Quilombo é uma palavra de origem bantu (kilombo) que, no Brasil, se refere à forma de organização social das sociedades e territórios formados por descendentes de pessoas escravizadas no período colonial que conseguiram fugir dos escravocratas.
Quilombos são territórios formados por assentamentos de escravizados que conseguiram fugir dos escravagistas. Essas áreas conservam riqueza cultural e biológica.
A formação de grupos de escravizados fugitivos se deu em toda parte todas as regiões onde houve escravidão no período da colonização. Mas, no Brasil, especificamente, estes locais foram chamados de quilombos, conseguindo abrigar até milhares de pessoas.
Os quilombos estão presentes ainda hoje em todos os estados brasileiros, com exceção do Acre, Roraima e Distrito Federal, e preservam seus costumes tradicionais.
Os estados com o maior número de quilombos são, em ordem decrescente, Bahia, Maranhão, Minas Gerais e Pará.
Os quilombos são formados principalmente por pessoas negras escravizadas (e seus descendentes) trazidas do continente africano de grupos como lunda, ovimbundu, mbundu, kongo, imbangala, cujos territórios se dividem entre Angola e Zaire.
Mas os quilombos também são formados por indígenas que já habitavam o Brasil e descendentes de europeus.
Os habitantes dos quilombos são chamados de quilombolas.
Quilombo dos Palmares foi o maior quilombo da América Latina. Localizado no Brasil, ele é símbolo de resistência dos descendentes de pessoas escravizadas.
O maior quilombo brasileiro (e da América Latina) foi o Quilombo dos Palmares. Localizado no atual estado de Alagoas, ele chegou a abrigar 20 mil habitantes.
Importância da cultura, alimentação e religião quilombola
Os quilombolas preservam uma rica cultura com influências africanas, indígenas e europeias.
Nos quilombos há uma diversidade de atividades, alimentação, esporte, dança e prática religiosa.
No que diz respeito ao uso da terra, as comunidades praticam roça, criação de animais, produção agroecológica, conservação, extrativismo, pesca e turismo.
Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com universidades do Reino Unido, Dinamarca, Estados Unidos, Suíça, Austrália e Polônia, concluiu que os costumes quilombolas são importantes para a conservação e recuperação da Amazônia brasileira.
De acordo com os cientistas, a devastação nos quilombos chega a ser 17 vezes menor do que nas regiões do entorno.
Protetores de chapadas, vales, cachoeiras, nascentes e rios do Cerrado, os Kalungas sofrem com grilagem e seca. A cultura e paisagens naturais que anualmente atraem turistas deram ao quilombo dos Kalungas o título de Território e Área Conservada por Comunidades Indígenas e Locais (Ticca), registrado pelo Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU).
Mas os diversos territórios quilombolas também são utilizados para a instalação de espaços sagrados, cemitérios, quadras de esportes e escolas.
Entre as danças, destacam-se o lundum, a valsa e a mazurca, embaladas ao som de violino.
Outra tradição é a da desfeiteira, momento em que casais dançam e um dos dois recita um verso quando a música para.
O esporte também está presente na cultura dos quilombos, onde são realizados torneios de futebol feminino e masculino todos os anos. Outras formas de entretenimento incluem dominó, roda de conversa, cantoria e contação de piadas.
Caracterizados por abrigarem o sincretismo religioso, os quilombos são diversos em práticas espirituais.
O catolicismo, o candomblé e o evangelismo são suas três religiões predominantes.
Com relação à alimentação nos quilombos normalmente há variação dependendo de cada estado. Nos estados mais ao nordeste do país, predominam os costumes de consumo de acarajé, cuscuz, tapioca e garapa.
Já nos estados mais ao sul, como no Rio Grande do Sul, os principais alimentos consumidos são arroz, feijão, carne e massas, bolachas e café com açúcar, com baixo consumo de frutas.
Com as políticas de industrialização dos alimentos é provável que os costumes tradicionais se percam, dando lugar a alimentos ultraprocessados.
Mesmo após o fim da colonização, os quilombolas ainda precisam resistir para sobreviver.
Esses povos enfrentam invasões por disputas de terra, contaminação por agrotóxicos, queimadas não controladas e atividade garimpeira, violências que podem ser consideradas formas de racismo ambiental. Além disso, eles sofrem com a precarização dos serviços públicos. Para se ter uma ideia, durante a pandemia de covid-19, os quilombolas morreram quatro vezes mais que a população geral brasileira por falta de assistência.
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