Dados da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos comprovaram que a água de até 26 milhões de americanos está contaminada com químicos
Um novo relatório divulgado nesta quinta-feira (17) pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos comprovou que quase metade da água consumida por americanos está contaminada com PFAS. Os dados oferecidos pelo Environmental Working Group (EWG) são apenas a primeira parte de um projeto que visa a testagem da maioria dos sistemas de água dos EUA, que atende a mais de 3 mil pessoas, para 29 diferentes PFAS.
A rodada inicial de testes confirmou a presença de PFAS em 431 sistemas de água de pequenas e grandes cidades ao redor do país, incluindo Pensilvânia, Fresno e a Califórnia. Ao considerar os 29 tipos de PFAS, foi possível concluir que a água potável de aproximadamente 26 milhões de americanos está contaminada.
De acordo com o relatório, essas informações coincidem com um estudo de 2020 do EWG que estimou que mais de 200 milhões de americanos poderiam ter PFAS em sua água potável.
Os PFAS são compostos químicos organohalogenados classificados como poluentes orgânicos persistentes. Isso significa que eles são altamente tóxicos, permanecem no meio ambiente e no organismo de animais e seres humanos por muito tempo e bioacumulam e biomagnificam.
A preocupação de especialistas sobre a existência de PFAS não é nova. No entanto, a curiosidade sobre os efeitos desses compostos no meio ambiente e na saúde humana foi responsável por uma recente ressurgência de estudos sobre o assunto.
Algumas pesquisas já associaram os PFAS a cânceres, imunodeficiências, danos reprodutivos e efeitos de desenvolvimento em crianças.
E, embora a sua presença já tenha sido identificada ao redor do mundo inteiro, o programa de testes da EPA ofereceu dados específicos sobre as comunidades mais afetadas.
Em março deste ano, a EPA propôs novas regulamentações para limitar a quantidade de PFOA, PFOS e vários outros produtos químicos na água potável. No entanto, especialistas acreditam que até que os regulamentos sejam finalizados e a água potável contaminada seja tratada, os americanos continuam em risco.
“Durante décadas, milhões de americanos consumiram inadvertidamente água contaminada com PFAS. Os novos dados de teste mostram que escapar do PFAS é quase impossível.” disse Scott Faber, vice-presidente sênior de assuntos governamentais da EWG.
O projeto está apenas 7% completo, o que indica uma margem maior de contaminação para o restante da população americana. Novos testes para PFAS devem ocorrer entre 2023 e 2025, com informações publicadas a cada três meses.