Qual o papel da cultura e das artes em uma sociedade democrática?

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Por Leila Kiyomura, do Jornal da USP | As ações da Universidade de São Paulo diante das situações importantes que o Brasil e o mundo vêm enfrentando são sempre divulgadas na coluna Na Cultura, o Centro Está Em Toda Parte, de Martin Grossmann (clique e ouça o player acima). “É muito importante a aproximação da USP da sociedade, buscando subsídios às políticas públicas”, observa o professor . “Às vésperas do segundo turno das eleições para presidente e governador no Brasil é importante reforçar o papel da cultura num país como o nosso”. Para tanto, o professor destaca alguns trechos do manifesto Eixo Temático Cultura e Artes, assinado por professores de diferentes unidades da USP:

– A cultura e as artes têm papel fundamental na consolidação democrática do País e no enfrentamento de questões urgentes. As relações sociais precisam ser qualificadas por meio do fomento a valores civilizatórios e democráticos e o potencial emancipatório da cultura é elemento a ser estimulado. Expandir os limites do possível, vislumbrar futuros possíveis e não apenas responder às urgências do presente com um horizonte já dado e limitado, mas operar com criatividade, labilidade, crítica e experimentação, predicados inerentes às artes e à cultura.

– As dinâmicas culturais contemporâneas são fruto da efervescência de práticas alavancadas por grupos diversos vinculadas a questões de gênero, raça, etnias, classe, território, cosmologias, dentre outras; espaço conflituoso em que a invenção coletiva de valores, símbolos, comportamentos e ideias evidencia a multiplicidade de sentidos e a disputa em torno de pautas e epistemologias diversas. Cultura, portanto, é complexidade.

– A cultura, ou melhor, a interculturalidade, as artes, as ciências e outros saberes exercem na contemporaneidade papel fundamental na consolidação democrática e no enfrentamento de questões urgentes no âmbito local, nacional, assim como planetariamente. Muitos são os desafios, como claramente expostos pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: “Um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade”. As bases culturais de uma sociedade são determinantes para a formulação de qualquer transformação que se deseje operar. A contribuição nesse sentido é prioritariamente plural, coletiva e em rede.

– Cabe destacar que entendemos a interculturalidade como conceito que define uma perspectiva, descreve processos e estimula práticas de interação entre culturas que reconhecem as diferenças e trabalham em favor da eliminação das desigualdades. A noção põe em evidência as interseções múltiplas (de etnia, classe, gênero, nacionalidade etc.) que permeiam as relações entre configurações culturais e supõe, sobretudo, um diálogo entre culturas que não justifica nem reforça as relações de subordinação, antes, assume o compromisso de reconhecer as desigualdades e implementar políticas destinadas a reduzi-las.


Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Carolina Hisatomi

Graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e protetora de abelhas nas horas vagas.

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