalagens primárias, o ideal é juntar todos os produtos e levá-los a uma drogaria ou um posto de saúde. Nesses locais, os medicamentos, cartelas e frascos serão descartados corretamente, evitando a contaminação do meio ambiente e de pessoas.
Já as embalagens secundárias, como caixas de remédio e bula, não são contaminadas, pois não entraram em contato direto com o medicamento. Apesar disso, são poluentes, pois são compostas por papel, plástico e outros materiais. Dessa forma, elas devem ser descartadas em postos de reciclagem.
Os aparelhos eletrônicos têm em sua composição uma série de substâncias prejudiciais, como o arsênio, cádmio, cloreto de amônia, chumbo, manganês, mercúrio, zinco e PVC. No corpo humano, essas substâncias provocam problemas de saúde como o câncer, asfixia, insônia e dores musculares.
No meio ambiente, essas substâncias contribuem para a poluição do ar, da água e do solo. Quando entram em combustão, são liberadas em pequenas partículas, que permanecem suspensas na atmosfera. Dessa forma, essas partículas são inaladas por seres vivos, contaminando-os.
Algumas dessas substâncias, como o mercúrio, se acumulam no organismo e, conforme o animal ou vegetal é consumido por níveis tróficos elevados na cadeia alimentar, a sua concentração aumenta.
Além dos materiais que compõem o aparelho eletrônico, pilhas e baterias também têm em sua composição materiais tóxicos. Esses produtos possuem um material líquido em seu interior, com a presença de metais pesados como o zinco, dióxido de manganês, chumbo e cádmio. Portanto, se descartados no meio ambiente, os produtos contaminam o solo e o lençol freático.
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