Dicas para uma vida sustentável na quarentena

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Uma vida sustentável é para sempre, não só na quarentena. Mas se você é uma pessoa privilegiada que pode fazer melhores escolhas e ainda não fez isso, pode aproveitar esse período, com mais tempo em casa, para tomar os primeiros passos e ter uma quarentena mais sustentável. Para isso, é preciso aproveitar o tempo olhando com cuidado cada escolha e decidir pelo melhor. Confira algumas dicas:

1. Comece pela alimentação

Imagem editada e redimensionada de Laura Mitulla no Unsplash

A quarentena é um contexto apropriado para as pessoas privilegiadas mudarem hábitos. Isso vai além de adquirir um produto com uma etiqueta da cor verde e depois de um tempo esquecê-lo no armário. Na verdade, uma atuação socioambientalmente responsável deve ser perene e constante, e não se encerrar em uma compra ou na quarentena. Por isso, repensar a forma de alimentação, que é a ação mais simples e recorrente que todos os seres humanos praticam (ou pelo menos deveriam) é o primeiro passo.

Nesse processo, é importante entender que todo alimento, antes de ser consumido, percorreu um longo caminho e, dependendo de sua origem, causou mais ou menos impactos socioambientais. Mas qual seria a escolha mais sustentável?

  • Maior redução possível de produtos de origem animal como carne, ovos e leite;
  • Prioridade a alimentos de origem vegetal produzidos localmente e de modo orgânico por agricultores familiares;
  • Desperdício zero
  • Planejamento

Nesse caso, não tem como especificar. Entretanto, existem diversas evidências que já mostraram qual é o melhor caminho. Esse caminho inclui:

Planeje o cardápio da sua quarentena sustentável levando em consideração os aspectos acima mencionados. Para falar diretamente com produtores familiares para comprar on-line, dê uma olhada na matéria: “Saiba como comprar do agricultor familiar direto de casa“.

Imagem editada e redimensionada de Pass the Honey no Unsplash

Para saber mais sobre alimentação sustentável, dê uma olhada nas matérias:

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2. Lixo zero é agora

Imagem editada e redimensionada de Laura Mitulla no Unsplash

Para reduzir o lixo orgânico doméstico é preciso evitar o consumo desnecessário e o desperdício – e praticar compostagem. Da mesma forma, para reduzir a quantidade de outros tipos de lixo, como o de plástico, o primeiro passo é evitar o consumo. Você precisa mesmo utilizar canudos de plástico? E copos, pratos e talheres descartáveis? Já que estamos de quarentena, que tal aprendermos a preparar as próprias refeições, em vez de pedir delivery?

Prefira materiais menos danosos. Ao fazer suas compras, visite a lojinha a granel mais próxima da sua casa e leve seus próprios saquinhos de pano. Prefira embalagens de vidro, papel e papelão. Tome cuidado com algumas embalagens de molho e itens longa vida, que, apesar de parecerem ser apenas papelão, possuem finas camadas de BOPP, um plástico que dificulta a reciclagem. Preste atenção nos rótulos das embalagens e, se não for possível evitar o consumo de embalagens plásticas, procure embalagens recicláveis.

Existem outros itens muito comuns em nosso dia a dia que causam um grande impacto ambiental, como é o caso de absorventes e fraldas descartáveis. Mas já existem soluções menos danosas para esses produtos, como o coletor menstrual, o absorvente de pano, a calcinha absorvente e as fraldas de pano e biodegradáveis.

Que tal fazer suas compras a granel e cozinhar em casa, evitando a geração de tanto lixo? De quebra sua saúde também agradece. Procure lojas em que seja possível levar seus próprios recipientes e saquinhos de pano para comprar grãos e frutas secas, por exemplo. Tome cuidado também na hora de comprar seus utensílios domésticos, preferindo produtos de vidro ou metal aos itens de plástico, que podem liberar bisfenol e outros disruptores endócrinos na sua comida durante o preparo e/ou armazenamento e depois ir parar no meio ambiente.

Se você não puder cozinhar, opte por um restaurante com comida de verdade, evite o fast food das grandes redes. Na hora de embalar sua comida, evite também o filme plástico e os saquinhos de plástico, que podem ser substituídos por sacos de pano para pão, potes reutilizáveis ou paninhos revestidos com cera de carnaúba. Outras dicas incluem:

Se não for possível evitar o consumo de embalagens ou reutilizá-las, encaminhe seus descartes para a reciclagem. Confira no mecanismo de busca do Portal eCycle quais são os postos de coleta mais próximos de você.

Quanto às máscaras de proteção, prefira as reutilizáveis e cuidado ao descartar as de uso único. O descarte incorreto pode colocar vidas em risco.

Descarte de máscaras exige cuidados especiais

3. Cuide da saúde de forma integral

Imagem editada e redimensionada de Avrielle Suleiman no Unsplash

Cuidar da saúde na quarentena vai além de respeitar o isolamento voluntário. Você já parou para pensar que o autocuidado é uma forma de prevenir doenças e evitar o consumo de remédios, muitas vezes testados em animais de modo cruel e que, após o consumo, ainda causarão impactos, como a geração de resíduos e superbactérias? Isso ocorre principalmente se forem descartados de modo incorreto.

Cuidar da saúde de modo integral incluir praticar exercícios regularmente, dormir bem, se alimentar com horários regulares, meditar, respeitar o ritmo circadiano, cuidar das emoções e utilizar produtos cosméticos, de higiene e medicamentos com menor pegada ambiental e menos efeitos colaterais possíveis. Não caia no conto do super alimento ou comprimido milagroso, a saúde é o resultado holístico de um conjunto de interações do organismo com o ambiente, quanto mais interações benéficas, melhor o resultado.

Para saber como começar a se cuidar bem, dê uma olhada nas matérias:

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Lembre-se que é normal e aceitável ficar triste, principalmente nesse período de crise. A sociedade está em luto não só pela perda de seus entes queridos, mas também pela perda da liberdade e do estilo de vida que existia antes da quarentena. Respire fundo e, se preciso, procure ajuda profissional.

4. Conhecimento faz bem, mas vá com calma

Imagem editada e redimensionada de Bonnie Kittle no Unsplash

Acostumadas com o “time is money” do mundo pré-coronavírus, algumas pessoas viram na quarentena uma possibilidade de aproveitar o tempo para desenvolver suas habilidades e conhecimento. Isso pode ser bastante viável, inclusive há alguns cursos online com temática ambiental que você pode conferir nos links:

Mas não se cobre querendo ser a pessoa mais produtiva de todas. Estamos em um momento de crise, não em uma competição mundial de produtividade.

5. Assista filmes sobre sustentabilidade

Questões ambientais sensíveis que nos fazem refletir sobre como melhorar a nossa relação com o planeta estão presentes também nos filmes e documentários. Confira 21 títulos com temáticas ambientais nas seguintes listas: “11 indicações de filmes sobre meio ambiente“. e “Dez filmes e documentários para assistir durante a quarentena do coronavírus“.

6. Entenda por que é preciso colocar o conceito de “consumo consciente” em prática

Imagem editada e redimensionada de Sylvie Tittel no Unsplash

Pode não parecer, mas o tempo inteiro estamos fazendo escolhas. Ao comer, beber, cuidar, vestir, assistir, se entreter, entre outras ocasiões, estamos colocando o consumo em prática e, portanto, fazendo escolhas. Dessa forma, somos todos consumidores. Mesmo que você viva em uma sociedade alternativa, plantando tudo o que consome sem nenhum produto manufaturado, estará fazendo escolhas de consumo. Imagine, então, se estiver vivendo na cidade.

Há quem diga que não existe “consumo consciente“, que toda forma de consumo é nociva para o meio ambiente e que a única saída está nas mãos das empresas e governos. Certamente, se fossemos comparar o impacto de uma decisão de um consumidor individualmente com a decisão de uma empresa ou de um governo, seria bastante desigual. Mas, o peso das escolhas de vários indivíduos reunidos compõe uma massa homogênea que se chama “sociedade”. Quando a sociedade civil se organiza, sua influência pode significar algo mais que uma escolha individual. Uma decisão política ou empresarial pode ser enfraquecida se a “massa de indivíduos” estiver consciente, organizada e contrária à ela.

Quem acha que praticar o modo consciente na hora de consumir é uma ideia ruim pode fazer o exercício oposto: se imaginar vivendo um dia inteiro no modo “consumo inconsciente“. Já pensou se não nos esforçássemos para tomar as melhores escolhas e consumíssemos absolutamente qualquer coisa que aparecesse em anúncios e propagandas e atingisse-nos inconscientemente? Você acha que estaria fazendo bem para a sua saúde e o meio ambiente vivendo assim?

Imagem editada e redimensionada de Delia Giandeini no Unsplash

Cada escolha tem um peso que é, de forma simbólica, político. Além disso, essa escolha serve de exemplo para outras pessoas.

Não há como precisar o impacto real das escolhas individuais, mas é preciso acreditar que cada decisão é importante. Esse ideia faz mais sentido se retomarmos o conceito da “tragédia dos comuns“, em que fica claro que indivíduos agindo de forma independente e racionalmente de acordo com seus próprios interesses comportam-se em contrariedade aos melhores interesses de uma comunidade esgotando o recurso comum. No momento em que estamos vivendo, a nossa tragédia tem até um nome: ecocídio. Portanto, tomar decisões socioambientais conscientes é um dos requisitos para evitarmos o nosso próprio colapso. O consumo é apenas a ponta do iceberg, mas é um começo necessário. Ligue o modo consciente e repare em absolutamente tudo o que você consome, por que você faz isso e qual o impacto em si próprio, na sociedade e no meio ambiente. Tome cuidado para não ser consumista nem cair no conto do greenwashing.

Idec lança guia prático para fugir do Greenwashing

Lembre-se de refletir: tudo o que você consome é realmente necessário? Toda vez que for comprar algo, repense se vale a pena e o que você financia quanto adquire determinado produto ou serviço. Ele usou trabalho análogo a escravidão? Desvalorizou os trabalhadores da cadeia de produção? Incluiu crueldade animal? Desmatou? Algum item do produto gera resíduos industriais que poluem o ambiente de modo significativo? A empresa que lucra com a venda do produto se preocupa em oferecer logística reversa? A empresa da qual você consome pratica obsolescência programada? Quanto menos consumo, menor a pegada ambiental. O consumo consciente é uma premissa para uma atitude sustentável. Além disso, é importante estender essa ideia para o coletivo, de modo que a cultura ecológica se institucionalize e seja uma prática acessível a todos e não um nicho de mercado de poucos indivíduos.

7. Valorize as empresas B

Uma empresa B é aquela que possui certificação B. Essa categoria de empreendimentos visa como modelo de negócios o desenvolvimento social e ambiental. O sistema B é um movimento que pretende disseminar o desenvolvimento sustentável. Toda empresa do sistema B possui como objetivo solucionar problemas socioambientais. Dessa forma, por que não incentivar empreendimentos com sistema B? O Portal eCycle é um deles. Para saber mais sobre esse tema, dê uma olhada na matéria: “Empresa B: um sistema de negócio sustentável“. Para saber como apoiar o Portal eCycle, dê uma olhada na página do catarse.

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Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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