Por WWF-Brasil – Esses peixes fascinantes são essenciais por muitos motivos, desde auxiliar no controle de emissões de CO2, equilibram a vida nos oceanos e são até mesmo inspiração para inovações e design!
Os tubarões sempre fascinaram a humanidade, e a pele de tubarão em particular tem sido uma fonte de inspiração para engenheiros e inventores. A pele do tubarão é coberta por pequenas escamas chamadas dentículos, que reduzem a turbulência permitindo que os tubarões acelerem seu caminho através dos oceanos.
O tubarão-mako ou tubarão-anequim (Isurus oxyrinchus) é uma das espécies marinhas mais velozes do mundo, atingindo velocidades de aproximadamente 74 quilômetros por hora. Esse feito só é possível graças aos dentículos em suas nadadeiras e nas laterais de seu corpo. Uma aplicação bem conhecida da imitação de pele de tubarão é a produção de maiôs de alta tecnologia para nadadores profissionais, ajudando-os a nadar mais rápido do que nunca.
No entanto, existe uma inovação ainda mais fascinante baseada na estrutura da pele de tubarão. Uma tinta especial está sendo desenvolvida e pode ajudar os aviões a voar com mais eficiência. Este revestimento de alta tecnologia ajuda a reduzir o arrasto aerodinâmico e, portanto, reduz o consumo de combustível, tornando o voo mais sustentável.
Uma companhia aérea alemã anunciou que, a partir de 2022, sua frota de cargueiros será coberta com esta tinta especial para apoiar as tentativas da empresa de se tornar neutra em carbono até 2050.
O oceano é dividido em três camadas de profundidade e alguns dos tubarões e raias oceânicos conseguem ajudar a misturar e integrar essas camadas, juntamente com outras grandes criaturas marinhas. O tubarão-frade ou tubarão-elefante (Cetorhinus maximus) é um exemplo de grande espécie de tubarão oceânico que ajuda neste processo ao realizar a migração vertical ao longo do dia, movendo-se em um padrão de “ioiô” através da coluna de água.
Depois de se alimentar nas profundezas, os tubarões-frade nadam para a superfície, liberando nutrientes como nitrogênio e ferro por excreção. E o fitoplâncton é o principal beneficiado desse processo. Essas algas marinhas microscópicas existem nas camadas superiores do oceano e prosperarm graças a esse alimento. O fitoplâncton não é apenas a base de muitas cadeias alimentares marinhas, mas também produz grandes quantidades de oxigênio.
Junto com outras plantas marinhas, o fitoplâncton produz pelo menos 50% de todo o oxigênio da atmosfera. Os tubarões e raias oceânicas atuam como importantes misturadores e ajudam a manter esse ciclo natural. Assim, os tubarões também são fundamentais para o ar que respiramos.
Há anos, sabe-se que tubarões-baleia (Rhincodon typus) e cardumes de atum viajam juntos. Quando os cientistas examinaram mais de perto essa relação fascinante, eles descobriram que eles são muito mais que apenas companheiros de viagem. As espécies trabalham juntas quando se trata de encontrar alimentos.
O atum viaja com os tubarões-baleia na esperança de que sejam levados a maiores fontes de alimento. Por outro lado, os tubarões-baleia se beneficiam do atum, que ajuda a comprimir os cardumes, tornando mais fácil para os gigantes tubarões sugarem grandes quantidades de comida em curto espaço de tempo e menos esforço. Dessa forma, encontrar comida e alimentação torna-se mais fácil para ambas as espécies quando atuando em conjunto, um verdadeiro trabalho de equipe.
A presença de populações saudáveis de tubarões e raias oceânicas é uma oportunidade para desenvolver o turismo marinho e fornecer às comunidades locais alternativas de renda mais sustentáveis.
A região de Raja Ampat, na Indonésia, é um exemplo onde a indústria do ecoturismo se desenvolveu graças aos turistas locais e estrangeiros que vêm para ver e mergulhar com raias-manta e outras espécies de tubarões e raias. Antes da pandemia, o turismo com raias gerava cerca de US$ 140 milhões por ano para sete países diferentes.
Outra espécie oceânica que está se tornando cada vez mais importante para o turismo de mergulho é o tubarão azul. Um estudo realizado em 2014 nos Açores, em Portugal, onde mergulhar com estes animais é possível, constatou que os turistas estão dispostos a pagar mais e a contribuir para a conservação dos tubarões azuis para que o mergulho com estes animais continue. No Brasil, o mergulho para a contemplação da fauna marinha ocorre em diversos locais como, por exemplo, em Fernando de Noronha, na região da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, entre Pernambuco e Alagoas, no arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião (SP) e entre outras localidades.
Todas as coisas vivas são essencialmente formas de vida baseadas em carbono e armazenam carbono em seus corpos. Em tubarões e raias oceânicas, o carbono constitui de 10% a 15% dos tecidos do corpo. Quando esses animais morrem naturalmente, eles afundam no oceano, levando todo o carbono com eles. Dessa forma, o carbono fica preso nas profundezas por milhares ou até milhões de anos. Infelizmente, quando são pescados, removidos dos oceanos e comidos, todo o carbono – em parte na forma de CO2 (dióxido de carbono) – é liberado na atmosfera.
Isso, por sua vez, contribui para níveis mais altos de dióxido de carbono atmosférico, agravando as mudanças climáticas. Pesquisadores que recentemente descreveram este fenômeno natural da “bomba de carbono azul” sugerem que a recuperação de populações de grandes peixes marinhos – incluindo tubarões e raias oceânicas – fornece uma solução potencial baseada na natureza para as mudanças climáticas.
Com mais tubarões e raias e outros peixes grandes nadando em nossos oceanos, mais carbono seria sequestrado, ajudando a amortecer os impactos das mudanças climáticas. Assim, os tubarões e as raias são depósitos naturais de carbono azul.
Infelizmente, embora essas criaturas importantes contribuam tanto para a saúde dos ecossistemas, do nosso planeta e das pessoas, elas correm grande perigo. As populações globais de tubarões e raias oceânicas diminuíram 71% desde 1970 devido à sobrepesca. Isso, por sua vez, provavelmente afetou a capacidade dessas criaturas de cumprir suas funções ecológicas, como sequestro de carbono ou mistura de nutrientes. Como resultado do declínio drástico, parte as espécies de tubarões e raias oceânicas estão agora criticamente ameaçadas ou ameaçadas de extinção – apenas um ou dois passos da extinção.
Entre as ações que podemos fazer de nossas casas uma delas é bem simples, não comer cação. Cação é o nome dado a carne de tubarão para torná-la mais atrativa comercialmente.
A rede WWF apela e trabalha para que todas as nações pesqueiras utilizem um conjunto de medidas baseadas na ciência para prevenir extinções e recuperar as espécies mais ameaçadas antes que seja tarde demais. Há uma estreita janela de oportunidade que devemos aproveitar agora se quisermos resolver a crise oceânica global dos tubarões e raias oceânicos.
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