Pesquisa revelou três principais fatores que contribuem para a fixação de carbono das árvores
Uma pesquisa conduzida pelo Institut National de la Recherche Agronomique (INRAE) em conjunto com o Bordeaux Sciences Agro identificou três fatores que contribuem para a habilidade das árvores de fixar carbono. O objetivo da pesquisa foi revelar quais espécies de árvores são mais eficientes no sequestro de CO2 na biomassa.
A pesquisa publicada na Nature contém o estudo de 223 espécies de plantas distribuídas por 160 florestas no mundo inteiro — incluindo no Brasil, Estados Unidos, Europa Ocidental, Etiópia, Camarões e Sudeste Asiático. As espécies avaliadas são representativas de todos os principais biomas florestais.
Pesquisas anteriores mostraram que, sob condições controladas, espécies capazes de adquirir recursos de forma eficiente (luz, água, nutrientes) geralmente crescem rapidamente. Essas espécies são conhecidas como espécies aquisitivas.
Além disso, notou-se que algumas espécies de plantas usam esses fatores para maximizar o uso de recursos e melhorar sua capacidade de convertê-los em biomassa.
Por outro lado, espécies que são mais eficientes na conservação de seus recursos internos (nutrientes, água, energia) do que na extração de recursos externos, são conhecidas como espécies conservadoras e crescem lentamente — ou seja, não são tão eficientes na fixação de carbono.
Entretanto, esses experimentos foram, na maioria das vezes, realizados em estufas — como já mencionado anteriormente, sob condições controladas. Na nova pesquisa, em condições reais em florestas boreais e temperadas, os pesquisadores mostraram que espécies conservadoras geralmente crescem mais rápido que espécies aquisitivas.
Esse fenômeno pode ser explicado pelo fato de essas florestas geralmente estarem localizadas em áreas com condições desfavoráveis de crescimento (baixa fertilidade do solo, clima frio ou seco), o que dá vantagem às espécies conservadoras, pois são mais capazes de resistir ao estresse e administrar recursos limitados.
Em florestas tropicais, onde o clima é potencialmente mais favorável ao crescimento das plantas, os dois tipos de espécies de árvores não apresentam diferenças.
Algumas espécies de plantas conservadoras incluem abeto, carvalho-da-índia e azinheira. Portanto, são as árvores mais eficientes em fixar carbono em seus habitats naturais.
Além das tendências gerais na escala do bioma principal, os pesquisadores revelaram o importante papel das condições locais. As condições de crescimento em algumas situações são favoráveis para que espécies aquisitivas cresçam mais rápido do que as conservadoras. Porém, o essencial para que cresçam é garantir que as espécies sejam adaptadas ao seu ambiente local.
Isso significa que, em climas favoráveis e solos férteis, espécies aquisitivas crescem mais rápido e, portanto, fixam mais carbono do que espécies conservadoras. E, em climas desfavoráveis e solos pobres, espécies conservativas terão maior potencial de acumular carbono na biomassa.