As bacias hidrográficas existentes no Brasil têm a função vital de fornecer água para os ecossistemas e para as pessoas ao redor do globo. Contudo, como qualquer recurso natural, elas estão suscetíveis a alterações antrópicas (dos humanos), desde o desmatamento, até as degradações em proporções maiores, como aquelas geradas pelas mudanças climáticas.
Uma bacia hidrográfica é definida como toda a região que drena a água para um ponto em comum mais baixo do relevo, podendo separar em um rio principal e seus afluentes.
Os limites da bacia hidrográfica são os relevos (divisores de água) que separam e direcionam a água oriunda da chuva para os rios. Para se ter uma ideia, quando você está pisando em uma área montanhosa ou algum desnível do terreno, você provavelmente está pisando em uma bacia hidrográfica.
Essas bacias são utilizadas para diversas atividades, como o abastecimento humano e animal, a irrigação e todas as atividades industriais e de serviços.
No Brasil, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) foi responsável por fazer a Divisão Hidrográfica Nacional (DHN250). Diferente do que muitos pensam, o Brasil é separado em 12 regiões hidrográficas, não oito. Elas são classificadas de acordo com características naturais, políticas (levando em consideração a gestão dos recursos hídricos) e socioeconômicas parecidas.
A principal entidade responsável pela regulamentação e implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos é a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico). Ela também fornece diversos dados e fiscaliza o uso desses recursos. Para uma melhor visualização, veja o mapa das bacias hidrográficas do brasil:
Contudo, outra classificação foi feita pelo IBGE em conjunto com a ANA, com o objetivo de gerar diversas informações e estatísticas de cada bacia e região hidrográfica. Ela foi chamada de Base de Bacias Hidrográficas do Brasil – BHB250. Enquanto a DHN250 busca dar mais prioridade na separação levando em consideração as características naturais e socioeconômicas parecidas, a BHB250 se preocupa em uma divisão representando apenas os limites naturais de relevo, que ditam a direção e fluxo das águas das chuvas.
A Divisão Hidrográfica Nacional (DHN250) é composta por 12 regiões hidrográficas, tendo 54 mesorregiões e 302 microrregiões. Já a Base de Bacias Hidrográficas do Brasil (BHB250), conta com cerca de 5.353 bacias hidrográficas (só são contabilizadas bacias com mais de 100 km² de área). Para o acesso aos vetores, mapas e tabelas, acesse o site.
A bacia hidrográfica do rio Amazonas é a maior bacia do mundo. Com 7 milhões de quilômetros quadrados (3.800.000 no Brasil), ela abastece cerca de sete países da América do Sul, passando pelo Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela e Guiana. Ela desempenha uma função vital no bioma da Amazônia, participando de diversos ciclos biogeoquímicos, ecossistêmicos e atividades socioeconômicas.
Ela ocupa grande parte do território nacional, com cerca de 45%, sendo formado por uma complexa rede de rios e lagos. Seus principais rios são o Amazônas, Xingu, Madeira e Negro, tendo sua foz no Oceano Atlântico que despeja por volta de 210 mil m³/s. Ela concentra cerca de 85% de toda a disponibilidade de água superficial do Brasil
As principais atividades econômicas na bacia amazônica são a pesca, o transporte e o abastecimento das redes urbanas e agropecuárias. Ainda são vistas cerca de 275 hidrelétricas construídas, mesmo com ela tendo um baixo potencial para essa matriz energética. As principais hidrelétricas nessa bacia são: Tucuruí, Jirau, Santo Antônio, e Belo Monte.
Na segunda posição, a bacia do Tocantins-Araguaia tem cerca de 920 mil km² de área, sendo a maior bacia hidrográfica localizada inteiramente em território brasileiro. Ela abastece os estados do Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Pará, Maranhão e o Distrito Federal, onde é fundamental para os setores de energia, mineração, agropecuária e turismo.
Completando o pódio das três maiores bacias hidrográficas do Brasil, a bacia do Paraná ocupa 10% do Brasil, estando situada em uma região com grande população e desenvolvimento. Seus rios são usados para fins energéticos, industriais, irrigação e abastecimento urbano. Ela junto com as bacias do Paraguai e Uruguai, na América do Sul, vai dar origem a uma bacia hidrográfica maior, chamada de Bacia do Platina, que tem sua foz no Oceano Atlântico.
Vale ressaltar que o Brasil é banhado por diversas Bacias Hidrológicas, tendo outros exemplos como a bacia do Rio São Francisco e do Atlântico Nordeste Oriental. Para mais informações mais aprofundadas, acesse o pdf da ANA sobre as bacias hidrográficas brasileiras.
Segundo o Global Forest Watch Water, adotando uma metodologia parecida com a usada na Divisão Hidrográfica Nacional (DHN250), ela soma 230 principais bacias hidrográficas no mundo inteiro.
Vale ressaltar que a intensa exploração humana sobre essas bacias e das florestas em seu entorno pode colocar em risco a disponibilidade hídrica no globo. Um estudo mostrou que as regiões no entorno dos rios já perderam, em média, 6% da cobertura florestal em 14 anos. Essa degradação ambiental pode causar efeitos altamente prejudiciais em aspectos como a qualidade e fluxo da água, colocando em risco a segurança hídrica para a população ao redor da Terra.
Isso acontece porque as folhas das árvores são responsáveis por liberar o excesso de água para a atmosfera, contribuindo para a umidade. Além disso, suas raízes evitam a compactação do solo, protegendo dos efeitos da erosão das chuvas, além de filtrar as águas subterrâneas e recarregar os aquíferos, visto que eles facilitam a percolação (infiltramento) da água no solo. Se uma área ao redor do rio é retirada, suas margens ficam muito mais suscetíveis a sofrerem erosão, aumentando o número de sedimentos nas águas e diminuindo sua profundidade. Além de diminuir a disponibilidade hídrica, esse efeito torna as águas mais quentes, diminuindo a taxa de oxigênio e promovendo a mortandade de espécies que se desenvolveram ali durante milhões de anos.
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