Testes em animais hipertensos mostraram ação da quercetina em enzima ligada à hipertrofia vascular
A quercetina é um flavonoide que dá cor a frutas e vegetais e que conta com a ação antioxidante e anti-inflamatória. Segundo um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), ela é capaz de reduzir os males provocados nas artérias de hipertensos.
Benefícios da quercetina para hipertensos
Os resultados, publicados na revista Aterosclerose, são experimentais, e ainda não foram feitos testes em humanos. No entanto, como a quercetina é uma antioxidante natural, presente em qualquer dieta saudável, os pesquisadores apostam em seus benefícios. Sendo assim, ela pode ajudar a diminuir os riscos de estresse oxidativo — danos celulares e cerebrais causados por radicais livres do organismo.
Segundo eles, ele pode ser capaz de auxiliar no tratamento e na prevenção dos vários efeitos maléficos causados pelo aumento da pressão arterial.
Responsável pela pesquisa, a professora Michele Mazzaron de Castro, do Departamento de Farmacologia da FMRP, investiga o remodelamento e as disfunções cardiovasculares provocados pela hipertensão arterial e, em particular, as ações dos flavonoides no controle dessas disfunções.
Neste estudo os pesquisadores avaliaram o efeito do tratamento com quercetina (de três semanas) sobre as paredes das artérias aortas de animais de laboratório hipertensos.
Entre os fatores analisados estava uma metaloproteinase da matriz, a MMP-2, uma enzima responsável pela renovação celular de vários tecidos, como o dos vasos sanguíneos.
Em pessoas com pressão alta, a atividade dessa enzima está entre as causas da hipertrofia vascular (estreitamento da parede arterial). Além de causar o que os pesquisadores chamam de “remodelamento arterial mal adaptativo”. Com as más condições dos vasos sanguíneos, o coração é obrigado a realizar esforço maior para o sangue circular pelo corpo.
Quercetina diminui atividade estresse oxidativo
Segundo Michele, com a administração da quercetina, foi possível perceber uma diminuição da atividade da MMP-2 e seu efeito no remodelamento da aorta dos ratos hipertensos.
Além disso, houve uma redução do estresse oxidativo, causado por desequilíbrio de enzimas que atuam no sistema de defesa do organismo. Essas enzimas são responsáveis, por exemplo, por conter células de microrganismos e bactérias.
Os bons efeitos no reparo dos danos arteriais não significam a reversão total da hipertensão. A equipe de Michele observou redução da pressão arterial, como já demonstrado em outros estudos. Mas os maiores benefícios foram quanto ao remodelamento arterial e à diminuição do estresse oxidativo.
A professora acredita que os efeitos da quercetina podem depender de mais tempo. “Talvez aumentando o período do tratamento, seu efeito na redução da pressão arterial seja mais evidenciado”, diz.
Vale incluir na dieta
Quanto à escolha da quercetina entre tantos flavonoides, Michelle destaca que a substância está presente em várias frutas e leguminosas. Ela também já havia se mostrado eficaz na redução da pressão arterial em alguns modelos experimentais.
Pelos benefícios encontrados agora, mesmo sem quantidades terapêuticas de consumo definidas, é recomendado incluir na dieta alimentos ricos em quercetina. O hábito “pode ser benéfico na redução dos danos arteriais causados pelo aumento da pressão arterial”, informa a professora.
Enquanto isso, os estudos com a quercetina continuam no laboratório da professora Michele. Seu grupo de pesquisa já começou os trabalhos sobre os efeitos do flavonoide no remodelamento cardíaco em hipertensão arterial crônica.
“O objetivo é verificar se o uso da quercetina pode ser benéfico para reduzir os malefícios que a hipertensão arterial causa na estrutura e função cardíaca. Além disso, estamos verificando também se o uso da quercetina em ratas hipertensas durante a gestação e aleitamento pode reduzir a incidência do desenvolvimento da hipertensão e remodelamento arterial mal adaptativo na prole”, adianta.
Dieta equilibrada, pobre em sal, é base do tratamento
A hipertensão arterial também está relacionada com as maiores causas de mortes em todo o mundo. Só o Brasil registrou em 2017 mais de 302 mil mortes por estas doenças associadas à conhecida “pressão alta”.
A doença não tem cura, apenas tratamento. Por isso, a importância da prevenção. Embora a pressão alta seja herdada dos pais em 90% dos casos, segundo Ministério da Saúde, existem fatores de risco para seu aparecimento. Entre eles, destacam-se a obesidade, o alto consumo de sal, níveis elevados de colesterol, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas, fumo e estresse.
Portanto, uma dieta equilibrada e uma vida saudável com exercícios físicos podem ajudar a evitar este mal. Ou até mesmo evitar sua progressão para outras doenças.
E a pressão baixa?
A pressão baixa, também chamada de hipotensão arterial, ocorre quando a pressão atinge 9 por 6 ou valores inferiores.
Na maioria dos adultos saudáveis, a pressão baixa não apresenta sintomas ou problemas. Quem se exercita com frequência pode ter a pressão mais baixa do que o que é considerado normal. Os sintomas de pressão baixa são sentidos quando não há sangue suficiente fluindo em direção ao cérebro e a outros órgãos vitais. Saiba mais no vídeo abaixo: