No dia a dia, alguns conceitos ajudam a entender a diferença entre raios e outros fenômenos meteorológicos. Raios são descargas elétricas de grande intensidade que ocorrem na atmosfera, conectando o solo e as nuvens de tempestade. Já os relâmpagos são descargas elétricas produzidas por nuvens de tempestades, que se conectam ou não ao solo. Trovão, por sua vez, é o som gerado pelo rápido aquecimento e expansão do ar na região da atmosfera onde a corrente elétrica do raio circula.
Campeão mundial em incidência de descargas elétricas, o Brasil registrou uma média anual de 77,8 milhões de raios entre os anos de 2000 e 2006. Esse levantamento foi feito por meio da rede BrasilDAT Dataset, que integra diversas tecnologias de detecção de raios em superfície e permite identificá-los com maior precisão.
De acordo com informações do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a explicação para essas estatísticas é geográfica. O Brasil é o maior país da zona tropical da Terra, área central onde o clima é mais quente e mais favorável à formação de tempestades e ocorrência de raios.
Segundo o Inpe, o fenômeno provoca prejuízos anuais de US $200 milhões ao Brasil. Os raios afetam as linhas de transmissão de energia, de telefonia, as indústrias; causam incêndios florestais e matam pessoas e animais.
A intensidade típica de um raio é de 30 mil amperes, ou seja, o equivalente a cerca de mil vezes a potência de um chuveiro elétrico. O raio se forma dentro das nuvens de tempestade – as Cumulonimbus –, a partir das cargas elétricas geradas pelo choque de partículas de gelo. Quando essas cargas atingem certa quantidade, surge uma faísca que dá início a um raio. À medida que essa faísca se aproxima do solo, ocorre uma descarga do solo para a nuvem, principalmente em objetos pontiagudos e em pontos com maior condutividade elétrica, tais como artefatos metálicos. Quando ambas se unem, ocorre o raio.
Estudos comprovam uma visível elevação da incidência de raios em áreas urbanas, quando comparadas a regiões vizinhas. Essas ocorrências estão diretamente associadas à expansão da urbanização e ao consequente aumento de temperatura nas grandes cidades, com a formação de ilhas de calor.
Quando a temperatura do ar sobe, a quantidade de vapor de água presente na atmosfera também aumenta, fazendo com que mais nuvens de tempestade se originem. Segundo especialistas do Inpe, para cada um grau de aumento na temperatura há elevação de 15% no potencial de geração de tempestades severas.
A chance de uma pessoa ser atingida por um raio é considerada muito pequena: menor do que um para um milhão, em média. Mas se a pessoa estiver em uma área descampada, sob forte tempestade, essa chance pode aumentar em até um para mil. A corrente do raio pode causar queimaduras e outros danos ao corpo humano. Ainda assim, a maioria das mortes de pessoas atingidas por raio é causada por parada cardíaca e respiratória.
O ranking dos dez estados brasileiros com maior densidade de raios por quilômetro quadrado/ ano é liderado por Tocantins, com 17,1 raios. Essa posição se explica em razão da proximidade com a Linha do Equador, associada à dinâmica da formação de nuvens naquele estado. Em seguida estão: Amazonas (15,8), Acre (15,8), Maranhão (13,3), Pará (12,4), Rondônia (11,4), Mato Grosso (11,1), Roraima (7,9), Piauí (7,7) e São Paulo (5,2).
Para se proteger de raios e evitar prejuízos, o Inpe indica:
Cientistas descobriram que raios e descargas invisíveis que não podem ser vistas por câmeras ou a olho nu produzem grandes quantidades de radicais hidroxila e hidroperoxila. De acordo com os pesquisadores, eles são importantes porque iniciam reações químicas na atmosfera e quebram moléculas de gases do efeito estufa, como o metano. No entanto, mais estudos precisam ser realizados para avaliar a eficiência desse fenômeno no combate às mudanças climáticas.
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